Alimentação responsiva na primeira infância como fator de autorregulação do apetite e prevenção de obesidade infantil: uma revisão sistemática

Barbosa, Elenice Peltz Lunkes

A obesidade infantil é um problema de saúde pública global que afeta cerca de 41 milhões de crianças menores de cinco anos e pode ser causada por diversos fatores. O objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da abordagem de alimentação responsiva na primeira infância na autorregulação do apetite e prevenção de obesidade infantil. Foi realizada revisão sistemática da literatura e a síntese e extração de dados foram conduzidas de acordo com as diretrizes PRISMA. Para a pesquisa bibliográfica utilizou-se quatro bases de dados: PubMed, Scopus, Web of Science e EMBASE, sem restrição de idiomas, entre os anos 2012 e 2022.

A seleção dos artigos foi realizada por pares e em duas etapas:

leitura dos resumos (207) e leitura dos artigos completos (60), tendo sido selecionados 14 artigos.

Os critérios de inclusão foram:

estudos publicados em periódicos, entre 2012 e 2022, sem restrição por idioma, estudos observacionais e intervencionais que avaliaram a associação entre autorregulação da ingestão alimentar, responsividade dos cuidadores a alimentação das crianças e status de peso em crianças de zero a cinco anos. Foram excluídos os artigos com população de crianças com comorbidade, estudos de bebês com condições que afetam a alimentação e o crescimento, bebês muito prematuros, baixo peso ao nascer (BPN) <2.500 kg. A maioria dos estudos utilizou questionários de alimentação para avaliar comportamentos alimentares infantis e adultos, práticas alimentares parentais e escalas de apetite e saciedade. As medidas antropométricas foram avaliadas através de procedimentos padrão, autorreferidos ou prontuários. Os estudos demonstraram que os estilos parentais que apresentam maior controle e pressão para a criança comer interferem na autorregulação do seu apetite ou controle da saciedade e consequente ganho de peso. Concluiu-se que os comportamentos alimentares dos pais têm impacto na autorregulação alimentar, controle da saciedade e peso da criança. No entanto, pesquisas mais aprofundadas sobre abordagens alimentares dos pais são necessárias para elucidar o comportamento das crianças e sua influência na prevenção da obesidade infantil.

Childhood obesity is a global public health problem that affects approximately 41 million children under five years of age and can be caused by several factors. The aim of this study was to evaluate the effect of the early childhood responsive feeding approach on appetite self-regulation and prevention of childhood obesity. A systematic literature review was performed and data synthesis and extraction were conducted according to PRISMA guidelines. For the bibliographic research, four databases were used: PubMed, Scopus, Web of Science and EMBASE, with no language restriction, between the years 2012 and 2022.

The selection of articles was carried out by pairs and in two stages:

reading of abstracts (207) and reading the complete articles (60), with 14 articles selected.

Inclusion criteria were:

studies published in journals, between 2012 and 2022, without restriction by language, observational and interventional studies that evaluated the association between self-regulation of food intake, caregivers' responsiveness to children's feeding and weight status in children aged zero to five years. Articles with a population of children with comorbidity, studies of babies with conditions that affect feeding and growth, very premature babies, low birth weight (LBW) <2,500 kg were excluded. Most studies used feeding questionnaires to assess child and adult eating behaviors, parental eating practices, and appetite and satiety scales. Anthropometric measurements were assessed using standard procedures, self-reported or medical records. Studies have shown that parenting styles that have greater control and pressure for the child to eat interfere with the self-regulation of their appetite or control of satiety and consequent weight gain. It was concluded that parents' eating behaviors have an impact on food self regulation, satiety control and child weight.