Sexo, estadiamento puberal, hábitos alimentares e de vida e desfechos clínico-nutricionais na saúde adolescente
Sex, pubertal stage, eating and lifestyle habits and clinical-nutritional outcomes in adolescent health

Publication year: 2022
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher to obtain the academic title of Doutor. Leader: Fonseca, Vania de Matos

Objetivo:

Avaliar a associação entre sexo, variáveis sociodemográficas, maturacionais, alimentares e de estilo de vida e desfechos clínico-nutricionais.

Métodos:

Estudo transversal com 232 adolescentes entre 12 e 19 anos do projeto Camelia, realizado em Niterói, Rio de Janeiro, em 2006 e 2007, pela Universidade Federal Fluminense. Os participantes foram submetidos a questionário, consulta médica, mensuração da pressão arterial, coleta de sangue e urina, avaliação antropométrica, maturacional e nutricional. Modelos de regressão linear e logística foram utilizados para avaliar a associação entre o sexo, variáveis sociodemográficas, hábitos alimentares e estilo de vida com os desfechos: Índice de Massa Corporal (IMC), % de Gordura Corporal (%GC), lipoproteína de baixa densidade (LDL); glicemia, colesterol e pressão arterial, segundo o estadiamento puberal.

Resultados:

Hábitos saudáveis como o consumo semanal de feijão igual ou superior a cinco vezes impactaram positivamente no IMC, %GC, LDL, e no colesterol e glicose (até 2 vezes ao dia) (ambos no estadiamento puberal inicial); e o consumo de frutas (duas a três vezes por dia), e vegetais (três ou mais vezes por dia) no colesterol (no estadiamento puberal avançado). Hábitos deletérios como o consumo de açúcar ou refrigerantes ou sucos industrializados maior ou igual a 3 colheres de sobremesa ou 2 vezes ao dia ou 5 vezes na semana foram associados a piora do LDL, da glicemia (no estadiamento puberal inicial), do colesterol (em ambos estadiamentos) e da pressão arterial (no estadiamento puberal avançado), assim como despender 2 ou mais horas por dia em atividades sedentárias da glicemia (no estadiamento puberal inicial). A escolaridade materna fundamental associou se a glicemias superiores (no estadiamento puberal inicial) e a renda per capita intermediária à redução do LDL e do colesterol (no estadiamento puberal avançado). A omissão do almoço e do desjejum ocasionaram aumentos no IMC e %GC, e no LDL, respectivamente. E almoçar fora de casa (no estadiamento puberal inicial) e o consumo de frituras maior ou igual a 5 vezes por semana (no estadiamento puberal avançado) a níveis pressóricos mais altos. O sexo se associou à glicemia, colesterol e pressão arterial, somente no estadiamento puberal avançado, sendo desfavorável para o sexo masculino, nos desfechos glicemia (exceto filhos de mães com escolaridade igual ou superior ao 1º ano do ensino médio e, principalmente, nos mais sedentários e nos consumidores de suco industrializado em frequências iguais ou superiores a cinco vezes na semana) e pressão arterial; e para o sexo feminino no colesterol (exceto nas que consumiam frutas duas a três vezes por dia).

Conclusão:

O consumo de feijão despontou como hábito alimentar relevante para a saúde dos adolescentes, podendo este ser considerado uma “proxy” de alimentação saudável, ao passo que hábitos característicos de dietas e estilo de vida não saudáveis impactaram negativamente, mostraram-se sexualmente assimétricos e se intensificaram com o tempo, indicando que a prevenção deve ocorrer ainda nas idades iniciais da adolescência e deve considerar as diferenças inerentes ao sexo.
Investigating the association of individuals’ sex, sociodemographic, maturational, dietary and lifestyle variables with clinical and nutritional outcomes.

Methods:

Cross-sectional study conducted with 232 adolescents in the age group 12-19 years, who participated in the Camelia project that was carried out by Fluminense Federal University, in Niterói County, Rio de Janeiro State, in 2006 and 2007. Participants were subjected to questionnaire application, medical consultation, blood pressure measurement, blood and urine sample collection, as well as to anthropometric, maturational and nutritional assessment. Linear and logistic regression models were used to assess the association of individuals’ sex, sociodemographic variables, eating habits and lifestyle with the following outcomes: Body Mass Index (BMI), Body Fat % (BF%), low-density lipoprotein (LDL), blood glucose, cholesterol and blood pressure, based on pubertal stage.

Results:

Healthy habits, such as intake of beans equal to, or higher than, five times a week, had positive impact on BMI, BF%, LDL, as well as on cholesterol and glucose levels (up to 2 times a day) (both at initial pubertal stage); whereas fruits (two to three times a day) and vegetables’ (three, or more, times a day) intake had positive impact on cholesterol levels (at advanced pubertal stage). Deleterious habits such as the intake of sugar, soft drinks or industrialized juices, at amounts higher than, or equal to, 3 dessert spoons or 2 times a day or 5 times a week were associated with worsened LDL, blood glucose (at initial pubertal stage), cholesterol (at both pubertal stages) and blood pressure (at advanced pubertal stage), as well as spending 2, or more, hours a day in sedentary activities was associated with worsened blood glucose (at initial pubertal stage). Primary maternal schooling was associated with higher blood glucose levels (at initial pubertal stage) and intermediate income per capita was associated with reduced LDL and cholesterol levels (at advanced pubertal stage). Skipping lunch and breakfast led to increased BMI and BF%, as well as to increased LDL, respectively. Having lunch out (at initial pubertal stage) and fried food intake higher than, or equal to, 5 times a week (at advanced pubertal stage) were associated with increased blood pressure. Sex was only associated with blood glucose, cholesterol and blood pressure at advanced pubertal stage; male participants recorded unfavorable blood glucose (except for children from mothers with schooling equal to, or higher than, the 1st year of high school; and mainly in the most sedentary individuals and in those who consumed industrialized juice at frequency equal to, or higher than, five times a week) and blood pressure outcomes; whereas female participants recorded unfavorable cholesterol outcome (except for those who consumed fruit two to three times a day).

Conclusion:

The intake of beans has emerged as relevant food habit for adolescents’ health; thus, it can be considered a “proxy” of healthy eating, whereas habits typical of unhealthy diets and lifestyles had negative impact on participants’ health. These habits were sexually asymmetrical and got worse overtime, which indicated the need of taking preventive measures in early adolescence to avoid the development of such habits by taking into account differences inherent to sex.

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