Narrativas de violência e saúde mental: experiências e territórios
Narratives of violence and mental health: experiences and territories
Publication year: 2024
Esse livro é resultado de uma história anterior à organização dos
manuscritos dispostos nesta publicação em parceria com a Editora da Rede
Unida, com o apoio do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva da
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), do Mestrado Profissional em
Saúde Mental da UFSC e do Mestrado Profissional em Saúde Coletiva da
Universidade do Extremo Sul de Santa Catarina. Os organizadores deste livro
estão vinculados a um projeto-devir nomeado “Escola de Saúde Coletiva da
UFSC”, no campus Araranguá, que desde 2019 nutre e coloca movimento para
diferentes e múltiplas ações e produções.
Em cinco anos, um vasto conjunto de ações foi realizado, que envolve
cursos, palestras, apoio institucional, intervenções de diferentes tipos, vídeos e
lives, incluindo a satisfação e a alegria em produzirmos três livros, sendo dois pela
Editora Rede Unida (Diálogos de Quarentena1
e Violência e Saúde Mental:
Desafios contemporâneos2
) – e um livro (formato físico e digital) pela Editora
Fiocruz – Narrativas em Saúde Coletiva: memória, método e discurso3 – livro
que integra a coleção “Temas em Saúde”. Portanto, este novo livro é uma
produção que trama fios conceituais e experiências acumuladas ao longo de uma
trajetória viva e pulsante.
A proposta, aqui, é articular espaços e caminhos para narrativas sobre
violências e saúde mental que estão presentes nos cotidianos da vida em
sociedade, além de cartografar territórios e coletivos para induzir e alcançar
destinos desconhecidos e abertos para outras formas de contar histórias. A principal aposta da obra “Narrativas de violência e saúde mental: experiências e
territórios” é, a partir de diversas narrativas-manuscritos, reunir um conjunto de
saberes e práticas sobre o acesso universal aos direitos à saúde, à dignidade, às
políticas públicas, sobre os diferentes dispositivos de cuidado, na gestão de
serviços de saúde e assistência social, além dos processos de trabalho das equipes
envolvidas com as pessoas em sofrimento.
A violência e o sofrimento mental têm representado um fenômeno global
com necessidade de análise e intervenção urgente. Ainda que experienciada em
diferentes graus, o conjunto e formas de sobrevivência das pessoas em situação
de violência e agravos à saúde tem intersecções econômicas, políticas e culturais
que se manifestam na dimensão territorial, onde a vida pulsa e acontece, e é
marcada por características específicas que contribuem para os diferentes tipos
de violências e sofrimentos mentais. No Brasil, por exemplo, desde a Reforma
Psiquiátrica, destacam-se os esforços, práticas, estratégias e políticas para a
construção de um trabalho interdisciplinar, não-dogmático e condizente com o
cuidado e gestão humanizados no avanço da cidadania, na prevenção da violência
e na promoção da
saúde mental. Os relatos e estudos, além das próprias Conferências de
Saúde, retratam uma história e realidades da população brasileira na interface
entre violência e saúde mental.
A apresentação e aparição de novos atores político-culturais que esta obra
proporciona, articulados em uma rede colaborativa, livre e difusa, é
fundamental para a renovação das militâncias e na transformação ética narrada
em micropolíticas e resistências a um sistema capitalista indiferente às
necessidades coletivas de um corpo social e individual sobrevivente nas
periferias e comunidades pobres do país.
Este livro aposta, mais uma vez, no potencial das narrativas em retirar do
anonimato as situações corriqueiras que envolvem a vida de contingentes
populacionais vulnerabilizados por uma sociedade patriarcal, racista e
homofóbica, que violenta, assassina e faz adoecer. Aposta também na
cartografia, que tece, costura e apresenta estratégias de prevenção e promoção
de saúde que acontecem tanto nos serviços do SUS quanto em diferentes
organizações sociais e comunitárias, no sentido de minimizar mazelas sociais que
conformam o Brasil.