Memórias, trajetórias e experiência no campo do cuidado às pessoas vivendo com HIV/AIDS: uma autoetnografia
Memories, trajectories and experience in the field of care for people living with HIV/AIDS: an autoethnography
Publication year: 2022
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher to obtain the academic title of Mestre. Leader: Moreira, Martha Cristina Nunes
Essa dissertação comparece entrelaçando produção de conhecimento no campo da atenção e pesquisa dirigida às crianças, adolescentes, jovens e gestantes vivendo com Hiv/aids, e minhas memórias e experiência no campo do cuidado. Para tanto assume a perspectiva metodológica autoetnográfica sustentada pela discussão da Antropologia das Emoções. Isso porque compreendemos que a mobilização das memórias, experiência e trajetória da autora não passa impune pela sensibilização necessária de si própria. E esse processo de sensibilizar invade o texto, que utiliza como dispositivo para mobilizar os leitores, sensibilizando-os, a produção autoral de crônicas, contos e poesias. Partindo desse dispositivo, pretendemos também embaçar possíveis personagens reais, e alcançar figuras que reúnem traços comuns a muitos e muitas que fazem parte das práticas de pesquisa e atenção no campo do Hiv/aids. Alertamos que a dimensão autoetnográfica se revela processo de narrativização da convivência com aqueles e aquelas que durante 20 anos foram atendidos e participantes de pesquisas mediadas pela autora. Organizamos o acervo de crônicas / contos /poesias abrindo cada um dos três núcleos que organizam a produção de conhecimento nessa trajetória: 1) Estigma e Suas Reatualizações; (2) Quando o Segredo Cola com a Doença: Segredo – Sigilo – Revelação; (3) O Caleidoscópio do Cuidado e a Entrada do Psicólogo no Hospital Geral. Concluímos que para quem ainda está na linha de cuidados de pessoas que vivem com Hiv/aids, essa dissertação é um convite afetivo de refletir sobre esses conceitos encarnados. E ter a oportunidade de pensar criticamente a construção de práticas que cuidam e que incluem, mas também, e principalmente, pensar para transformar as práticas que reproduzem, atualizam e perpetuam práticas violentas de des-cuidado, de opressão e exclusão, e como isso opera como um Sistema naturalizado que se repete como uma estrutura de medicalização da vida e redução da mesma a elementos de controle racional.
This dissertation has come forward intertwining the building up of knowledge from clinical trials with children, adolescents, youngsters, and pregnant women living with Hiv/aids and memories, experiences I have lived as caregiver. It embodies the methodological autoethnographic perspective upheld by the debate of Anthropology of Emotions because we understand that mustering the author’s remembrances, assignments and trajectory does not waive the necessary awareness of oneself. And this process pervades the text that utilizes the authorial production of chronicles, short-stories, and poetry to reach out and touch the readers. With ingenuity, we envisage to shadow possible actual characters and engage archetypes with common features to many who are part of HIV/aids researches and attention. We remark that the autoethnographic dimension translates into a narrative about living with those who for 20 years are cared, and study participants mediated by the author. Chronicles, short-stories, poetries were gathered to reflect each one of the three hubs which deploy the production of knowledge in this trajectory: 1) Stigma and its novel updates; 2) When the secret sticks to the disease: Secret – Secrecy – Disclosure. 3) Kaleidoscope of care and the psychologist arrival at the general hospital. The conclusion we have reached for those who are still caring for persons who live with HIV/aids is that this dissertation is a gentle invitation to reflect about these concepts actually experienced. And embrace the opportunity to review critically the elaboration of caring and inclusive practices but mainly to think in transforming those which replicate, refresh, and perpetuate violent and uncaring conducts of oppression and exclusion and how a naturalized system functions, repeating itself as a medicalization and demeaning life structure to mere rational control.