Análise das condições bucais e microbiológicas salivar de pacientes infantis em programação para o transplante hepático e avaliação da qualidade de vida da saúde geral de seus doadores
Analysis of the oral conditions and salivary microbiology of pediatric patients in programming for liver transplantation and evaluation of the quality of life of their donors' general health

Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Odontologia to obtain the academic title of Doutor. Leader: Bonecker, Marcelo Jose Strazzeri

O transplante hepático (Tx) pediátrico é o tratamento definitivo e indicado para doenças hepáticas terminais. Nele, estão envolvidos dois cenários: o da criança receptora e do doador, que abrangem questões como a saúde geral e bucal, imunossupressão e qualidade de vida. A imunossupressão pode acarretar infecções oportunistas como os poliomavírus BK e JC que causam complicações clínicas no pós-transplante. Assim, esta pesquisa trata-se de um estudo longitudinal que se propôs avaliar três vertentes: i) as condições odontológicas das crianças no processo do transplante hepático; ii) avaliar a excreção oral e viremia dos poliomavírus BK e JC nas crianças antes e após o Tx; iii) avaliar o impacto da qualidade de vida (QV) dos doadores. Para analisar as vertentes relacionadas ao receptor, foram incluídas 84 crianças em programação para o transplante hepático no Hospital Municipal Infantil Menino Jesus em São Paulo, mas apenas 51 fizeram parte da amostra final. Foram utilizadas as categorias avaliativas do Bedside Oral Exam BOE para avaliar as condições bucais pré- e pós-transplante imediato. Juntamente com o exame clínico bucal, foram realizadas seis coletas, uma pré-transplante e cinco semanalmente no pós-transplante, de saliva e sangue para avaliar a presença dos poliomavírus. Em contrapartida, para avaliar a QV dos doadores, participaram desse estudo 25 adultos. Para essa avaliação foi utilizado o questionário SF-36 versão 2, que é autoaplicável e aborda oito domínios sobre a saúde física e emocional, sendo aplicado no pré-Tx (um dia anterior a cirurgia) e no pós-Tx (um mês após a cirurgia).

As análises estatísticas utilizadas para cada objetivo foram:

i) análise descritiva das condições bucais nos dois momentos e comparadas através do teste de Wilcoxon; ii) análise da variável dicotômica e o teste de McNemar para identificar a presença do BK e JC; iii) teste de Shapiro-Wilk, seguido pela comparação dos dados paramétricos pelo teste t pareado e dados não paramétricos pelo teste de Wilcoxon considerando significância estatística de p<0,05 para a avaliação da QV do doador. As análises foram realizadas através do software JAMOVI. Assim, os resultados encontrados para cada objetivo foram: i) no pré-transplante a característica mais frequente foi à alteração de cor nas mucosas (78.6% n=84) e no pós-transplante alteração nos lábios (27.4% n=51), na função deglutição (13.8% n=51) e na cor dos dentes (27.4% n=51); apesar disso as crianças apresentavam BOE escore 8, 9 ou 10 tanto no pré-transplante (92.8% n=84) como no pós-transplante (90.4% n=51); ii) em relação à excreção oral e viremia dos poliomavírus, apenas observamos a presença do BK na saliva em uma amostra (2%) na segunda e uma amostra (2%) na quinta semana pós-Tx; e no plasma em uma amostra (2%) na terceira e em uma amostra (2%) na quinta semana pós-Tx. O JC não foi detectado em nenhuma das amostras analisadas; iii) em relação à QV do doador, foi possível verificar uma diferença estatisticamente significativa nos domínios relacionados à capacidade funcional (média no pré-Tx= 85.4 e média no pós-Tx= 47.6; p<0.001), limitação por aspectos físicos (média no pré-Tx= 82.5 e média no pós-Tx= 52.5; p<0.001), dor (média no pré-Tx= 83.9 e média no pós-Tx= 60.5; p=0.002) e limitação por aspectos emocionais (média no pré-Tx= 82.5 e média no pós-Tx= 52.5; p<0.001). Conclui-se que as crianças possuíam uma boa condição bucal no pré e pós-transplante apesar de terem sido encontradas alterações na mucosa no pré-transplante e alterações em lábios e dentes no pós-transplante. A presença do poliomavírus BK é um evento raro em pacientes pediátricos no processo de transplante hepático. No que diz respeito ao impacto da QV nos doadores, houve uma piora no pós-transplante considerando os aspectos físicos e emocionais.

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