Publication year: 2023
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Alvarenga, Marle dos Santos
Introdução:
O comer restritivo é relacionado à importantes questões de saúde pública, como obesidade e transtornos alimentares devido às relações com peso corporal; mas há divergência quanto a sua definição e variáveis relacionadas e são sugeridas particularidades para mulheres e homens em relação aos aspectos da imagem corporal, comportamento alimentar e susceptibilidade destes componentes à influência de redes sociais. Objetivo:
Avaliar o comer restritivo e seus componentes [descontrole alimentar (DA), restrição cognitiva (RC) e comer emocional (CE)] em modelos teóricos que incluam insatisfação corporal, autoestima, índice de massa corporal e a influência da observação de perfis no Instagram® do tipo "fitness" entre mulheres e homens. Métodos:
A partir de desenho experimental online (observação dos perfis de Instagram®), a pesquisa foi dividida em 3 etapas: 1) desenho intra sujeitos que utilizou análises de variância (ANOVAs) com medidas repetidas e covariáveis para comparar mulheres (vs. homens), que observaram perfis fitness no Instagram® (vs. perfis controle), antes (vs. após a intervenção) - distribuídos randomicamente entre os grupos respeitando sexo. A etapa avaliou o interesse por comidas indulgentes (versus não indulgentes) antes e após a intervenção experimental; 2) modelos de regressão linear múltipla para identificar a influência dos grupos experimentais (mulheres que observaram perfis fitness x perfis controle x homens que observaram perfis fitness x perfis controle), da insatisfação corporal, do comportamento de comer transtornado (CCT), da baixa autoestima, idade, renda, índice de massa corporal (IMC) e nível subjetivo de fome sobre os componentes do comer restritivo; 3) proposta de modelo teórico para o comer restritivo e componentes explicados pela insatisfação corporal e moderadores ou mediadores da relação: comportamento de comer transtornado, autoestima, IMC, nível subjetivo de fome e tipo de perfis de Instagram® observado (fitness x controle) por modelagem por equações estruturais (MEE). Resultados:
A etapa 1 demonstrou que apenas os homens (H), apresentaram maior interesse por imagens de comidas doces e indulgentes após a observação de perfis fitness no Instagram® (p=0,04, d=0,45) e que tanto mulheres (M) como H apresentaram maior interesse por imagens de comidas doces e não indulgentes após observarem perfis fitness no Instagram® (M: p=0,001, d=0,68; H: p=0,001, d=0,67). A etapa 2 demonstrou que independentemente do perfil de Instagram® observado, mulheres apresentaram maior pontuação para DA, RC e CE. E para todos, a insatisfação corporal foi a variável mais explicativa [DE: β = 0,25, p≤0,001; RC: β= 0,26, p≤0,001; e CE: β= 0,29, p≤0,001]. A etapa 3 revelou que entre a amostra de homens, o poder da teoria foi maior considerando a relação entre a insatisfação com a musculatura (e não para insatisfação geral com o corpo). O modelo para toda a amostra [CMIN =2,13, CFI=0,96, TLI = 0,94, RMSEA (90% IC) =0,06 (0,032-0,090)], apontou que entre as mulheres houve relações significativamente mais fortes entre insatisfação corporal total e comer restritivo (λ=0,54, p<0,001), IMC (λ= 0,28, p<0,001) e CCT (λ= 0,31, p<0,001) e relação significativa entre CCT e comer restritivo (λ=0,21, p<0,01). Porém houve relação significativamente mais forte para os homens entre IMC e comer restritivo (λ= 0,41, p<0,001). Houve moderação das outras variáveis do modelo na relação entre insatisfação corporal total e comer restrito. No entanto, para mulheres a presença das variáveis diminuiu a intensidade desta relação, ao passo que para homens a presença destas variáveis intensificou a relação. O comer emocional para mulheres e homens foi o constituinte mais relevante do comer restritivo nesta análise (M: λ=0,90, p<0,001; H: λ=0,87, p<0,001). Não houve influência dos tipos de perfis de Instagram® nesta etapa. Conclusão:
O comedor restritivo foi melhor representado pelas mulheres, e cada sexo apresentou particularidades. Entre as mulheres a insatisfação corporal exerceu influência mais forte sobre o comer restritivo, principalmente afetando o comer emocional. Entre os homens a relação entre o aumento do IMC e maiores pontuações para comer restritivo foi a mais evidente, residindo na insatisfação corporal ligada à musculatura o principal elemento que explicou do comer restritivo entre eles. A autoestima não se revelou um moderador de destaque das relações estudadas e apesar da observação dos perfis fitness ter aumentado o interesse de M e H por imagens de comidas não indulgentes, mas não foi capaz de influenciar atributos duradouros dos indivíduos, como os avaliados nas variáveis pertencentes aos modelos teóricos propostos.
Introduction:
Restrained eating is related to important public health issues, such as obesity and eating disorders related to body weight; but there is disagreement regarding its definition and related variables and particularities are suggested for women and men in relation to aspects of body image, eating behaviour and the susceptibility of these components to the influence of social networks. Objective:
To evaluate restrained eating and its components [uncontrol eating (UE), cognitive restriction (CR) and emotional eating (EA)] in theoretical models that include body dissatisfaction, self-esteem, body mass index and the influence of observing profiles on Instagram® of the "fitness" type between women and men. Methods:
Using an online experimental design (observation of Instagram® profiles), the research was carried out in 3 stages: 1) within-subjects design that used analyzes of variance (ANOVAs) with repeated measures and covariates to compare women (vs. men), who observed fitness profiles on Instagram® (vs. control profiles), before (vs. after the intervention) - randomly distributed between groups according to sex. The stage assessed interest in indulgent (versus non-indulgent) foods before and after the experimental intervention; 2) multiple linear regression models to identify the influence of experimental groups (women who observed fitness profiles x control profiles x men who observed fitness profiles x control profiles), body dissatisfaction, disordered eating behaviour (DEB), low self-esteem , age, income, body mass index (BMI) and subjective level of hunger on the components of restrictive eating; 3) proposed theoretical model for restrained eating and components explained by body dissatisfaction and moderators or mediators of the relationship: disordered eating behavior, self-esteem, BMI, subjective level of hunger and type of Instagram® profiles observed (fitness x control) by structural equation modeling (SEM). Results:
Stage 1 demonstrated that only men (H) showed greater interest in images of sweet and indulgent foods after observing fitness profiles on Instagram® (p=0.04, d=0.45) and that both women (M) and H showed greater interest in images of sweet and non-indulgent foods after observing fitness profiles on Instagram® (M: p=0.001, d=0.68; H: p=0.001, d=0.67). Step 2 demonstrated that regardless of the Instagram® profile observed, women had higher scores for UE, RC and EA. And for everyone, body dissatisfaction was the most explanatory variable [DE: β= 0.25, p≤0.001; RC: β= 0.26, p≤0.001; and CE: β= 0.29, p≤0.001]. Step 3 revealed that among the sample of men, the power of the theory was greater considering the relationship between dissatisfaction with musculature (and not general dissatisfaction with the body). The model for the entire sample [CMIN =2.13, CFI=0.96, TLI = 0.94, RMSEA (90% CI) =0.06 (0.032-0.090)], showed that among women there were significantly stronger between total body dis-satisfaction and restrained eating (λ=0.54, p<0.001), BMI (λ= 0.28, p<0.001) and DEB (λ= 0.31, p<0.001) and a significant relationship between DEB and restrictive eating (λ=0.21, p<0.01). However, there was a significantly stronger relationship for men between BMI and restrictive eating (λ= 0.41, p<0.001). There was moderation of the other variables in the model in the relationship between total body dissatisfaction and restrained eating, however, for women the presence of the variables decreased the intensity of this relationship while for men the presence of these variables intensified the relationship. Emotional eating for women and men was the most relevant constituent of restrictive eating in this analysis (M: λ=0.90, p<0.001; H: λ=0.87, p<0.001). There was no influence of the types of Instagram® profiles at this stage. Conclusion:
The restrictive eater was best represented by women, and each sex had particularities. Among women, body dissatisfaction had a stronger influence on restrictive eating, mainly affecting emotional eating. Among men, the relationship between increased BMI and higher scores for restrictive eating was the most evident, with body dissatisfaction linked to musculature being the main element that explained restrictive eating among them. Self-esteem did not prove to be a prominent moderator of the relationships studied and although the observation of fitness profiles increased M and H's interest in images of non-indulgent foods, it was not able to influence lasting attributes of the individuals, such as those assessed in the variables belonging to the proposed theoretical models.