Síndromes hipertensivas da gestação e a prematuridade: dados do estudo “Nascer no Brasil"
Hypertensive syndromes of pregnancy and prematurity: data from the "Birth in Brazil" study

Publication year: 2022
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher to obtain the academic title of Doutor. Leader: Marano, Daniele

As síndromes hipertensivas da gestação são as complicações mais frequentes das gestação. Os objetivos dessa tese foram avaliar a associação entre as síndromes hipertensivas da gestação e a prematuridade com base em estudos que compuseram uma revisão integrativa, e verificar o efeito causal dessa exposição sobre a prematuridade precoce e tardia com base em dados de âmbito nacional. Por isso, essa tese foi estruturada sob a forma de dois artigos. O primeiro artigo investigou as divergências metodológicas entre os estudos que avaliaram a associação entre as síndromes hipertensivas da gestação e a prematuridade através de uma revisão integrativa da literatura realizada entre setembro de 2020 e janeiro de 2021. A busca dos artigos foi realizada nas bases de dados PubMed, Biblioteca Virtual em Saúde, Embase, Web of Science e Scopus com base na combinação dos descritores “Pregnancy Induced Hypertension”, “High Risk”, Pregnancy”, “Prematurity, “Prematury Birth”, “Premature Neonate”, “Neonate Prematurity”. Foram encontrados 582 artigos, sendo nove selecionados. As principais disparidades metodológicas observadas foram relativas à classificação das síndromes hipertensivas da gestação, da prematuridade e controle de confundidores. Mesmo diante disso, verificou-se associação entre as diferentes categorias das síndromes hipertensivas da gestação e a prematuridade. O segundo artigo utilizou dados do estudo de âmbito nacional e de base hospitalar, intitulado Inquérito Nacional sobre Parto e Nascimento: “Nascer no Brasil”, conduzido entre fevereiro de 2011 a outubro de 2012, com entrevista a 23.894 mulheres. Para esse artigo, a amostra foi composta por 20.494 puérperas, sendo que 2.369 mulheres apresentaram síndrome hipertensivas da gestação que compreendeu a síntese das respostas positivas para qualquer uma das questões relativas ao aumento da pressão arterial, presença de pré-eclâmpsia, Síndrome HELLP contidas nos questionários preenchidos com dados do prontuário hospitalar e do cartão de pré-natal. O desfecho foi categorizado em prematuridade precoce (<34 semanas de gestação) e tardia (34-36 semanas de gestação). Para a realização das análises, foi elaborado um gráfico acíclico direcionado para identificar as covariáveis de ajuste necessárias para estimar o efeito causal das síndromes hipertensivas da gestação sobre a prematuridade. As variáveis que constituíram o conjunto mínimo de ajuste foram a idade materna, escolaridade materna, situação conjugal, paridade, índice de massa corporal pré-gestacional, ganho de peso gestacional, doença autoimune, doença renal crônica, diabetes mellitus pré-gestacional, diabetes mellitus gestacional, anemia materna, infecção do trato urinário e adequação do pré-natal. Em seguida, aplicou-se o método de ponderação pelo VIII escore de propensão para lidar com o desbalanceamento entre os grupos expostos e não expostos. Dentre os prematuros (2139), 2,6% foram precoces e 7,8%, tardios. Após a ponderação pelo escore de propensão, as mulheres com síndromes hipertensivas da gestação apresentaram 2,74 vezes a chance de terem prematuros precoces (ORaj: 2,74; IC95%: 2,12- 3,54) e 2,40, de terem prematuros tardios (Oradj: 2,40; IC95%: 1,86-3,08). Verificou-se, em publicações prévias, associação entre as síndromes hipertensivas da gestação e a prematuridade. E com base no uso do método de escore de propensão, foi possível avaliar o efeito causal dessa exposição sobre a prematuridade precoce e tardia. Com base nesses resultados, é importante ressaltar a importância da adequação do pré-natal para diagnosticar precocemente e tratar as mulheres com síndromes hipertensivas visando a redução das complicações decorrentes desta condição clínica, sobretudo à prematuridade.
The hypertensive syndromes of pregnancy are the most frequent complications of pregnancy. The objectives of this thesis were to evaluate the association between hypertensive syndromes of pregnancy and prematurity based on studies that were part of an integrative review and to verify the causal effect of this exposure on early and late prematurity based on national data. Therefore, this thesis was structured in the form of two articles. The first article investigated the methodological differences between the studies that evaluated the association between the hypertensive syndromes of pregnancy and prematurity through an integrative literature review carried out between September 2020 and January 2021. The search for articles was carried out in the databases PubMed, Virtual Health Library, Embase, Web of Science and Scopus based on the combination of the descriptors “Pregnancy Induced Hypertension”, “High Risk”, Pregnancy”, “Prematurity, “Premature Birth”, “Premature Neonate”, “Neonate Prematurity”. A total of 582 articles were found, nine of which were selected. The main methodological differences observed were related to the classification of hypertensive syndromes of pregnancy, prematurity and confounding control. Even in the face of this, there was an association between the different categories of hypertensive syndromes of pregnancy and prematurity. The second article used data from a nationwide, hospital-based study entitled National Survey on Childbirth and Birth: “Born in Brazil”, conducted between February 2011 and October 2012, with interviews with 23.894 women. For this article, the sample consisted of 20.494 puerperal women, of which 2.369 women had hypertensive pregnancy syndrome, which comprised the synthesis of positive responses to any of the questions related to increased blood pressure, presence of preeclampsia, HELLP syndrome contained in the questionnaires filled in with data from the hospital chart and prenatal card. The outcome was categorized into early (<34 weeks of gestation) and late (34-36 weeks of gestation) prematurity. To perform the analyses, an acyclic graph was designed to identify the adjustment covariates necessary to estimate the causal effect of the hypertensive syndromes of pregnancy on prematurity. The variables that constituted the minimum adjustment set were maternal age, maternal education, marital status, parity, pre-gestational body mass index, gestational weight gain, autoimmune disease, chronic kidney disease, pre-gestational diabetes mellitus, diabetes mellitus pregnancy, maternal anemia, urinary tract infection and adequacy of prenatal care. Then, the propensity score weighting method was applied to deal with the imbalance between exposed and unexposed groups. Among preterm infants (2.139), 2,6% were early and 7,8% were late. After weighting by the propensity score, women with hypertensive syndromes of X pregnancy were 2,74 times more likely to have early preterm infants (ORaj: 2,74; 95%CI: 2,12-3,54) and 2,40 of having late preterm infants (ORaj: 2,40; 95%CI: 1,86-3,08). In previous publications, an association was found between the hypertensive syndromes of pregnancy and prematurity. And based on the use of the propensity score method, it was possible to assess the causal effect of this exposure on early and late prematurity. Based on these results, it is important to emphasize the importance of adequate prenatal care for early diagnosis and treatment of women with hypertensive syndromes, aiming at reducing complications resulting from this clinical condition, especially prematurity.

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