Avaliação do nível de ativação dos portadores de doença renal crônica no interior do Mato Grosso
Assessment of the level of activation of patients with chronic kidney disease in the countryside of Mato Grosso

Publication year: 2023
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo.Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto to obtain the academic title of Doutor. Leader: Dantas, Rosana Aparecida Spadoti

A doença renal crônica (DRC) é um problema de saúde pública mundial. As pessoas que têm DRC em estágio final requerem tratamento de substituição renal. Esta condição de saúde pode propiciar situações estressoras, uma vez que impõe limitações que podem influenciar de forma negativa a qualidade de vida. A avaliação da qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) dessas pessoas é importante para analisar o impacto da DRC e do tratamento na qualidade de vida, contribuindo para a avaliação da efetividade do cuidado recebido e na validez das intervenções terapêuticas. A participação ativa do indivíduo no autogerenciamento da sua saúde tem mostrado resultados positivos, tanto para ele como para as instituições de saúde. Neste sentido, os objetivos deste estudo foram avaliar a ativação dos participantes segundo a idade, sexo, escolaridade, renda e situação conjugal; avaliar a correlação entre as medidas de ativação e de tempo de diagnóstico da DRC; avaliar a correlação entre as medidas de ativação e de QVRS; avaliar a correlação entre as medidas de ativação e de estado de saúde percebido; avaliar a correlação entre as medidas de ativação e de sintomas de ansiedade e depressão. Trata-se de um estudo observacional, tipo analítico, de corte transversal. Os dados foram coletados por entrevistas individuais e consulta ao prontuário dos participantes. As variáveis de interesse foram medidas pelas versões adaptadas para o Brasil dos instrumentos Patient Activation Measure-13 items - PAM13, Kidney Disease and Quality of Life - Short -Form - KDQOL-SF e Hospital Anxiety and Depression Scale. A avaliação do estado de saúde percebido no dia da entrevista foi realizada utilizando-se uma escala visual e numérica de 10 centímetros. Os dados foram processados e analisados no programa IBM Statistical Package for Social Science (SPSS) versão 23.0 para Windows. Para responder aos objetivos do estudo utilizamos os testes não paramétricos de Mann-Whitney e de correlação de Spearman. O nível de significância adotado foi de 0,05. Entre os 111 participantes, a maioria era do sexo masculino (55%), com menos de 60 anos (58,6%), casada/vivendo em união consensual (58,6%), com baixa escolaridade (média de anos de estudo de 7,1 anos), renda familiar mensal de até dois mil reais (52,3%) e inativa profissionalmente (87,4%). O tempo médio de diagnóstico da DRC foi de três anos, variando de menos de um ano até 15,6 anos. O acesso vascular predominante para o tratamento hemodialítico foi fístula arteriovenosa (94,6 %). As comorbidades mais frequentes eram a hipertensão arterial sistêmica (54,1%) e o diabetes mellitus (26,1%) e utilizavam em média 6,3 (D.P. = 4,2) medicamentos prescritos. O valor médio da medida de ativação foi de 75,7 (DP = 16,6), com mediana de 77 (entre 31 a 100), sendo que 72% dos participantes foram categorizados nos níveis 3 e 4. Os valores médios obtidos para a QVRS, avaliada pelo KDQOL-SF, variaram entre 34,5 (Sobrecarga da doença renal) e 94,1 (Função sexual). Os valores médios obtidos nas avaliações do estado de saúde percebido, ansiedade e depressão foram respectivamente: 7,0 (DP = 2,8), 5,9 (DP = 4,2) e 5,8 (DP = 4,5). Não constatamos diferenças estatisticamente significantes nas medidas de ativação segundo a idade, sexo, escolaridade, renda e situação conjugal dos participantes. Nossos resultados dos testes de correlação não confirmaram as hipóteses de correlações moderadas entre as variáveis (maiores do que 0,30). Obtivemos valores de correlação menores que 0,30, embora estatisticamente significantes, da medida de ativação com as variáveis: tempo de diagnóstico da DRC (rs = 0,222; p=0,021), as dimensões de QVRS [Sintomas (rs = 0,254; p=0,007) e Sobrecarga da doença renal (rs = 0,213; p=0,025)], estado de saúde percebido (rs = 0,248; p=0,007), ansiedade (rs = - 0,218; p=0,022) e depressão (rs = - 0,154; p=0,11).

Conclusão:

A maioria dos participantes estava nos níveis 3 e 4 de ativação. Não constatamos diferenças nas medidas de ativação segundo as características sociodemográficas e clinicas investigadas. Embora estatisticamente significantes, apenas correlações fracas foram observadas entre as medidas de ativação, qualidade de vida relacionada à saúde, ansiedade e depressão. Estudos com maior número de participantes e sem o contexto da Pandemia da COVID-19 devem ser conduzidos para conhecermos melhor a relação entre as variáveis investigadas.
Chronic kidney disease (CKD) is a worldwide public health problem. People who have end-stage CKD require renal replacement therapy. This health condition can lead to stressful situations, since it imposes limitations that can neatively influence quality of life. The assessment of these people's health-related quality of life (HRQoL) is important to analyze the impact of CKD and treatment on quality of life, contributing to the assessment of the effectiveness of the care received and the validity of therapeutic interventions. Individuals' active participation in the self-management of their health has shown positive results both for themselves and for health institutions. In this sense, the objectives of this study were to: assess participants' activation according to age, gender, education, income and marital status; assess the correlation between measures of activation and time of diagnosis of CKD; assess the correlation between activation and HRQoL measures; assess the correlation between measures of activation and perceived health status; assess the correlation between measures of activation and symptoms of anxiety and depression. This is an observational, analytical, cross-sectional study. Data were collected through individual interviews and consultation of participants' medical records. Variables of interest were measured using versions adapted for Brazil of the Patient Activation Measure-13 items - PAM13, Kidney Disease and Quality of Life - Short-Form - KDQOL-SF and Hospital Anxiety and Depression Scale instruments. The assessment of perceived health status on the day of the interview was performed using a 10-centimeter visual and numeric scale. Data were processed and analyzed using the IBM Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) version 23.0 for Windows. To respond to the objectives of the study, we used the non-parametric Mann-Whitney and Spearman correlation tests. The significance level adopted was 0.05. Among the 111 participants, most were male (55%), under 60 years old (58.6%), married/living in a consensual union (58.6%), with low education (mean years of study 7.1 years), monthly family income of up to two thousand reais (52.3%) and professionally inactive (87.4%). The mean time since CKD diagnosis was three years, ranging from less than one year to 15.6 years. The predominant vascular access for hemodialysis treatment was arteriovenous fistula (94.6%). The most frequent comorbidities were hypertension (54.1%) and diabetes mellitus (26.1%) and used an average of 6.3 (SD = 4.2) prescription drugs. The mean value of the activation measure was 75.7 (SD = 16.6), with a median of 77 (between 31 and 100), with 72% of participants being categorized into levels 3 and 4. The mean values obtained for HRQoL, assessed by KDQOL-SF, ranged from 34.5 (Kidney disease burden) to 94.1 (Sexual function). The mean values obtained in the assessments of perceived health status, anxiety and depression were respectively: 7.0 (SD = 2.8), 5.9 (SD = 4.2) and 5.8 (SD = 4.5). We did not find statistically significant differences in measures of activation according to age, gender, education, income and marital status of participants. Our correlation test results did not confirm the hypotheses of moderate correlations between variables (greater than 0.30). We obtained correlation values lower than 0.30, although statistically significant, between the activation measure and the variables: time of CKD diagnosis (rs = 0.222; p=0.021), HRQoL dimensions [Symptoms (rs = 0.254; p=0.007) and kidney disease burden (rs = 0.213; p=0.025)], perceived health status (rs = 0.248; p=0.007), anxiety (rs = - 0.218; p=0.022) and depression (rs = - 0.154; p=0.11).

Conclusion:

Most participants were at activation levels 3 and 4. We found no differences in activation measures according to the sociodemographic and clinical characteristics investigated. Although statistically significant, only weak correlations were observed between measures of activation, health-related quality of life, anxiety and depression. Studies with a larger number of participants and without the context of the COVID-19 pandemic should be conducted to better understand the relationship between the investigated variables.

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