Trata-se de um estudo qualitativo sobre a rede de suporte social de gays brasileiros com 60 anos ou mais com o objetivo de compreender e analisar a estrutura da rede de suporte social desses idosos. Primeiramente, mapeou-se e analisou-se a literatura existente por meio de uma revisão sistemática sobre a rede de suporte social de homens gays utilizando 06 bases de dados da literatura. O protocolo foi registrado no PROSPERO e seguiu a instrução PRISMA. Posteriormente por meio de roteiro semiestruturado e do Mapa Mínimo de Relacionamentos de Idosos (MMRI), buscou-se a compreensão dos vínculos relacionais em diferentes situações de vida dos idosos gays entrevistados e a compreensão da rede de suporte social no momento de isolamento e distanciamento social da pandemia da COVID-19. Os indivíduos foram recrutados através por meio de amostragem não probabilística do tipo "bola de neve". Foram entrevistados de forma on-line 15 idosos gays entre 2020 e 2021.

Os resultados deste estudo são apresentados em três artigos:

uma revisão sistemática, dois artigos qualitativos voltados à temática da rede de suporte social. A revisão sistemática sinaliza a necessidade de uma rede de suporte social mais fortalecida, locais de prestação de cuidados e serviços mais acolhedores, a criação de espaços intergeracionais gays e a necessidade de profissionais de saúde com conhecimentos focados nas necessidades gerais de saúde dos homens gays mais velhos. Quanto aos artigos qualitativos, os 15 homens gays entrevistados eram em sua maioria brancos, com idade média de 62,8 anos, com ensino superior e moradores de capitais brasileiras. Nas entrevistas foi destacada a relevância e a força da rede de suporte social informal ao longo da trajetória de vida e envelhecimento. A rede de suporte social formal teve pouco impacto e a chamada família de escolha, composta principalmente por amigos, companheiros, vizinhos e alguns familiares de origem, foi a rede de apoio social mais presente em todas as dimensões pesquisadas pelo MMRI. Em relação ao período crítico da pandemia, observou-se que os entrevistados enfrentaram impacto na saúde mental. A solidão, a falta de empatia, a incerteza em relação à doença e a imprevisibilidade sobre o futuro foram temas presentes que geravam preocupação. Influenciou no período a interseccionalidade entre idade e orientação sexual, o padrão socialmente aceito pelo grupo LGBT+, associado à juventude e à exaltação de um corpo bonito, reforçou-se o medo da solidão na velhice que apareceu de forma velada no discurso dos entrevistados. Tanto na análise do MMRI, quanto às perguntas voltadas ao período pandêmico, percebe-se que a rede de suporte social informal foi mais relevante e potencialmente mais segura, enquanto a rede de suporte social formal foi garantida em grupos de apoio e terapia. Destaca-se nos três artigos a carência de estudos realizados no país sobre o tema.