Análise do uso da dieta com a viscosidade modificada para recém nascidos com disfagia internados em uma UTI Neonatal
Analysis of the use of a modified viscosity diet for newborns with dysphagia admitted to a neonatal ICU

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira. Pós-Graduação em Pesquisa Aplicada à Saúde da Criança e da Mulher to obtain the academic title of Doutor. Leader: Gomes Júnior, Saint Clair dos Santos

Objetivos:

Analisar o uso de dieta com viscosidade modificada em diferentes concentrações em recém-nascidos com disfagia durante o período de internação em uma UTI neonatal e seguimento.

Metodologia:

A avaliação do uso da dieta com viscosidade modificada foi realizada por um estudo tipo séries de casos com 42 recém-nascidos diagnosticados com disfagia a partir dos sintomas clínicos e sinais comportamentais. Os recém-nascidos receberam dieta no período de internação e foi observado o tempo de retirada de sonda enteral. A idade gestacional foi categorizada em três grupos e foi observada a evolução da dieta espessada até a alta hospitalar. A viscosidade foi avaliada em viscosímetro Copo Ford a partir de um ensaio laboratorial para as concentrações 2, 3 e 5%, na fórmula infantil, e 2, 3, 5 e 7% no leite humano (cru e pasteurizado) em quatro intervalos de tempo. Foi utilizado o viscosímetro Copo Ford e as amostras analisadas em quatro intervalos de tempo. A osmolalidade foi avaliada para a fórmula infantil e o leite humano (cru e pasteurizado), com e sem espessamento, nas mesmas concentrações da viscosidade. Foi utilizado o The AdvancedTM Micro Osmometer Model 3300 para aferição. Para ambos os ensaios foi utilizado o cereal de arroz como agente espessante.

Resultados:

Não foram observadas diferenças significativas da viscosidade em relação ao tempo para as concentrações de 2, 3 e 5%. Observou-se diferença na viscosidade entre leite humano nas concentrações de 2% e 5%, 2% e 7%, 3% e 5%, e 3% e 7%, independente dos intervalos de tempo considerados. A osmolalidade variou conforme o tempo e as concentrações para o leite humano e a formula infantil. No entanto, estas variações se mantiveram dentro dos parâmetros preconizados pela literatura. Durante o período de internação observamos que os recém-nascidos em uso da dieta com a viscosidade modificada apresentaram diferenças no tempo do uso de oxigênio (p-valor 0,003), nos sintomas estomatognáticos (p-valor 0,030) e nas anomalias congênitas (p-valor 0,009). Não foram observadas diferenças no tempo de intervenção fonoaudiológica com o tipo de alimentação na alta (p valor 0,449). O tempo de uso de sonda enteral variou de 9 a 12 dias. A evolução da dieta espessada para dieta padrão no momento da alta foi observada em 22 recém-nascidos (52%). Cerca de 81% dos recém-nascidos apresentaram disfagia moderada. Na alta hospitalar 64% dos recém-nascidos estavam em aleitamento materno de forma mista. Durante o acompanhamento ambulatorial apenas um lactente manteve dieta espessada. Os resultados indicam benefícios para a população estudada.

Conclusão:

O cereal de arroz modificou a viscosidade para parâmetros adequados à abordagem da disfagia e manteve a osmolalidade dentre dos valores preconizados. O uso da dieta modificada nos recém-nascidos com disfagia leve/moderada favoreceu a evolução para a dieta por via oral beneficiando a população estudada.

Objectives:

To analyze the viscosity and osmolality of the thickened diet in different concentrations and its use in newborns with dysphagia during the period of hospitalization in a neonatal intensive care unit and follow-up.

Method:

The evaluation of the use of modified viscosity diet was carried out by a series of cases with 42 infants diagnosed with dysphagia from clinical symptoms and behavioral signs. The infants received a diet with modified viscosity during the hospitalization period and the withdrawal time of the enteral catheter was observed. Gestational age was categorized into three groups and the evolution of the thickened diet until hospital discharge was observed. The viscosity was evaluated in Ford Cup viscometer from a laboratory test for 2, 3 and 5% concentrations in infant formula, and 2, 3, 5 and 7% in human milk (raw and pasteurized) in four time intervals. Osmolality was evaluated for infant formula and human milk (raw and pasteurized), with and without thickening, at the same viscosity concentrations. The Advanced ™ Micro Osmometer Model 3300 was used for calibration. Rice cereal was used as thickening agent for both assays.

Results:

No significant viscosity differences were observed in relation to time for the concentrations of 2, 3 and 5%. There was a difference in viscosity between human milk at concentrations of 2% and 5%, 2% and 7%, 3% and 5%, and 3% and 7%, regardless of the time intervals considered. Osmolality varied according to time and concentrations for human milk and infant formula. However, these variations remained within the recommended parameters by the literature. During the hospitalization period, we observed that the infants using the modified viscosity diet presented differences in the time of oxygen use (p-value 0.003), stomatognatic symptoms (p-value 0.030) and congenital anomalies (p-value 0.009). No differences were observed in the speech language intervention time with the type of feeding at discharge (p-value 0.449). The time of enteral tube use ranged from 9 to 12 days. The evolution of the diet thickened to standard diet at discharge was observed in 22 newborns (52%). About 81% of the newborns presented with moderate dysphagia. At hospital discharge, 64% of infants were on supplemental breastfeeding. During outpatient follow-up only one infant maintained a thickened diet. The results indicate benefits for the study population.

Conclusion:

The rice cereal modified the viscosity for parameters appropriate to the approach of dysphagia and maintained the osmolality among the recommended values. The use of modified diet in neonates with mild / moderate dysphagia favored the evolution to the oral diet benefiting the studied population.

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