Toxoplasmose na gestação: estudo clínico, diagnóstico e epidemiológico em um centro de referência do Rio de Janeiro
Toxoplasmosis in pregnancy: clinical, diagnostic and epidemiological study in a reference center in Rio de Janeiro
Publication year: 2019
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Pós-Graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher to obtain the academic title of Mestre. Leader: Guida, Letícia da Cunha
A toxoplasmose é uma zoonose de distribuição mundial, altamente prevalente no Brasil. A infecção em gestantes incorre no risco de acometimento fetal. O rastreamento sorológico durante o pré-natal é importante visto que o curso da doença é em sua maioria subclínico. O tratamento compreende o uso de espiramicina, e em caso de confirmação de infecção fetal, sulfadiazina, pirimetamina e ácido folínico. A reação em cadeia da polimerase (PCR) no líquido amniótico apresenta excelente sensibilidade e especificidade e permite estabelecer o diagnóstico fetal. Fatores sociais já foram relacionados à infecção congênita pois influenciam diretamente na qualidade da assistência pré-natal. Ainda não há um consenso nacional para a condução da toxoplasmose na gestação. O objetivo deste estudo é descrever os dados clínicos, laboratoriais e epidemiológicos de gestantes e seus recém-nascidos acompanhados em um centro de referência no Rio de Janeiro com diagnóstico de toxoplasmose. Este é um estudo descritivo de uma coorte de gestantes com toxoplasmose acompanhadas no período de maio de 2014 a dezembro de 2017. A amostra foi composta por 334 participantes. Foi realizada entrevista presencial, por telefone e revisão de prontuários, com coleta de dados sociodemográficos. Foram abordadas questões referentes ao conhecimento sobre a doença e suas formas de prevenção, além de dados clínicos e laboratoriais das gestantes e dos recém-nascidos. Observamos predomínio de uma população de baixa renda e pouca escolaridade, proveniente principalmente dos serviços públicos de saúde (178/53,29%) e encaminhadas ao centro de referência tardiamente, no segundo e terceiro trimestre de gestação (286/85,63%). O diagnóstico de toxoplasmose aguda não foi confirmado em 171 (51,20%) casos e o tratamento foi iniciado nos serviços de origem em apenas 183 (54,95%) gestantes, com prescrição incorreta em 45 (24,59%) destas. Foram realizadas 72 amniocenteses, com positividade da reação em cadeia da polimerase em tempo real (qPCR) no líquido amniótico em dois (2,78%) casos. O diagnóstico de toxoplasmose congênita ao nascimento foi identificado em oito (5,44%) recém-nascidos. O diagnóstico e o tratamento tardios da toxoplasmose na gestação foram fatores preponderantes como oportunidades perdidas na prevenção da doença congênita.
Toxoplasmosis is a zoonotic disease that occurs all over the world and is highly prevalent in Brazil. During pregnancy, it may affect the fetus. Serological screening during prenatal care is important because the course of the disease is mostly asymptomatic. Treatment includes the use of spiramycin, and, should fetal infection be confirmed, sulfadiazine, pyrimethamine and folinic acid. Polymerase chain reaction (PCR) in amniotic fluid shows excellent sensitivity and specificity and enables fetal diagnosis. Social factors have been linked to congenital infection because they have a direct impact on the quality of prenatal care. There is no national consensus for toxoplasmosis treatment during pregnancy. The objective of this study is to describe the clinical, laboratory and epidemiological data of pregnant women and their newborns with a diagnosis of toxoplasmosis treated at a referral center in Rio de Janeiro. This is a descriptive study of a cohort of pregnant women with toxoplasmosis accompanied form May 2014 to December 2017. The sample was composed of 334 participants. Face-to-face interviews and by telephone were conducted, as well as the analysis of medical records to collect sociodemographic data. Questions regarding knowledge about the disease and its types of prevention, as well as clinical and laboratory data of pregnant women and newborns were addressed. We observed a predominance of low-income population with little schooling, mainly from public health services (178/53,29%) and referred to the treatment center late in the second and third trimester of pregnancy (286/85,63%). The diagnosis of acute toxoplasmosis was not confirmed in 171 (51.20%) cases and only 183 (54,95%) pregnant women started their treatment at the first clinic they went to, with an incorrect prescription in 45 (24,59%) of these cases. A total of 72 amniocenteses were performed, with two (2,78%) positive real-time polymerase chain reaction (qPCR) in the amniotic fluid. Congenital toxoplasmosis at birth was identified in eight (5,44%) newborns. Late diagnosis and treatment of toxoplasmosis during pregnancy resulted in several missed opportunities to prevent congenital disease.