Violência doméstica e aspectos cognitivos do agressor: análise quantitativa
Intimate partner violence and cognitive aspects of the perpetrator: quantitative analysis

Publication year: 2016
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto to obtain the academic title of Doutor. Leader: Scherer, Zeyne Alves Pires

A violência contra mulher, cometida por parceiro íntimo, constitui grave problema de saúde pública, entretanto, a maioria das produções acadêmicas contam somente com a participação de vítimas mulheres, ignorando importantes informações que deveriam ser obtidas a partir de agressores. Em âmbito internacional tem-se investigado a relação entre violência por parceiro íntimo e aspectos cognitivos de agressores. Nesse sentido, o presente estudo incluiu a participação dos dois parceiros com o objetivo de investigar quais seriam as táticas de resolução de conflitos empregadas por ambos; quais as diferenças entre as táticas utilizadas por homens e mulheres; e quais as diferenças entre as táticas utilizadas por casais em que se observa violência quando comparados a casais que possuem uma relação harmoniosa. Para tanto, utilizou-se do instrumento Revised Conflict Tactics Scale (CTS2). Em relação aos aspectos cognitivos dos parceiros masculinos, investigou-se, por meio do instrumento Wechsler Adult Intelligence Scale (WAIS-III), determinados fatores como, por exemplo, as funções verbal e executiva. Foram comparados os resultados do teste cognitivo de homens que cometeram violência contra suas parceiras com os resultados daqueles que não cometeram. Foram obtidas também informações referentes às características sociodemográficas dos casais. A amostra foi composta por 31 casais cuja esposa constava em registro policial como vítima de violência cometida pelo parceiro (grupo 1); e 31 casais que, de acordo com suas próprias percepções, afirmavam manter relação conjugal harmoniosa (grupo 2).

A análise dos dados se deu de duas formas:

Na primeira efetuou-se comparações entre os grupos 1 e 2, referentes às variáveis coletadas. Esta análise se deu de forma meramente descritiva e permitiu observar que, mesmo entre casais que julgam viver uma relação pacífica, são detectados comportamentos violentos. Já a segunda forma de análise desconsiderou a divisão por grupos, e utilizou para efeitos de comparação, o fato de o indivíduo ter ou não adotado condutas violentas, apuradas pelo instrumento CTS2. Esta etapa da análise dos dados empregou métodos estatísticos com a finalidade de verificar associações e correlações entre violência e determinadas variáveis. Em relação às variáveis contínuas, como por exemplo os escores obtidos no teste cognitivo, buscou-se apurar diferenças entre médias daqueles que cometeram ou não atos agressivos contra suas parceiras. Além disso por meio da análise de regressão logística, objetivou-se explorar fatores de risco e proteção à violência contra mulher por parceiro íntimo. Entre os resultados, o principal achado sugere que aspectos cognitivos, especialmente aqueles ligados às habilidades verbais e de controle dos impulsos, possivelmente exerceriam alguma influência para um desfecho violento ou não entre parceiros íntimos. Por fim, ao considerar a possível influência de aspectos cognitivos do agressor para que ocorra ou não a violência contra a mulher, o estudo conclui principalmente, que a redução dos índices de agressões contra mulheres, cometidas por seus parceiros, só poderiam reduzir de forma consistente, por meio de ações de longo prazo, especialmente aquelas dirigidas à educação inicial, uma vez que, esta constitui o caminho adequado para mudanças culturais e também para o desenvolvimento de habilidades sociais e cognitivas satisfatórias do sujeito
Violence against women, committed by an intimate partner, is a serious public health problem, however, most academic productions rely solely on the participation of women victims, ignoring important information that should be obtained from aggressors. On a international scope it has been researched the relation between intimate partner violence and cognitive aspects of aggressors. In that sense, this study included the participation of both partners in order to investigate what are the tactics of conflict resolution employed by both; what are the differences between the tactics used by couples where there is violence when compared to couples who have a harmonious relationship. Therefore, we used the Revised Conflict Tactics Scale (CTS2). About the cognitive aspects of male partners, was investigated by Wechsler Adult Intelligence Scale, (WAIS-III), certain factors such as, verbal and executive functions. We compared the results of cognitive testing of men who have committed violence against their partners with the results of those who did not commit. It were also obtained information about the sociodemographic characteristics of couples. The sample consisted of 31 couples whose wife contained in police reports as a victim of violence committed by her partner (group 1); and 31 couples who, according to their own perceptions, said to maintain harmonious marital relationship (group 2).

The analysis of data was done in two ways:

At first it performed comparisons between groups 1 and 2, referring to the collected variables. This analysis was merely descriptive and it allowed us to observe that even among couples who judge to be in a peaceful relationship, violent behaviors are detected. The second form of analysis disregarded the division by groups, and used for comparison purposes, the fact that the individual has or has not adopted violent behaviors, determined by CTS2. This step of data analysis used statistical methods in order to verify associations and correlations between violence and certain variables. About the continuous variables, such as the scores on cognitive testing, we sought to determine differences between average scores of those who committed or not aggressive acts against their partners. Moreover by logistic regression analysis aimed to explore risk and protection factors against violence to women by intimate partner. Among the results, the main finding suggests that cognitive aspects, especially those related to verbal skills and impulse control, possibly exert some influence to violent or not outcome among intimate partner. Finally, when considering the possible influence of cognitive aspects of the perpetrator to occur or not violence against women, the study concludes primarily that reducing levels of aggression against women committed by their partners, could only reduce consistently through long-term actions, especially those aimed at early education, since this is the appropriate way to culturaly change and to develop satisfactory social and cognitive skills of the individual

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