O modelo de desenvolvimento econômico predominante na sociedade contemporânea tem encontrado na exploração de recursos naturais uma forma de propagar e ampliar a lógica mercantilista e neoextrativista do capital. Os grandes empreendimentos, geram impactos e alteram a dinâmica local dos territórios em que se instalam, visto que os processos de construção desses empreendimentos, cujo principal objeto são recursos naturais, trazem consigo a aplicação de modelos exploratórios danosos, sem observar as características locais, as relações sociais preexistentes, as formas de expressão de cultura e o modo de vida das populações afetadas repercutindo assim, na vida e na saúde das pessoas. Desta forma, este estudo buscou descrever, as impressões acerca das mudanças socioculturais e no modo de vida das populações campesinas afetadas pelo projeto de Integração do Rio São Francisco (PISF). Trata-se de um relato de experiência a partir da vivência no Programa de Extensão TransVerGente, grupo formado por docentes-pesquisadores e graduandos de cursos de ensino superior das ciências da Saúde e de Humanas bem como mestrandos e pós-graduandos em saúde coletiva e saúde mental. O diário de campo (DC) dos pesquisadores foi utilizado como o instrumento de coleta de dados e subsidiou as reflexões que culminaram com este relato. Os relatos encontrados demonstram mudanças na dinâmica de vida, como: no plantio e a dificuldade de fazê-lo; na terra e criação dos animais; nos processos de socialização e o distanciamento familiar; nas barreiras de acesso à equipamentos sociais fundamentais à dinâmica da vida; às práticas de lazer, manifestação de fé entre outros. Refletir acerca das repercussões no modo de vida das pessoas afetadas pelo PISF auxilia da compreensão dos processos de saúde e doença bem como a compreender que saúde está concatenada ao contexto social, cultural e histórico das pessoas e que tais modificações interferem nesses processos.