Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faculdade de Medicina to obtain the academic title of Doutor. Leader: Carneiro, Sueli Coelho da Silva
Introdução:
A disbiose intestinal parece desempenhar um papel importante em
diversas doenças imunomediadas, havendo um interesse crescente em compreender a
influência do microbioma intestinal na doença psoriásica.
Objetivos:
Estudar o microbioma intestinal em pacientes com doença psoriásica
grave em comparação com indivíduos sem psoríase. Em paralelo, avaliar as
diferenças do microbioma intestinal de indivíduos portadores de psoríase, com e sem
doença articular associada. Por fim, avaliar o microbioma dos indivíduos do grupo
controle, diferenciando-os quanto a história positiva de psoríase em parentes de
primeiro grau.
Métodos:
Estudo tipo caso controle, onde foi realizado sequenciamento do gene 16S
rRNA V3/V4 e análises bioinformáticas com o DNA total extraído de amostras de
fezes de 30 pacientes com doença psoriásica grave e 30 controles, pareados por idade
e sexo e pertencentes à mesma localização geográfica. A classificação de gravidade
respeitou os critérios do consenso, sendo considerados graves aqueles com superfície
corporal acometida acima de 10% e/ou escore de PASI maior que 10 e/ou
questionário DLQI maior que 10.Resultados:
Foram estudados 60 indivíduos. Não se documentou diferença em alfa
diversidade entre os grupos (p > 0.05). Entretanto, a análise da diversidade beta do
microbioma intestinal mostrou diferentes agrupamentos entre os pacientes portadores
de psoríase quando comparados aos controles (p = 0.031). A relação
Firmicutes/Bacteriodetes (F/B) foi maior nos expostos (p = 0.05). A abundância
diferencial ajustada mostrou aumento da expressão do gênero Sutterella (p < 0.01) e
da espécie Sutterella wadsworthensis (p < 0.05) no grupo com psoríase. Quando
comparados pacientes com e sem doença articular, não foi possível documentar
diferenças em termos de alfa ou betadiversidade. Entretanto, pacientes com artrite
psoriásica estabelecida apresentaram maior expressão do gênero Bacterioides (p =
0.02), além da espécie Bacteriodes uniformes (p = 0.03). Não foi identificada
qualquer diferença relevante entre os controles, quando comparados indivíduos com e
sem história familiar de psoríase.
Conclusões:
Foi possível demonstrar um microbioma intestinal diferente entre os
portadores de doença psoriásica grave, quando comparados aos controles sem
psoríase. Verificou-se uma maior expressão, significativa, do gênero Sutterella e da
espécie Sutterella wadsworthensis entre os portadores de doença psoriásica, podendo representar uma marca da disbiose relacionada à esta doença. Em paralelo, verificouse diferenças estatísticamente siginificativas entre pacientes com doença articular,
sendo, porém, uma marca nestes pacientes a maior expressão do gênero Bacterioides
e da espécie Bacteriodes uniformes. Cabe destacar que a razão F/B foi inferior nos
expostos. Achado não inédito, porém contrário a maior parte das publicações onde se
demonstra predomínio do filo Firmicutes entre doentes. Do mesmo modo, redução de
Akkermansia e Ruminoccocus, previamente relacionados à doença psoriásica, não
foram verificados. Talvez por baixa leitura em ambos os grupos. Por fim, não houve
diferença naqueles indivíduos com história familiar de psoríase em parentes de
primeiro grau, em termos de microbioma intestinal. Este trabalho é um dos poucos
estudos brasileiros e traz novas evidências sobre microbioma e psoríase.
Consideramos que o microbioma merece atenção, especialmente porque traz
diferentes oportunidades de intervenção, embora ainda existam alguns pontos a serem
confirmados com estudos prospectivos.(AU)
Background:
Gut dysbiosis may play a role in immune-mediated diseases. There is a
growing interest in understanding microbiome influence in psoriasis.
Objectives:
To study the gut microbiome in patients with severe psoriatic disease,
when compared with individuals without psoriasis. In parallel, to evaluate the
differences in the gut microbiome of individuals with psoriasis, with and without
psoriatic arthritis. Finally, to evaluate the microbiome of individuals in the control
group, differentiating them based on a positive family history of psoriasis in firstdegree relatives.
Methods:
V3/V4 16S rRNA gene sequencing and bioinformatic analyses were
performed with the total DNA extracted from the stool samples of 30 patients with
severe plaque psoriasis and 30 age and gender-matched controls from the same
geographic location. The severity classification respected the consensus criteria, with
those with an affected body surface area above 10% and/or a PASI score greater than
10 and/or a DLQI questionnaire also greater than 10; being considered severe disease.
Results:
Sixty individuals were studied. No difference in alpha-diversity was
documented between the groups (p > 0.05). Beta-diversity analysis showed different
clustering of the gut microbiome in severe psoriasis when compared with controls (p
= 0.031). Firmicutes/Bacteriodetes ratio was higher psoriasis (p = 0.05). Adjusted
differential abundance showed an increased expression of Sutterella gender (p < 0.01)
and Sutterella wadsworthensis species (p < 0.05) in psoriasis group. When comparing
patients with and without joint disease, it was not possible to document differences in
terms of alpha or beta diversity. However, patients with established psoriatic arthritis
showed higher expression of the Bacterioides genus (p = 0.02), and Bacteriodes
uniform species (p = 0.03). No relevant difference was identified between controls
when comparing individuals with and without a family history of psoriasis. Conclusions:
It was possible to demonstrate a different pattern of gut microbiome
among those with severe psoriatic disease, when compared to controls. There was a
significant greater expression of the genus Sutterella and Sutterella wadsworthensis
species among patients, which may represent a sign of dysbiosis related to psoriasis.
In parallel, there were no statistically significant differences in alpha and beta
diversity between patients with joint disease when compared to those without
psoriatic arthritis. However, a hallmark in these patients was the greater expression of
the genus Bacterioides and the species Bacteriodes uniformes. It is worth noting that the F/B ratio was lower in psoriatic patients. This is not an unprecedented finding, but
contrary to most publications that demonstrates the predominance of the Firmicutes
phylum among patients. Likewise, reduction of Akkermansia and Ruminoccocus,
previously related to psoriatic disease, were not verified in our sample. Perhaps due to
low reading in both groups. Finally, there was no difference in those individuals with
a family history of psoriasis in first-degree relatives, in terms of gut microbiome. This
paper is one of the few Brazilian studies and brings insights into microbiome and
psoriasis. Microbiome deserves our attention, especially since it brings different
opportunities for intervention, although there are still some key points to be confirmed
with prospective studies.(AU)