Estudo sobre a maternidade de mulheres acolhidas em uma casa abrigo para vítimas de violência na cidade de São Paulo
Study on the maternity of women sheltered in a shelter for victims of violence in the City of São Paulo

Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader: Vieira, Elisabeth Meloni

A violência contra a mulher é considerada atualmente como uma violação aos direitos humanos e um problema de saúde pública mundial. Está associada ao domínio doméstico e ligada às normas hierárquicas de gênero, como o controle masculino sobre os bens e comportamentos femininos. O poder e a desigualdade de gênero são explicações convincentes sobre as causas da violência contra as mulheres. Em ambientes violentos, é provável que a mulher, por se preocupar com sua segurança e a de seus filhos, se descuide da satisfação das necessidades deles, tendo sua capacidade parental de proteção e cuidado alteradas. O objetivo deste estudo foi entender o significado da maternidade para mulheres acolhidas em uma casa abrigo da cidade de São Paulo, compreendendo a sua percepção sobre ser mãe. Foi utilizado o método qualitativo de pesquisa, com entrevistas individuais: dez mulheres abrigadas e cinco trabalhadoras, todas transcritas na íntegra e analisadas em seu conteúdo, resultando em seis categorias entre as mulheres: Maternidade, Maternidade na Violência, Relacionamento com a mãe, Relacionamento com os filhos, Consequências da Violência e Mudanças na vida após o acolhimento.

Cinco categorias entre as trabalhadoras:

Maternidade, Dificuldade com a Maternidade, Percepção sobre o acolhimento, Percepção sobre a violência e Identificação e preconceito sobre a violência. Os resultados mostram que as mulheres participantes entendem a maternidade conforme as normas sociais de gênero que atribuem à mãe todas as responsabilidades e obrigações referentes aos filhos. As normas também atribuem à mulher responsabilidade sobre tudo o que ocorre com seus filhos. Sobre o trabalho das profissionais, os resultados revelam que há falta de capacitação para o trabalho com a violência. A capacitação continuada da equipe do CAMVV é fundamental e deve ser implantada imediatamente.
Violence against women is currently considered a violation of human rights and a global public health problem. It is associated with domestic dominance and linked to hierarchical gender norms, such as male control over women's belongings and behaviors. Power and gender inequality are convincing explanations for the causes of violence against women. In violent environments, the woman, concerned for her and her children's safety is more likely to neglect their needs, having her parental capacity for protection and care altered. This study aimed to understand the meaning of motherhood for women living in a shelter in the city of São Paulo, by understanding their perception of being a mother. A qualitative research method was used, with individual interviews: ten residents and five workers, all fully transcribed and analyzed for content, resulting in six categories among the women: Motherhood, Motherhood in Violence, Relationship with the mother, Relationship with the children, Consequences of Violence, and Life Changes after being in the shelter.

Five categories among the workers:

Motherhood, Difficulty with Motherhood, Perception of the shelter, Perception of violence, and Identification and prejudice about violence. The results show that the participating women understand motherhood according to social gender norms that assign all responsibilities and obligations regarding children to the mother. These norms also attribute to women the responsibility for everything that happens to their children. Regarding the shelter workers, the results demonstrate a lack of training for dealing with violence. Continued training of the CAMVV team is crucial and must be implemented immediately.

More related