Avaliação do crescimento de crianças e adolescentes com osteogênese imperfeita em um centro de referência no Rio de Janeiro
Growth assessment of children and adolescents with osteogenesis imperfecta at a reference center in Rio de Janeiro

Publication year: 2021
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher to obtain the academic title of Mestre. Leader: Farias, Dayana

A osteogênese imperfeita (OI) é uma doença genética rara que afeta a produção de colágeno, uma proteína importante da matriz óssea e do tecido conjuntivo, classificada tradicionalmente em pelo menos quatro tipos. Os indivíduos com OI podem apresentar fraturas recorrentes, escoliose e deformidades ósseas, baixa estatura, além de manifestações extra-esqueléticas. O monitoramento do crescimento infantil é um bom indicador de saúde e alterações desse crescimento podem indicar presença de comorbidades. É comum a ocorrência de déficit de estatura em crianças com OI, porém é necessária referência específica para acompanhar de forma mais sensível alterações de crescimento para este grupo, de modo que, assim como já é feito para outras patologias, seria fundamental a utilização de gráficos de crescimento específicos, para acompanhar o ganho pondero-estatural desses indivíduos e facilitar a detecção de problemas adicionais. O objetivo desse trabalho foi avaliar o estado nutricional antropométrico de crianças e adolescentes com OI de acordo com o subtipo da doença. Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo e longitudinal utilizando dados coletados de prontuários. Os dados foram analisados nos softwares estatísticos STATA® e R, sendo utilizado o pacote estatístico GAMLSS para gerar gráficos de referência de crescimento para peso para-idade, estatura-para-idade e IMC-para-idade, conforme sexo, faixa etária e subtipo de OI, que foram comparados ao padrão da Organização Mundial da Saúde (OMS) para crianças saudáveis. A associação da variação de peso e estatura com outras variáveis de interesse foi avaliada por meio de regressão linear de efeitos mistos. Foram incluídos 237 indivíduos, sendo 134 do tipo I, 41 do tipo III, 57 do tipo IV e 5 do tipo V. No tipo I, observou-se que embora os parâmetros de peso e altura se aproximem do padrão da OMS, ocorre déficit, em ambos os sexos. No tipo III e IV esses parâmetros estão ainda mais comprometidos. O crescimento dos tipos III e IV foi significativamente menor em relação ao tipo I apenas em maiores de 2 anos para o peso e em todas as faixas etárias, para estatura. O sexo masculino apresenta significativamente maior estatura em relação ao feminino; quanto ao peso, embora a curva do sexo masculino seja superior ao feminino, a diferença não foi significativa. Em geral, observa-se maior comprometimento da altura que do peso, de modo que o IMC se mostra mais próximo ao padrão da OMS, às vezes até ultrapassando, em especial nos fenótipos mais graves, como o tipo III. Esse estudo difere-se dos demais por apresentar dados da população brasileira e curvas de crescimento para menores de 2 anos de idade. Entre as limitações, destaca-se o uso de dados retrospectivos e o tamanho reduzido da amostra, especialmente para os tipos III, IV e V. Alguns gráficos para os tipos III e IV não convergiram e para esses subtipos a validação interna não foi tão boa. Deve-se considerar que, dentro do contexto das doenças raras é difícil compilar medidas suficientes capazes de desenvolver gráficos de crescimento com um padrão alto de adequação. Tendo em vista a importância que o acompanhamento do VI crescimento representa clinicamente para a avaliação da saúde das crianças e que comparar o crescimento das crianças com OI à população em geral não representa bem a adequação desse crescimento, se considera esse trabalho um passo importante para facilitar a avaliação clínica desses pacientes com um parâmetro de comparação mais adequado.
Osteogenesis imperfecta (OI) is a rare genetic disease that affects the production of collagen, an important protein in the bone matrix and connective tissue, traditionally classified into at least four types. Individuals with OI can present recurrent fractures, scoliosis and bone deformities, and short stature, in addition to extra-skeletal manifestations. Monitoring child growth is a good indicator of health and changes in growth may indicate the presence of comorbidities. The occurrence of short stature in children with OI is common, but specific references are necessary to monitor growth changes for this group, as is already done for other pathologies. Specific charts to monitor the growth parameters of these individuals would facilitate the detection of additional health problems. The objective of this study was to evaluate the anthropometric nutritional status of children and adolescents with OI according to the subtype of the disease. This is a descriptive, retrospective and longitudinal study using data collected from medical records. Data were analyzed using STATA® and R statistical software, using the GAMLSS statistical package to generate reference growth charts for weight-for-age, height-for-age and BMI-for-age, according to sex, age group and subtype of OI, which were compared to the World Health Organization (WHO) standard for healthy children. The association of weight and height variation with other variables of interest was evaluated using linear mixed effects regression. 237 individuals were included, 134 of type I, 41 of type III, 57 of type IV and 5 of type V. In type I, it was observed that although the parameters of weight and height are close to the WHO standard, there is a deficit, in both sexes. In type III and IV, weight and height are even more compromised. The growth of types III and IV was significantly lower compared to type I only in those older than 2 years for weight and in all age groups, for height. Males are significantly taller than females; as for weight, although the curve for males is higher than for females, the difference was not significant. In general, there is greater impairment of height than weight, so that the BMI is closer to the WHO standard, sometimes even surpassing it, especially in more severe phenotypes, such as type III. This study differs from the others in that it presents data on the Brazilian population and growth charts for children under 2 years of age. Among the limitations, the use of retrospective data and the small sample size stand out, especially for types III, IV and V. Some graphs for types III and IV did not converge and for these subtypes, the internal validation was not so good. It should be considered that, within the context of rare diseases, it is difficult to compile sufficient measures capable of developing growth charts with a high standard of adequacy. Considering the clinical importance of growth monitoring for the assessment of children's health and that comparing the growth of children with OI to the general population does not represent well the adequacy of this growth, this work is considered an important step to facilitate the clinical evaluation of these patients with a more adequate comparison parameter.

More related