Identidade profissional do enfermeiro do Sistema Prisional do Estado do Rio de Janeiro (1998 – 2004)
The nurse's professional identity in the Prison System of Rio de Janeiro state

Publication year: 2023
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio de Janeiro. Centro de Ciências da Saúde. Escola de Enfermagem Anna Nery. Curso de Pós-Graduação em Enfermagem to obtain the academic title of Doutor. Leader: Peres, Maria Angélica de Almeida

Pesquisa histórico-social, qualitativa, cujo objeto é o processo de construção da identidade profissional do enfermeiro das unidades hospitalares do sistema prisional do Estado do Rio de Janeiro durante o período de 1998-2004. Tal período corresponde à entrada do primeiro grupo de funcionários estatutários que realizaram concurso para o antigo DESIPE, a partir do tema escolhido para esta tese de doutorado. Levantaram-se os seguintes questionamentos: como foi o ingresso dos enfermeiros concursados para o sistema de saúde prisional do Estado do Rio de Janeiro no espaço institucional? Os enfermeiros estavam preparados para prestar cuidados em unidades de saúde prisionais? É possível identificar características identitárias próprias do enfermeiro do sistema prisional? Os objetivos da pesquisa são: historicizar o início dos cuidados em saúde no sistema prisional brasileiro; descrever as experiências dos primeiros enfermeiros concursados ao ingressarem no sistema de saúde prisional; analisar a identidade profissional do enfermeiro construída a partir do sistema hospitalar-disciplinar prisional.

Metodologia:

as fontes incluíram documentos escritos, e as fontes orais foram produzidas por meio da História Oral Temática, segundo um roteiro. Foram entrevistados seis colaboradores. Os documentos foram classificados segundo os objetivos a serem alcançados, realizando-se a crítica interna e externa aos documentos. A fundamentação teórica deu-se a partir de Michael Foucault, que trata sobre as prisões e a disciplinarização do corpo. Esta pesquisa tem a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem Anna Nery/Instituto de Atenção à Saúde São Francisco de Assis/UFRJ.

Resultados:

este estudo confirma a tese de que os enfermeiros que ingressaram nos hospitais do sistema prisional por meio do concurso público de 1998 tiveram que se adaptar ao contexto sociocultural de tais espaços disciplinares, o que levou à construção de uma identidade profissional com características inerentes ao cuidado à população encarcerada, o que permitiu ao grupo inserir-se na pirâmide disciplinar e adquirir um saber/poder próprio para tornar plausível o exercício do cuidado de enfermagem, tendo em vista a segurança do paciente e a própria segurança física.

Conclusão:

o processo de adaptação desses profissionais, a tensão presente no espaço de atendimento e a expectativa de ser agredido pelos pacientes estavam continuamente presentes, ainda mais no contexto histórico social da violência do Rio de Janeiro, dividido em facções criminosas, com elevado poder de controle das comunidades, estendendo-se até o sistema prisional. A identidade do profissional enfermeiro que trabalha em unidades de saúde do sistema prisional é constituída de elementos subjetivos que definem um poder silencioso, gerando incerteza e insegurança aos profissionais, independente da equipe em que está inserido. Destaca-se, na história dos enfermeiros do concurso de 1998, a necessidade de adequação às normas de segurança e às responsabilidades que precisam assumir em relação não somente à saúde das pessoas privadas de liberdade, mas também às questões legais. Diante disso, as atribuições dos enfermeiros são maiores no sistema prisional, pois, junto ao cuidado das pessoas, é preciso desenvolver ações de vigilância e controle do próprio trabalho.
This is a historical-social, qualitative research whose object is the process of construction of the professional identity of nurses in the hospital units of the prison system of the State of Rio de Janeiro during the period 1998-2004. This period corresponds to the entry of the first group of statutory employees who took part in the competition for the former DESIPE, based on the theme chosen for this doctoral thesis.

The following questions were raised:

how did the nurses who applied to the prison health system of the State of Rio de Janeiro enter the institutional space? Were the nurses prepared to provide care in prison health units? Is it possible to identify the identity characteristics of nurses in the prison system? The objectives of the research are: to historicize the beginning of health care in the Brazilian prison system; to describe the experiences of the first registered nurses when they entered the prison health system; to analyze the professional identity of nurses built from the prison hospitaldisciplinary system.

Methodology:

The sources included written documents, and the oral sources were produced through Thematic Oral History, according to a script. Six collaborators were interviewed. The documents were classified according to the objectives to be achieved, performing internal and external criticism of the documents. The theoretical basis was based on Michael Foucault, who deals with prisons and the disciplinarization of the body. This research has the approval of the Research Ethics Committee of the Anna Nery School of Nursing/Institute of Health Care São Francisco de Assis/UFRJ.

Results:

This study confirms the thesis that nurses who entered prison hospitals through the 1998 public examination had to adapt to the sociocultural context of such disciplinary spaces, which led to the construction of a professional identity with characteristics inherent to the care of the incarcerated population, which allowed the group to insert itself into the disciplinary pyramid and acquire its own knowledge/power to make the exercise of nursing care plausible, with a view to patient safety and physical safety itself.

Conclusion:

the adaptation process of these professionals, the tension present in the care space and the expectation of being attacked by patients were continuously present, even more so in the historical social context of violence in Rio de Janeiro, divided into criminal factions, with high power of control of communities, extending to the prison system. The identity of the professional nurse working in health units of the prison system is made up of subjective elements that define a silent power, generating uncertainty and insecurity to professionals, regardless of the team in which they are inserted. In the history of the nurses of the 1998 competition, the need to adapt to safety standards and the responsibilities they need to assume in relation not only to the health of people deprived of their liberty, but also to legal issues is highlighted. In view of this, the duties of nurses are greater in the prison system, because, along with the care of people, it is necessary to develop surveillance and control actions of their own work.
Se trata de una investigación cualitativa, histórico-social, cuyo objeto es el proceso de construcción de la identidad profesional de los enfermeros de las unidades hospitalarias del sistema penitenciario del Estado de Río de Janeiro durante el período 1998-2004. Este período corresponde al ingreso del primer grupo de empleados estatutarios que participaron en el concurso de la antigua DESIPE, a partir del tema elegido para esta tesis doctoral.

Se plantearon las siguientes cuestiones:

¿cómo ingresaron en el espacio institucional los enfermeros que se presentaron al sistema de salud penitenciario del Estado de Río de Janeiro? ¿Los enfermeros estaban preparados para prestar cuidados en las unidades de salud penitenciaria? ¿Es posible identificar las características identitarias de los enfermeros del sistema penitenciario? Los objetivos de la investigación son: historizar el inicio de los cuidados de salud en el sistema penitenciario brasileño; describir las experiencias de las primeras enfermeras registradas al ingresar en el sistema de salud penitenciario; analizar la identidad profesional de las enfermeras construidas a partir del sistema hospitalariodisciplinario penitenciario.

Metodología:

Las fuentes incluyeron documentos escritos, y las fuentes orales fueron producidas a través de la Historia Oral Temática, de acuerdo con un guión. Se entrevistó a seis funcionarios. Se clasificaron los documentos en función de los objetivos que se pretendía alcanzar y se realizó una crítica interna y externa de los mismos. La base teórica se basó en Michael Foucault, que trata de las prisiones y la disciplinarización del cuerpo. Esta investigación fue aprobada por el Comité de Ética en Investigación de la Escuela de Enfermería Anna Nery/Instituto de Salud São Francisco de Assis/UFRJ.

Resultados:

Este estudio confirma la tesis de que los enfermeros que ingresaron en los hospitales penitenciarios a través del concurso público de 1998 tuvieron que adaptarse al contexto sociocultural de tales espacios disciplinares, lo que llevó a la construcción de una identidad profesional con características inherentes al cuidado de la población encarcelada, que permitió al grupo insertarse en la pirámide disciplinar y adquirir un saber/poder propio para hacer plausible el ejercicio del cuidado de enfermería, con vistas a la seguridad del paciente y de la propia seguridad física.

Conclusión:

el proceso de adaptación de estos profesionales, la tensión presente en el espacio asistencial y la expectativa de ser agredidos por los pacientes estuvieron continuamente presentes, más aún en el contexto social histórico de violencia en Río de Janeiro, dividido en facciones criminales, con alto poder de control de las comunidades, extendiéndose al sistema carcelario. La identidad del profesional de enfermería que trabaja en unidades de salud del sistema carcelario está constituida por elementos subjetivos que definen un poder silencioso, generando incertidumbre e inseguridad a los profesionales, independientemente del equipo en el que estén insertos. En la historia de las enfermeras del concurso de 1998, se destaca la necesidad de adaptarse a las normas de seguridad y las responsabilidades que deben asumir en relación no sólo a la salud de las personas privadas de libertad, sino también a las cuestiones jurídicas. Ante esto, los deberes de las enfermeras son mayores en el sistema penitenciario, ya que, junto con el cuidado de las personas, es necesario desarrollar acciones de vigilancia y control de su propio trabajo.

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