Estado nutricional de vitamina E e fatores de risco cardiovascular em adultos e idosos: estudo Brazuca Natal
Nutritional status of vitamin E and cardiovascular risk factors in adults and elderly people: Brazuca Natal study
Publication year: 2023
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio Grande do Norte to obtain the academic title of Doutor. Leader: Lyra, Clélia de Oliveira
Introdução:
As doenças cardiovasculares (DCV) são a principal causa de morbimortalidade no mundo. Diante disso, são estudadas estratégias de prevenção e tratamento de eventos cardiovasculares. Dentre elas, a vitamina E destaca-se por suas propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias, apoiado por descobertas de que maior ingestão dietética de vitamina E e maiores concentrações de α-tocoferol (α-TOH) sérico estão associados com menor risco de eventos cardiovasculares. Com isso, dados sobre o estado nutricional de vitamina E da população e a sua relação com os fatores de risco cardiovascular são estratégias importantes para subsidiar programas e políticas públicas voltadas a prevenção e tratamento das DCV.Objetivo:
Avaliar o estado nutricional de vitamina E e a relação com fatores de risco cardiovascular em adultos e idosos do Estudo Brazuca Natal.Métodos:
Trata-se de um estudo de diferentes métodos. 1) A revisão narrativa que investigou na literatura estudos populacionais sobre a relação da vitamina E e as DCV, buscando compreender se a deficiência de vitamina E (DVE) também deve ser considerada um problema de saúde pública. 2) Estudo transversal que se decompõe, a partir das variáveis dependentes, em dois artigos científicos. O primeiro artigo desse estudo buscou avaliar a prevalência de DVE e os fatores de risco cardiovascular que estão associados ao status do α-TOH sérico em adultos e idosos do estudo Brazuca Natal. Análise de regressão linear múltipla foi realizada entre o αTOH sérico (variável dependente) e fatores de risco cardiovascular. O segundo artigo do estudo transversal objetivou avaliar o consumo de vitamina E, e identificar as principais fontes alimentares consumidas do micronutriente pela população avaliada. Para tanto, foram analisadas as condições socioeconômicas e demográficas (sexo, idade, cor/raça, escolaridade, renda per capita e distrito sanitário de moradia) e o consumo alimentar de vitamina E (variável dependente).Resultados:
Na revisão narrativa foi observado que a DVE pode ser um problema de saúde pública, por ocorrer uma variação de 0,6% a 55,5% de DVE em todo o mundo, com percentuais mais elevados na Ásia e na Europa, onde se destacam as elevadas taxas de mortalidade por DCV. Estudos populacionais sugerem efeitos protetores da vitamina E nas DCV, porém, estudos de intervenção com suplementação de α-TOH não confirmaram a sua ação cardioprotetora. No artigo 2 do estudo transversal foi observado que 24,8% dos adultos e idosos de Natal apresentavam DVE e 89% apresentaram baixas concentrações de αTOH circulante (abaixo de 30 µmol/L). Verificamos que as pessoas do sexo feminino tinham maiores valores médios de α-TOH sérico. Além disso, o índice de adiposidade visceral elevado e maiores valores do escore de risco global foram associados a maiores concentrações de α-TOH sérico. O artigo 3 demonstrou que 95,7% dos indivíduos apresentavam baixa ingestão de vitamina E, considerando a Estimated Average Requirement (EAR) de 12 mg/dia, com menores valores de ingestão em indivíduos acima de 40 anos, mulheres, naqueles com renda per capita menor que um salário-mínimo e com menor escolaridade. O óleo de soja, polpa de açaí e carne vermelha forneceram o maior teor de vitamina E ingerida.Conclusão:
A partir da revisão narrativa, foi demonstrado que a DVE pode ser um problema de saúde pública. O estudo transversal observou uma elevada prevalência de DVE na população estudada, em que o sexo, o índice de adiposidade visceral e o escore de risco global estão associados ao α-TOH sérico. Além disso, foi observado um baixo consumo de vitamina E, principalmente, em indivíduos mais velhos, mulheres e com baixa condição socioeconômica. A maior parte da vitamina E consumida era proveniente do óleo de soja, polpa de açaí e carne vermelha, destacando-se também a vitamina E proveniente de alimentos ultraprocessados, principalmente, na população de menor renda (AU).Introduction:
Cardiovascular diseases (CVD) are the principal cause of morbidity and mortality in the world. Therefore, experts have studied strategies for preventing and treating cardiovascular events. One of this knowledge is vitamin E stands out for its antioxidant and anti-inflammatory properties, supported by findings that higher dietary intake of vitamin E and higher concentrations of serum α-tocopherol (α-TOH) are associated with a lower risk of cardiovascular events. Therefore, data on the nutritional status of vitamin E in the population and its relationship with cardiovascular risk factors are relevant strategies to support programs and public policies aimed at preventing and treating CVD.Objective:
To evaluate the nutritional status of vitamin E and its association with cardiovascular risk factors in adults and older adults in the Brazuca Natal Study.Methods:
This is a study of different methodological strategies. 1) The narrative review aimed to verify if surveys could demonstrate an association between serum vitamin E and the occurrence of CVD. Moreover, we would like to understand whether vitamin E deficiency (VED) should also be considered a public health problem. 2) Cross-sectional study, divided into two scientific articles. The first article of this study sought to evaluate the prevalence of VED and cardiovascular risk factors that are associated with serum α-TOH status in adults and elderly people from the Brazuca Natal study. We performed a multiple linear regression analysis between serum α-TOH (dependent variable) and cardiovascular risk factors. The second article aimed to evaluate vitamin E intake, and we would like to identify the principal food sources of this micronutrient intake. To this end, we analyzed socioeconomic and demographic conditions (sex, age, color/race, education, per capita income, and health district of residence), and vitamin E intake (dependent variable).Results:
In the narrative review, we observed that VED could be a public health problem. The prevalence of VED varies from 0.6% to 55.5% in the world, with higher percentages in Asia and Europe, where the high mortality rates from CVD stand out. Population studies suggest the protective effects of vitamin E on CVD. However, intervention studies with α-TOH supplementation have not confirmed its cardioprotective action. In article 2 of the crosssectional study, we observed that 24.8% of adults and older adults in Natal had VED, and 89% had low concentrations of circulating α-TOH (below 30 µmol/L). Furthermore, high visceral adiposity index and higher global risk score values were associated with higher serum α-TOH concentrations. Article 3 demonstrated that 95.7% of individuals had a low intake of vitamin E, considering the Estimated Average Requirement (EAR) of 12 mg/day, with lower intake values in individuals over 40 years of age, women, those who have a per capita income of less than the minimum wage and with less education. Soybean oil, açaí pulp, and red meat provided the highest content of ingested vitamin E.Conclusion:
From the narrative review, it was demonstrated that VED can be a public health problem. The cross-sectional study observed a high prevalence of VED in the studied population, in which sex, visceral adiposity index and global risk score are associated with serum α-TOH. Furthermore, a low consumption of vitamin E was observed, mainly in older individuals, women and those with low socioeconomic status. Most of the vitamin E consumed came from soybean oil, açaí pulp and red meat, with vitamin E also coming from ultra-processed foods, especially in the lowerincome population (AU).
Estado Nutricional, Vitamina E/uso terapéutico, Factores de Riesgo de Enfermedad Cardiaca, Indicadores de Morbimortalidad, Estudios Transversales/métodos, Estudios Poblacionales en Salud Pública, alfa-Tocoferol/uso terapéutico, Deficiencia de Vitamina E/patología, Modelos Lineales, Brasil/epidemiología, Ingestión de Alimentos