A Hanseníase se configura como um importante problema de saúde pública. Trata-se de uma doença crônica infectocontagiosa ocasionada pelo Mycobacterium leprae que leva a acometimentos dermatoneurológicos. O Brasil se encontra entre os 13 países mais endêmicos para a hanseníase no mundo. As regiões Norte, Nordeste e Centro- oeste do país se destacam com significativas áreas de manutenção da transmissão. O estado de Pernambuco se encontra no décimo lugar do ranking nacional quanto ao coeficiente de detecção geral e ocupa o terceiro lugar em relação ao número absoluto de casos, sendo classificado como de endemicidade muito alta. Diante disso, o objetivo deste estudo foi identificar quais as características sociais, demográficas e de saúde que estão relacionadas à ocorrência da hanseníase, nos municípios do estado de Pernambuco no ano de 2014. Trata-se de um estudo epidemiológico observacional, ecológico, descritivo, de corte seccional. A unidade de observação consiste nos 184 municípios e o Distrito de Fernando de Noronha. Foram utilizados dados secundários provenientes do Sistema de Informação de Agravos de Notificação – SINAN da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco; além de dados demográficos e socioeconômicos obtidos através de bancos de dados de domínio público. Inicialmente foi realizada análise da distribuição espacial da hanseníase e dos indicadores sociodemográficos dos municípios. Para a análise estatística, empregou- se a Regressão Linear Multivariada (RLM) para identificar quais variáveis são estatisticamente significantes, ao nível de 5%, para explicar variações na ocorrência da hanseníase, utilizando o software Gretl versão 1.9.8. Os resultados apontaram para uma maior incidência da doença nas mesorregiões metropolitana do Recife e do Sertão do São Francisco e nos municípios selecionados como prioritários para o Programa SANAR. Também foi identificado uma associação entre o coeficiente de detecção geral da hanseníase e a taxa de desemprego e a proporção de famílias que vivem em residências com densidade superior a duas pessoas por dormitório. Conclui- se que a hanseníase persiste como um relevante agravo para a saúde pública do estado de Pernambuco, tornando-se necessário direcionar uma maior atenção aos contextos socioeconômicos nas tentativas de controle desta endemia (AU).