Vivências de mulheres com sofrimento psíquico no período puerperal: interpretações e significados
Experiences of women with psychological suffering in the puerperium: interpretations and meanings

Publication year: 2023
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo, Escola de Enfermagem de Ribeirão preto to obtain the academic title of Mestre. Leader: Gozzo, Thais de Oliveira

Objetivo:

conhecer as interpretações e os significados das vivências de mulheres que apresentaram indícios de sofrimento(os) psíquico(os) durante o período puerperal e/ou puerpério.

Método:

investigação qualitativa protagonizada por 27 puérperas paulistas. Norteada pela bússola do referencial teórico do Interacionismo Simbólico e tramitada pelo referencial metodológico da Análise de Narrativa.

Os critérios de inclusão foram:

mulheres com idade ≥ a 18 anos e ≤ que 35 anos, que durante a gestação foram consideradas de risco habitual, com até seis meses de período puerperal e que apresentassem indícios de sofrimento(s) psíquico(s).

Os critérios de exclusão foram:

mulheres com diagnóstico(s) psíquico(s) prévio(s) de transtornos do neurodesenvolvimento, espectro da esquizofrenia, transtorno bipolar; mulheres que tiveram parto prematuro, óbito fetal, natimorto e aborto. Para a coleta dos dados utilizou-se de um formulário com dados sociodemográficos e obstétricos, e por entrevista semiestruturada com pergunta norteadora: Conte-me como têm sido suas vivências no período puerperal e/ou puerpério. As entrevistas foram realizadas de fevereiro a abril de 2022.

Resultados:

As narrativas analisadas produziram seis categorias e oito subcategorias: I. Desencantos no período puerperal - Tateando o período puerperal na concretude; Cansaço inexorável na práxis da maternidade; Devoção nos cuidados com o recém-nascido; Intempéries corporais no período puerperal e o autocuidado à mingua; II. Via crucis da amamentação; III. Descortinando os laços de suporte; IV. Inquietudes no período puerperal - O terror do "cuco-cuco" do relógio; V. Nuances do sofrimento psíquico no período puerperal - Táticas para o enfrentamento dos sofrimentos psíquicos no período puerperal; VI. Tons de violência - Violência contra a mulher ocorrendo no lar; Violência contra a mulher nos espaços de saúde.

Considerações finais:

ao ingressar no universo puerperal, as dificuldades encontradas com os cuidados com o recém-nascido e amamentação, entre outras situações, como a violência, que apontam para a susceptibilidade da mulher ao blues puerperal, à fadiga, à ansiedade e à depressão puerperal; além de outros sofrimentos como a autolesão não suicida, o transtorno de compulsão alimentar periódica e ao obsessivo-compulsivo puerperal. Neste universo, os profissionais de saúde devem se concentrar no apoio, aconselhamento e serem facilitadores do aleitamento materno. Não menos importante, os profissionais devem receber preparo para a detecção/tratamento/acompanhamento dos sofrimentos psíquicos no período puerperal e serem capacitados para a detecção de violência contra a mulher

Objective:

to know the interpretations and meanings of the experiences of women who presented signs of psychological suffering during the puerperium.

Method:

qualitative research conducted by 27 puerperae from São Paulo. Guided by the compass of the theoretical framework of Symbolic Interactionism and processed by the methodological framework of Narrative Analysis.

Inclusion criteria were:

women aged ≥ 18 years and ≤ 35 years, who during pregnancy were considered at usual risk, with up to six months of puerperal period and who presented evidence of psychic suffering(s).

The exclusion criteria were:

women with previous psychiatric diagnosis(s) of neurodevelopmental disorders, schizophrenia spectrum, bipolar disorder; women who had premature birth, foetal death, stillbirth and abortion. For data collection, a form was used with sociodemographic and obstetric data, and a semi-structured interview with a guiding question: Tell me about your experiences in the puerperal and/or puerperium period. The interviews were conducted from February to April 2022.

Results:

I.

Disenchantments in the puerperium:

groping the puerperium in concreteness; inexorable fatigue in the praxis of maternity; devotion to the care of the newborn; unpleasant bodily changes in the puerperium and fragile self-care; II. Via crucis of breastfeeding; III. Unveiling the bond of support; IV.

Restlessness in the puerperium:

the terror of the "cuckoo-cuckoo" of the clock; V.

Nuances of psychological suffering in the puerperium:

tactics for coping with psychological suffering in the puerperium; VI. Tones of violence - Violence against women occurring in the home; Violence against women in health care spaces.

Final considerations:

when entering the world of the puerperium, the difficulties encountered with the care of the newborn and breastfeeding point to the woman's susceptibility to puerperal blues, fatigue, anxiety, and puerperal depression. Moreover, other sufferings such as non-suicidal self-injury, periodic binge eating disorder, and puerperal obsessive-compulsive disorder may also occur. Nonetheless, professionals should be prepared for the detection, treatment, and follow-up of psychological depression and be trained to detect violence against women in the puerperium

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