Objetivo:

Avaliar a associação do sexo do neonato e a composição nutricional do leite humano e os principais fatores maternos e perinatais associados a composição nutricional do leite humano de doadoras de Bancos de Leite Humano.

Métodos:

O presente estudo foi realizado em duas fases. Para avaliar a associação entre o sexo do neonato e a composição nutricional do leite humano foi realizada uma revisão sistemática da literatura expressa na forma de um relatório breve e para os fatores peri e neonatais foi realizado um estudo transversal, entre Novembro de 2018 e Janeiro de 2020, com 181 doadoras de um Posto de Coleta, de quatro Bancos de Leite Humano do município do Rio de Janeiro e um de Duque de Caxias. Para a coleta de dados foi aplicado um questionário padronizado que continha questões maternas e do recém-nascido. A variável dependente do estudo foi a composição nutricional do leite humano (proteína, lipídio, carboidrato e energia). As variáveis independentes do estudo foram a idade, o uso de álcool, o fumo, a presença de morbidades maternas (hipertensão arterial e diabetes mellitus), o estado nutricional pré-gestacional, o ganho de peso gestacional, o sexo do neonato, o tipo de parto e a idade gestacional no parto. Para análise da composição nutricional do leite maduro, as amostras classificadas com acidez igual ou inferior a 8º D pelo método de Dornic, tiveram a sua composição nutricional analisada pelo aparelho Miris™ Human Milk Analyzer que utiliza tecnologia baseada na transmissão de espectroscopia no infravermelho médio.

Resultados:

Sobre a influência do sexo do neonato na composição nutricional do leite humano, quatro dos cinco estudos selecionados observaram que o leite de mães de meninos possuíram maiores teores de lipídios e/ou de energia em relação ao das mães de meninas. Quando observada a composição nutricional em relação aos fatores maternos e perinatais, a obesidade pré-gestacional e o ganho de peso gestacional acima do recomendado foram associados à redução da quantidade proteica no leite humano das doadoras de Banco de Leite Humano.

Conclusão:

Foi possível observar que importantes fatores maternos e perinatais reduziram a quantidade de proteinas do leite humano. Recomenda-se que esse conhecimento seja incorporado no manejo clínico dos profissionais de saúde, sobretudo, os que exercem suas atividades nos Bancos de leite humano, a fim de auxiliar no manejo do leite para os recém-nascidos internados. Outrossim, é de extrema importância que a avaliação nutricional das mulheres seja uma atividade incorporada rotineiramente nas consultas periconcepcionais e no pré-natal.