Saúde bucal de usuários de substâncias psicoativas na pandemia da Covid-19
Oral health of psychoactive substances users during the Covid-19 pandemic

Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio de Janeiro. Centro de Ciências da Saúde. Escola de Enfermagem Anna Nery. Programa de Pós-Graduação em Enfermagem to obtain the academic title of Mestre. Leader: Zeitoune, Regina Célia Gollner

Objeto de Estudo:

autopercepção da saúde bucal entre usuários de substâncias psicoativas na pandemia COVID-19.

Objetivos Geral:

Analisar o impacto da autopercepção da saúde bucal na qualidade de vida de usuários de substâncias psicoativas durante a pandemia de COVID-19.

Objetivos Específicos:

identificar o perfil sociodemográfico, laboral, hábitos e comportamentos de saúde bucal de usuários de substâncias psicoativas no contexto da pandemia COVID-19; identificar o uso de drogas e riscos de COVID-19 em usuários de substâncias psicoativas na pandemia; identificar a autopercepção da saúde bucal de usuários de substâncias psicoativas em situação de pandemia COVID-19; e associar a autopercepção da saúde bucal de usuários de substâncias psicoativas, comportamento de saúde bucal, consumo de drogas psicoativas e risco de exposição à COVID-19.

Metodologia:

Trata-se de um estudo transversal, descritivo, realizado em um serviço especializado em problemas relacionados a substâncias psicoativas, de um hospital universitário localizado no município do Rio de Janeiro. Participaram do estudo 42 usuários, selecionados por amostragem de conveniência. Dois instrumentos foram utilizados para coletar dados sobre o perfil sociodemográfico, os hábitos e comportamento de saúde bucal, de uso de drogas psicoativas e informações relacionadas à COVID-19. Também foi utilizada uma escala denominada OHIP-14, que avaliou a autopercepção da saúde bucal. As perguntas são direcionadas aos últimos seis meses da vida do indivíduo, onde opções de resposta incluem: sempre (valor 4), repetidamente (valor 3), às vezes (valor 2), raramente (valor 1) e nunca (valor 0). A análise dos resultados obtidos foi realizada através do método aditivo, que consiste na soma dos pontos (de 0 a 4) atribuídos às respostas dadas a cada um dos 14 itens. A pesquisa foi aprovada por Comitê de Ética.

Resultados:

Os usuários de substâncias psicoativas eram em sua maioria homens (85,7%), com grau de escolaridade do ensino fundamental (45,2%), idade média de 47,2 anos. Quanto à situação de trabalho 64,3% relatou estar desempregado; 61,9% dependiam de benefícios sociais e 35,7% viviam em situação de rua. Sobre o uso de drogas 81,0% faziam uso do álcool, seguido da cocaína com 66,7%, o cigarro com 54,8%, maconha com 47,6%. Quanto ao distanciamento social durante a pandemia da COVID-19, 61% nunca conseguiram ou se preocuparam em seguir as normas de segurança. Metade dos participantes (50%) relatou fazer uso de drogas de forma compartilhada com até 2 pessoas. Em relação a hábitos e comportamento de saúde bucal verificou-se que 83,3% dos participantes responderam que escovavam os dentes e 47,6% disseram usar o fio dental. A ida ao dentista para reabilitação foi o motivo referido por ¾ dos participantes e outros 40,5% referiram buscar ajuda profissional por motivo de dor. A maioria dos entrevistados relatou um aumento no consumo de drogas em relação ao período anterior a pandemia, sendo as mais comuns o álcool e a cocaína dentro da população estudada. A suspeita de COVID-19 foi maior dentre aqueles que buscaram atendimento odontológico por motivo de estética quando comparados aos demais motivos (p=0,027). A suspeita de COVID-19 foi prevalente no grupo que buscou atendimento por outros motivos quando comparados àqueles que buscaram atendimento por motivo de “prevenção” (p<0,10). Foi observado que o risco de exposição ao SARS-CoV-2 foi mais comum entre os participantes que concluíram o tratamento odontológico em comparação com aqueles que não concluíram (p=0,035). Dor física e desconforto psicológico foram referidos por 54,8% e 73,8% dos participantes, respectivamente. Aqueles que referiram uso do fio dental apresentam maior impacto quanto ao desconforto psicológico (p < 0,05). A dimensão desvantagem social está positivamente relacionada aos relatos de dor e ida ao dentista há menos de um ano (p < 0,01).

Conclusões:

Foi possível inferir que a autopercepção da saúde bucal pode impactar na qualidade de vida dos usuários de substâncias psicoativas e que a exposição à infecção por COVID-19 pode ser influenciada pelo uso das drogas. Dentro das dimensões do OHIP-14, desconforto psicológico e dor física apresentaram alto impacto na qualidade de vida dos participantes. O estudo demonstrou que existia relação entre autopercepção da saúde bucal, risco de exposição à infecção pela COVID-19 e padrão de uso de substâncias psicoativas nesses usuários, e que foram fortemente influenciados por fatores socioeconômicos desfavoráveis.

Study Object:

self-perception of oral health among users of psychoactive substances during the COVID-19 pandemic.

Objective:

To analyze the impact of self-perception of oral health on the quality of life of users of psychoactive substances during the COVID-19 pandemic.

Specific Objectives:

Specific Objectives: to identify the sociodemographic and labor profile, habits, and oral health behaviors of psychoactive substance users in the context of the COVID-19 pandemic; to identify drug use and COVID-19 risks among psychoactive substance users during the pandemic; to identify the self-perception of oral health among psychoactive substance users in the context of the COVID-19 pandemic; and to associate the self-perception of oral health of psychoactive substance users with oral health behavior, psychoactive substance use, and the risk of COVID-19 exposure.

Methodology:

This is a cross-sectional, descriptive study conducted at a specialized service for problems related to psychoactive substances at a university hospital located in the municipality of Rio de Janeiro. Forty-two users participated in the study, selected by convenience sampling. Two instruments were used to collect data on the sociodemographic profile, oral health habits and behavior, use of psychoactive drugs and information related to COVID-19. A scale called OHIP-14 was also used, which assessed the self-perception of oral health. The questions are directed to the individual’s last six months of life, where response options include: always (score 4), repeatedly (score 3), sometimes (score 2), rarely (score 1), and never (score 0). The analysis of the results obtained was performed using the additive method, which consists of summing the points (from 0 to 4) assigned to the responses given to each of the 14 items. The research was approved by the Ethics Committee.

Results:

Users of psychoactive substances were mostly male (85.7%), with a primary education level (45.2%) and a mean age of 47.2 years. Regarding employment status, 64.3% reported being unemployed; 61.9% depended on social benefits, and 35.7% were homeless. Concerning drug use, 81.0% used alcohol, followed by cocaine at 66.7%, cigarettes at 54.8%, and marijuana at 47.6%. Regarding adherence to social distancing during the COVID-19 pandemic, 61% either never managed or were concerned about following safety guidelines. Half of the participants (50%) reported using drugs in a shared manner with up to 2 people. Regarding oral health habits and behaviors, 83.3% of participants reported brushing their teeth, and 47.6% said they used dental floss. Dental visits for rehabilitation were cited by ¾ of the participants, and another 40.5% mentioned seeking professional help due to pain. Most respondents reported an increase in drug consumption compared to the period before the pandemic, with alcohol and cocaine being the most common among the studied population. Suspected COVID-19 was higher among those seeking dental care for aesthetic reasons compared to other reasons (p=0.027). Suspected COVID-19 was prevalent in the group seeking care for other reasons compared to those seeking care for "prevention" (p<0.10). It was observed that the risk of exposure to SARS-CoV-2 was more common among participants who completed dental treatment compared to those who did not complete it (p=0.035). Physical pain and psychological discomfort were reported by 54.8% and 73.8% of participants, respectively. Those who reported using dental floss showed a greater impact on psychological discomfort (p < 0.05). The social disadvantage dimension was positively related to reports of pain and dental visits within the last year (p < 0.01).

Conclusions:

It was possible to infer that self-perception of oral health can impact the quality of life of users of psychoactive substances and that exposure to COVID-19 infection may be influenced by drug use. Within the dimensions of the OHIP-14, psychological discomfort and physical pain showed a high impact on the participants’ quality of life. The study demonstrated that there was a relationship between self-perception of oral health, risk of exposure to COVID-19 infection, and pattern of psychoactive substance use in these users, and that they were strongly influenced by unfavorable socioeconomic factors.

Objeto de Estudio:

autopercepción de la salud bucal entre usuarios de sustancias psicoactivas durante la pandemia de COVID-19.

Objetivo General:

Analizar el impacto de la autopercepción de la salud bucal en la calidad de vida de los usuarios de sustancias psicoactivas durante la pandemia de COVID-19.

Objetivos Específicos:

Objetivos Específicos: identificar el perfil sociodemográfico, laboral, hábitos y comportamientos de salud bucal de los usuarios de sustancias psicoactivas en el contexto de la pandemia de COVID-19; identificar el uso de drogas y los riesgos de COVID-19 en usuarios de sustancias psicoactivas durante la pandemia; identificar la autopercepción de la salud bucal de los usuarios de sustancias psicoactivas en situación de pandemia de COVID-19; y asociar la autopercepción de la salud bucal de los usuarios de sustancias psicoactivas, comportamiento de salud bucal, consumo de drogas psicoactivas y riesgo de exposición a la COVID-19.

Metodología:

Se trata de un estudio transversal, descriptivo, realizado en un servicio especializado en problemas relacionados con sustancias psicoactivas, de un hospital universitario ubicado en el municipio de Río de Janeiro. Participaron en el estudio 42 usuarios, seleccionados por muestreo de conveniencia. Se utilizaron dos instrumentos para recolectar datos sobre el perfil sociodemográfico, hábitos y conductas de salud bucal, uso de drogas psicoactivas e información relacionada con el COVID-19. También se utilizó una escala denominada OHIP-14, que evaluó la autopercepción de la salud bucal. Las preguntas están dirigidas a los últimos seis meses de la vida del individuo, donde las opciones de respuesta incluyen: siempre (valor 4), repetidamente (valor 3), a veces (valor 2), raramente (valor 1) y nunca (valor 0). El análisis de los resultados obtenidos se realizó mediante el método aditivo, que consiste en la suma de los puntos (de 0 a 4) atribuidos a las respuestas dadas a cada uno de los 14 ítems. La investigación fue aprobada por el Comité de Ética.

Resultados:

Los usuarios de sustancias psicoactivas eran en su mayoría hombres (85,7%), con grado de escolaridad de enseñanza básica (45,2%), edad media de 47,2 años. En cuanto a la situación laboral, el 64,3% informó estar desempleado; el 61,9% dependía de beneficios sociales y el 35,7% vivía en situación de calle. Sobre el uso de drogas, el 81,0% consumía alcohol, seguido de cocaína con un 66,7%, cigarrillo con un 54,8% y marihuana con un 47,6%. En cuanto al distanciamiento social durante la pandemia de COVID-19, el 61% nunca logró o se preocupó por seguir las normas de seguridad. La mitad de los participantes (50%) informó que usaba drogas de manera compartida con hasta 2 personas. En relación a los hábitos y comportamiento de salud bucal, se verificó que el 83,3% de los participantes respondieron que se cepillaban los dientes y el 47,6% dijeron usar hilo dental. La visita al dentista para rehabilitación fue el motivo referido por ¾ de los participantes y otros 40,5% refirieron buscar ayuda profesional por motivo de dolor. La mayoría de los entrevistados informó un aumento en el consumo de drogas en relación al período anterior a la pandemia, siendo las más comunes el alcohol y la cocaína dentro de la población estudiada. La sospecha de COVID-19 fue mayor entre aquellos que buscaron atención odontológica por motivo estético en comparación con otros motivos (p=0,027). La sospecha de COVID-19 fue prevalente en el grupo que buscó atención por otros motivos en comparación con aquellos que buscaron atención por motivo de "prevención" (p<0,10). Se observó que el riesgo de exposición al SARS-CoV-2 fue más común entre los participantes que concluyeron el tratamiento odontológico en comparación con aquellos que no lo concluyeron (p=0,035). El dolor físico y el malestar psicológico fueron referidos por el 54,8% y el 73,8% de los participantes, respectivamente. Aquellos que refirieron uso de hilo dental presentan mayor impacto en cuanto al malestar psicológico (p < 0,05). La dimensión de desventaja social estaba positivamente relacionada con los informes de dolor y visita al dentista hace menos de un año (p < 0,01).

Conclusiones:

Se pudo inferir que la autopercepción de la salud bucal puede impactar en la calidad de vida de los usuarios de sustancias psicoactivas y que la exposición a la infección por COVID-19 puede estar influenciada por el uso de drogas. Dentro de las dimensiones del OHIP-14, el malestar psicológico y el dolor físico presentaron un alto impacto en la calidad de vida de los participantes. El estudio demostró que existía relación entre autopercepción de la salud bucal, riesgo de exposición a la infección por COVID-19 y patrón de uso de sustancias psicoactivas en estos usuarios, y que fueron fuertemente influenciados por factores socioeconómicos desfavorables.

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