Mortalidade por tuberculose e condições de vida no município do Rio de Janeiro
Tuberculosis mortality and living conditions in the city of Rio de Janeiro

Publication year: 2020
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal Fluminense - UFF to obtain the academic title of Doutor. Leader: Hélia Kawa

Introdução:

A tuberculose (TB) é considerada uma das dez principais causas de morte no mundo. Estudos realizados apontam a existência de condições socioeconômicas determinantes para o adoecimento e morte de um indivíduo por TB. Os indivíduos residentes nas áreas de maior vulnerabilidade social apresentam um menor percentual de cura e um maior percentual de abandono e óbito do que os demais. No Brasil, a distribuição dos indicadores de incidência e mortalidade pela doença é extremamente heterogênea. Atualmente o controle da TB é um crescente desafio, devido à alta densidade populacional e extrema desigualdade social, principalmente nos grandes centros urbanos. O Município do Rio de Janeiro (MRJ) apresentou a segunda maior taxa de incidência de TB do país em 2019 e uma das mais altas taxas de mortalidade do território brasileiro em 2018. Esses dados são extremamente alarmantes e colocam o MRJ em destaque no panorama epidemiológico da tuberculose no país. Portanto, objetivou-se analisar a mortalidade por TB no MRJ e sua relação com diferentes dimensões de condições de vida.

Método:

Trata-se de um estudo ecológico de vertente descritiva e analítica cujas unidades de análise foram as Regiões Administrativas (RAs) do MRJ. O período estudado foram os anos de 2010 a 2016. Analisaram-se registros do Sistema de Informação sobre Mortalidade referentes aos óbitos por TB (causa básica ou associada ao HIV). Para a análise do padrão de distribuição espacial e temporal da mortalidade por TB elaboraram-se Mapas temáticos coropléticos. A relação entre a mortalidade por TB e indicadores de condições de vida foi analisada através de modelo linear generalizado com distribuição de Poisson.

Resultados:

O MRJ apresentou uma taxa média de mortalidade por TB (causa básica) e coinfecção TBHIV de 6,85 e 2,81 óbitos/ 100.000 habitantes respectivamente. Quanto às características sociodemográficas, os óbitos por TB eram em sua maioria do sexo masculino, solteiros, na faixa etária entre 40 a 59 anos (TB causa básica) e 20 a 39 anos (Coinfecção TB-HIV), da raça/cor parda ou preta e de baixa escolaridade. Observou-se um padrão heterogêneo na distribuição do óbito por TB, havendo RAs com magnitude mais elevada, variando de 1,68 a 11,88 no período estudado. Verificaram-se quatro áreas de aglomerados com autocorrelação espacial nas quais o risco de um indivíduo morrer por TB foi 1,48 a 1,71 vezes maior do que nas demais áreas da cidade. A análise da associação entre as condições de vida e a mortalidade por TB mostrou a ocorrência de taxas mais elevadas nas RAs com alta densidade intradomiciliar, baixa renda, menores oportunidades e maior escassez de necessidades humanas básicas.

Conclusão:

O MRJ possui desigualdades e particularidades em termos de condições de vida que favorecem a manutenção de elevadas taxas de mortalidade por TB nas diferentes RAs da cidade. A redução do óbito pela doença ainda é um grande desafio para essa cidade, que é a segunda maior metrópole do país em relação à economia e população. (AU)

Introduction:

Tuberculosis (TB) is considered one of the top ten causes of death in the world. Studies have shown the existence of socioeconomic conditions that are decisive for the illness and death of an individual due to TB. Individuals living in areas of greater social vulnerability have a lower percentage of cure and a higher percentage of abandonment and death than the others. In Brazil, the distribution of disease incidence and mortality indicators is extremely heterogeneous. Currently, TB control is a growing challenge, due to the high population density and extreme social inequality, especially in large urban centers. The Municipality of Rio de Janeiro (MRJ) had the second highest TB incidence rate in the country in 2019 and one of the highest mortality rates in the Brazilian territory in 2018. These data are extremely alarming and put MRJ in the spotlight in the epidemiological panorama tuberculosis in the country. Therefore, the objective was to analyze TB mortality in the MRJ and its relationship with different dimensions of living conditions.

Method:

This is an ecological study of a descriptive and analytical nature, whose units of analysis were the Administrative Regions (RAs) of the MRJ. The period studied was the years from 2010 to 2016. Records of the Mortality Information System referring to deaths from TB (basic cause or associated with HIV) were analyzed. For the analysis of the spatial and temporal distribution pattern of TB mortality, thematic maps were elaborated. The relationship between TB mortality and indicators of living conditions was analyzed using a generalized linear model with Poisson distribution.

Results:

The MRJ presented an average mortality rate due to TB (basic cause) and TB-HIV co-infection of 6.85 and 2.81 deaths / 100,000 inhabitants respectively. As for sociodemographic characteristics, deaths from TB were mostly male, single, in the age group between 40 to 59 years (TB underlying cause) and 20 to 39 years (TB-HIV co-infection), race / brown color or black and low schooling. There was a heterogeneous pattern in the distribution of death from TB, with ARs with a higher magnitude, ranging from 1.68 to 11.88 in the studied period. There were four areas of clusters with spatial autocorrelation in which the risk of an individual dying from TB was 1.48 to 1.71 times higher than in other areas of the city. The analysis of the association between living conditions and mortality from TB showed the occurrence of higher rates in ARs with high intra-household density, low income, fewer opportunities and greater scarcity of basic human needs.

Conclusion:

The MRJ has inequalities and peculiarities in terms of living conditions that favor the maintenance of high rates of TB mortality in the different ARs in the city. The reduction of death due to the disease is still a major challenge for this city, which is the second largest metropolis in the country in relation to the economy and population. (AU)

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