Facilitação educativa em Tuberculose baseada na abordagem centrada na pessoa para adolescentes afetados pela doença
Educational facilitation on Tuberculosis based on a person centered approach for adolescents affected by the disease
Publication year: 2022
Theses and dissertations in Portugués presented to the Instituto Oswaldo Cruz. Pós-Graduação em Ensino em Biociências e Saúde to obtain the academic title of Mestre. Leader: Carvalho, Anna Cristina Calçada
A tuberculose (TB) continua sendo uma das principais causas de mortalidade no mundo e os adolescentes são um grupo frequentemente negligenciado nas agendas de pesquisa e estratégias de controle da TB. Os adolescentes têm peculiaridades relativas à TB, como alta incidência da doença e de abandono do tratamento, porém não contam com uma abordagem distinta para sua idade e singularidade. Em vista disso, elaboramos um estudo qualitativo de facilitação educativa à distância, baseada no cuidado centrado na pessoa, com adolescentes de 10 a 19 anos tratados para TB ativa em dois ambulatórios de tisiologia do estado do Rio de Janeiro, visando mensurar e compreender os conhecimentos, atitudes e práticas (CAP) sobre TB, assim como a autoestima dos pacientes e o estigma associado à doença. Para tanto, organizamos encontros remotos individuais, com a aplicação de três questionários/escalas (CAP, autoestima de Rosenberg, Tuberculosis-related stigma), seguidos de uma entrevista semiestruturada e, posteriormente, foi organizado um encontro coletivo com os adolescentes. As entrevistas foram transcritas para a análise do conteúdo. Como forma de avaliação da atividade realizada, os adolescentes responderam a uma escala de empatia. Foram incluídos 15 adolescentes, sendo 60% mulheres, 80% apresentavam TB pulmonar e 53% TB-RR ou MDR. Os participantes demonstraram ter um bom conhecimento acerca da doença, porém com alguns equívocos relacionados à transmissão da TB. Foi evidenciada a forte presença de estigma, representada no medo de conversar sobre a doença e no sentimento de tristeza com a reação das pessoas e com consequente isolamento do adolescente. Observamos no geral moderada a elevada autoestima nos adolescentes, no entanto 60% deles referiram se sentirem inúteis. Identificamos que o estigma e o sofrimento psíquico foram causados principalmente pelo medo da transmissão da doença. O encontro coletivo foi destacado como oportunidade de conhecer pessoas que passaram por situações parecidas e terem recebido as respostas para as suas dúvidas. Concluímos ser necessária uma abordagem centrada no cuidado à pessoa para o adolescente com TB, incluindo atividades educativas sobre a doença, melhor treinamento dos profissionais de saúde e a criação de programas de aconselhamento por pares. Tal abordagem poderia contribuir para a redução do estigma e do sofrimento relacionados à TB, reduzindo assim o impacto negativo da TB na vida desses jovens e promovendo a adesão ao tratamento e a cura da doença.(AU)