Intervenções não farmacológicas para o enfrentamento da síndrome gripal: uma revisão sistemática
Non-pharmacological interventions for coping with the influenza-like illness: a systematic review

Publication year: 2023
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto to obtain the academic title of Doutor. Leader: Andrade, Denise de

Introdução:

As intervenções não farmacológicas consistem em quaisquer medidas ou ações, que não o uso de vacinas ou medicamentos, que podem ser implementadas para retardar a disseminação de determinada doença infecciosa na população.

Objetivo:

Fornecer evidências científicas relacionadas às intervenções não farmacológicas que conferem a prevenção de síndrome gripal na comunidade.

Método:

Revisão sistemática da literatura realizada nas bases de dados, Cochrane, MEDLINE, EMBASE, CINAHL, Web of Science e, no que tange à literatura cinzenta, uma busca adicional foi realizada no Google Scholar. A busca eletrônica foi realizada no dia 06 de setembro de 2021. Os critérios de inclusão foram ensaios clínicos randomizados que avaliassem a eficácia de intervenções não farmacológicas na comunidade para a prevenção da disseminação de síndrome gripal. A avaliação do risco de viés foi realizada por meio da ferramenta Risk of Bias 2.0. A síntese dos resultados foi apresentada de modo qualitativo. A síntese quantitativa (estatística) dos resultados não foi possível, devido à acentuada heterogeneidade de configurações metodológicas, bem como as qualidades metodológicas dos ensaios clínicos randomizados.

Resultados:

Foram compilados 34 ensaios clínicos randomizados. A avaliação metodológica demostrou que a maioria dos ensaios apresentam falhas na sua condução. No tocante aos países onde as intervenções foram utilizadas, destacam-se Estados Unidos da América, China e Espanha, respectivamente; e de acordo com o local onde foram realizadas - em domicílios, em escolas, em creches, em residências universitárias e em ambiente comunitário. Com relação à situação epidemiológica, observa-se que 13 estudos foram realizados no período sazonal de influenza, 11 estudos em períodos pontuais, cinco estudos em períodos pandêmicos por SARS-CoV-2, quatro estudos em períodos concomitantes e um estudo durante a pandemia de influenza. A respeito da infecção avaliada, observa-se estudos que avaliam infecções respiratórias agudas, influenza e COVID-19. Dos 34 ensaios clínicos, 30 avaliaram intervenções individuais, dois intervenção individual e ambiental, uma intervenção individual e comunitária; e um ensaio clínico avaliou uma intervenção comunitária.

Intervenções individuais:

máscara facial; higiene das mãos com água e sabão, com formulação à base de álcool, com cloreto benzalcônio; etiqueta respiratória; e limpeza nasal asséptica.

Intervenções comunitárias:

triagem, ventilação do ar, campanha publicitária (distanciamento social).

Intervenção ambiental:

limpeza de superfície.

Conclusão:

Algumas intervenções não farmacológicas individuais (higiene das mãos com água e sabão, higiene das mãos com formulação à base de álcool, etiqueta respiratória e limpeza nasal antisséptica) e ambientais não têm momento para início da implementação, elas devem se tornar cultural, pois são mais simples e de baixo custo. Essas intervenções e outras, como o uso de máscara facial, devem ser incentivadas durante os períodos sazonais desses vírus, considerando as particularidades de subgrupos populacionais, para prevenir maior disseminação. As intervenções combinadas (individuais/comunitárias e individuais/ambientais) potencializam os efeitos na redução da síndrome gripal e das infecções respiratórias agudas. Ressalta-se que as intervenções não farmacológicas representam a primeira escolha na prevenção da disseminação microbiana, são determinantes no controle das doenças e, de forma articulada, necessita da vacinação para minimizar os impactos deletérios na comunidade.

Introduction:

Non-pharmacological interventions consist of any measures or actions, other than the use of vaccines or drugs, that can be implemented to delay the spread of a certain infectious disease in the population.

Objective:

To provide scientific evidence related to non-pharmacological interventions that prevent the flu syndrome in the community.

Method:

Systematic review of the literature carried out in the databases Cochrane, MEDLINE, EMBASE, CINAHL, Web of Science and, regarding the gray literature, an additional search was performed on Google Scholar. The electronic search was performed on September 6, 2021. The inclusion criteria were randomized clinical trials that evaluate the effectiveness of non-pharmacological interventions in the community to prevent the spread of flu-like illness. The risk of bias assessment was performed using the Risk of Bias 2.0 tool. The synthesis of the results was presented in a qualitative way. The quantitative (statistical) synthesis of the results was not possible, due to the marked heterogeneity of methodological settings, as well as the methodological qualities of the randomized clinical trials.

Results:

34 randomized clinical trials were compiled. The methodological evaluation showed that most of the trials have flaws in their conduction. With regard to the countries where the interventions were used, the United States of America, China and Spain, respectively, stand out. According to the place where they were carried out, at home, in schools, in day care centers, in university residences and in a community environment. Regarding the epidemiological situation, it is observed that 13 studies were carried out in the seasonal period of influenza, 11 studies in specific periods, five studies in pandemic periods due to SARS-CoV-2, four studies in concomitant periods and one study during the pandemic of influenza. Regarding the evaluated infection, there are studies that evaluate acute respiratory infections, influenza and COVID-19. Of the 34 clinical trials, 30 evaluated individual interventions, two individual and environmental intervention, one individual and community intervention; and a clinical trial evaluated a community intervention.

Individual interventions:

face mask; hand hygiene with soapy water, with alcohol-based formulation, with benzalkonium chloride; respiratory etiquette; and aseptic nasal cleaning.

Community interventions:

triage, air ventilation, publicity campaign (social distancing).

Environmental intervention:

surface cleaning.

Conclusion:

Some individual non-pharmacological interventions (hand hygiene with soap and water, hand hygiene with alcohol-based chemical formulation, respiratory etiquette and antiseptic nasal cleaning) and environmental do not have a time to start implementation, they must become cultural, because they are simpler and of low cost. These interventions, and others such as the use of a face mask, should be encouraged during the seasonal periods of these viruses, taking into account the particularities of population subgroups, to prevent further spread. Combined interventions (individual/community and individual/environmental) potentiate the effects in reducing flu syndrome and acute respiratory infections. It should be noted that non-pharmacological interventions represent the first choice in preventing microbial dissemination, are crucial in disease control and, in an articulated way, require vaccination to minimize deleterious impacts on the community.

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