O acesso aos serviços de saúde em atenção primária constitui um desafio. O Acesso Avançado surge como alternativa para melhoria desse atributo.

O estudo tomou como objeto a visão dos profissionais médicos na implementação da nova forma de acesso e os objetivos foram:

caracterizar o perfil dos participantes, descrever a percepção dos profissionais médicos quanto ao processo de implementação do acesso, analisar os resultados na perspectiva da Estratégia Saúde da Família e produzir um vídeo formativo. É de caráter descritivo exploratório de abordagem qualitativa com base na pesquisa de implementação. O local da pesquisa foi a Região de Saúde Sul da Prefeitura do Município de São Paulo e compreendeu as treze unidades de saúde dos distritos de Campo Limpo e Vila Andrade. Os participantes foram treze profissionais médicos correspondentes a cada unidade, selecionados sob indicação dos gestores. Adotou-se como critério de inclusão profissionais que tivessem participado do processo de implementação do Acesso Avançado. Utilizou-se um roteiro de entrevista semiestruturado abordando a historicidade, o papel dos profissionais, os limites e as potencialidades do processo. Os participantes foram contatados previamente por uma pesquisadora para organização da agenda e coleta de dados. Realizou-se leitura exploratória e exaustiva, identificando-se elementos relacionados ao tema do projeto. Após essa etapa, investiu-se na codificação com o apoio do software Atlas ti. Uma vez codificados, retomou-se a construção das categorias, relacionando-as aos princípios do Acesso Avançado e ao processo de análise situacional do acesso.

As categorias e subcategorias elencadas foram:

a) equilíbrio oferta e demanda domínio de território, reconhecimento da demanda, fatores ambientais; b) organização do trabalho reorganização do processo de trabalho, trabalho multidisciplinar, ferramentas tecnológicas e trabalho em rede; c) educação permanente; d) processo transformativo. Em consonância com os objetivos e metodologia definidos, propôs-se a organização dos resultados e sua análise segundo os núcleos temáticos descritos. Dos treze participantes, 77% dispunham de capacitação na área de Saúde da Família e apresentavam tempo de atuação de um a dezenove anos. Quanto ao primeiro tema, salientou-se a complexidade da conciliação entre o excesso da população e a capacidade operativa das equipes, enfatizando-se o domínio do território como uma premissa. O segundo tema integra as condições estruturais como aspectos de ajustes para a nova dinâmica de atividades. O terceiro tema reuniu aspectos estratégicos de recombinação de trabalhos entre equipes dentro e fora da unidade, ampliando o cuidado. O quarto tema agrega o trabalho multidisciplinar, aspecto diferencial em Saúde da Família; os participantes sinalizaram a renovação no processo de divisão de trabalho, respaldado por mediações tecnológicas e resgate aos trabalhos relacionais. O quinto tema refere-se à educação permanente como matriz central. O sexto, destaca as repercussões do novo formato de acesso e os profissionais como base da transformação. O acesso avançado mostrou-se viável na prática e meio facilitador de entrada da população aos serviços. O modelo condiciona o resgate das perspectivas de trabalho multidisciplinar, inserção dos usuários no processo de cuidado e o necessário investimento em educação permanente. A produção do vídeo visa a contribuir para o processo formativo dos profissionais.