Publication year: 2023
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio Grande do Norte to obtain the academic title of Doutor. Leader: Lyra, Clelia de Oliveira
Introdução:
O ambiente alimentar é o contexto físico, econômico, político e sociocultural em
que cada consumidor se envolve com o sistema alimentar para adquirir, preparar e consumir
alimentos. Esse ambiente envolve a disponibilidade, acessibilidade, conveniência, promoção,
qualidade e sustentabilidade dos alimentos. O comprometimento desse acesso e disponibilidade
aos alimentos saudáveis, em quantidades suficientes, caracteriza a insegurança alimentar.
Objetivo:
Analisar o ambiente alimentar e sua relação com a ocorrência de insegurança
alimentar no domicílio e condições socioeconômicas. Método:
Trata-se de um estudo de
diferentes métodos. 1) Revisão sistemática sobre a relação entre ambientes alimentares e a
insegurança alimentar, a partir de uma busca sistemática na literatura nas bases de dados
PubMed, Web of Science, Science Direct, EMBASE e LILACS em janeiro de 2023. 2) Estudo
ecológico com setores censitários da cidade de Natal-RN, a partir da identificação dos
estabelecimentos de aquisição de alimentos, agrupados nas categorias de in natura ou
minimamente processados, ultraprocessados ou mistos. Os desertos alimentares foram
calculados pela densidade de estabelecimentos saudáveis dividido por 10 mil habitantes e
classificados menor ou igual ao percentil 25. Os pântanos alimentares foram determinados a
partir da densidade de estabelecimentos de aquisição de ultraprocessados por 10 mil habitantes
e classificados com percentil maior que 25. Utilizamos dados socioeconômicos do Censo 2010.
Regressão múltipla de Poisson foi utilizada para observar a relação da existência de desertos e
pântanos alimentares com infraestrutura social. 3) Trata-se de um estudo transversal, de base
populacional com dados individuais demográficos, socioeconômicos e de insegurança
alimentar do Estudo Brazuca Natal e relação com os setores censitários classificados em
desertos alimentares, pântanos alimentares, condições de socioeconômicas do setor e do
domicílio. Resultados:
Na revisão sistemática 22 artigos foram incluídos, 18 deles encontraram
associação entre ambientes alimentares e a (in)segurança alimentar, sendo a maioria em países
desenvolvidos, do Norte global. No estudo ecológico, foi identificado que 51,45% dos
estabelecimentos de aquisição de alimentos da cidade eram do tipo ultraprocessados. Houve
maior densidade de estabelecimentos de alimentos nas regiões com melhor condição
socioeconômica. Os setores censitários classificados como deserto alimentar, foram associados
com condições do domicílio e pior infraestrutura do setor. Enquanto os setores identificados
como pântano alimentar, com uma melhor infraestrutura do setor. No estudo transversal, a
insegurança alimentar foi encontrada em 42,3% dos entrevistados, associada a variáveis
demográficas e socioeconômicas individuais e do setor. Os desertos e pântanos alimentares não apresentaram um padrão de distribuição espacial e não foram associados à insegurança
alimentar. Conclusão:
Existem iniquidades na distribuição dos diferentes estabelecimentos de
aquisição de alimentos da cidade de Natal/RN, com predominância de pântanos alimentares.
Dessa forma, são necessárias ações de melhoria de infraestrutura dos setores, descentralização
no abastecimento de alimentos saudáveis e limitar a venda de alimentos ultraprocessados, com
vistas a garantir escolhas alimentares saudáveis. É importante que novos estudos avaliem as
diferentes dimensões do ambiente alimentar, para permitir uma melhor identificação dos fatores
associados à insegurança alimentar em diferentes contextos socioeconômicos (AU).
Introduction:
The food environment is the physical, economic, political and sociocultural
context in which each consumer engages with the food system to acquire, prepare and consume
food. This environment involves the availability, accessibility, convenience, promotion, quality
and sustainability of food. Compromising access to and availability of healthy foods in
sufficient quantities characterizes food insecurity. Objective:
To analyze the food environment
and its relationship with the occurrence of food insecurity at home and socioeconomic
conditions. Method:
It is a study of different methods. 1) Systematic review on the relationship
between food environments and food insecurity, based on a systematic literature search in the
PubMed, Web of Science, Science Direct, EMBASE and LILACS databases in January 2023.
2) Ecological study with census tracts of the city of Natal-RN, based on the identification of
food acquisition establishments, grouped in the categories of in-natura or minimally processed,
ultra-processed or mixed. Food deserts were calculated by the density of healthy establishments
divided by 10,000 inhabitants and classified as less than or equal to the 25th percentile. We
used socioeconomic data from the 2010 Census. Multiple Poisson regression was used to
observe the relationship between the existence of food deserts and swamps and social
infrastructure. 3) This is a cross-sectional, population-based study with individual demographic,
socioeconomic and food insecurity data from the Brazuca Natal Study and the relationship with
the census tracts classified into food deserts, food swamps, socioeconomic conditions in the
sector and at home. Results:
In the systematic review, 22 articles were included, 18 of which
found an association between food environments and food (in)security, the majority being in
developed countries, in the global North. In the ecological study, it was identified that 51.45%
of the food acquisition establishments in the city were of the ultra-processed type. There was a
higher density of food establishments in regions with better socioeconomic conditions. The
census sectors classified as food deserts were associated with household conditions and worse
infrastructure in the sector. While the sectors identified as a food swamp, with better
infrastructure in the sector. In the cross-sectional study, food insecurity was found in 42.3% of
respondents, associated with individual and sector demographic and socioeconomic variables.
Deserts and food swamps did not show a spatial distribution pattern and were not associated
with food insecurity. Conclusion:
There are inequalities in the distribution of different food
acquisition establishments in the city of Natal/RN, with a predominance of food swamps. Thus,
actions are needed to improve the sectors' infrastructure, decentralize the supply of healthy
foods and limit the sale of ultra-processed foods, with a view to ensuring healthy food choices. It is important that new studies assess the different dimensions of the food environment, to
allow a better identification of factors associated with food insecurity in different
socioeconomic contexts (AU).