Análise dos parâmetros clínicos, imaginológicos, cirúrgicos, histológicos e taxas de recidiva de ameloblastoma tratados no serviço de cirurgia e traumatologia bucomaxilofacial do Hospital das Clínicas da UFMG: uma coorte retrospectiva
Analysis of the clinical, imaging, surgical and histological parameters to the success rates of ameloblastoma treatment: a retrospective cohort study
Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Minas Gerais, Faculdade de Odontologia to obtain the academic title of Doutor. Leader: Gomez, Ricardo Santiago
O ameloblastoma é uma neoplasia odontogênica benigna originada de remanescentes do epitélio odontogênico com padrão de crescimento lento, porém infiltrativo nos tecidos adjacentes.
Apresenta três variantes clínicas:
convencional, unicística e periférica, as quais diferem em seu comportamento biológico e consequentemente na resposta às modalidades terapêuticas disponíveis. Essas modalidades são classificadas como conservadoras (enucleação e excisão cirúrgicas) e radicais (ressecção marginal e segmentar). As técnicas conservadoras são empregadas para o tratamento do ameloblastoma unicístico, devido ao seu aspecto encapsulado, e para o periférico, por se tratar de uma lesão restrita aos tecidos moles. Já as técnicas radicais são mais indicadas para o manejo do ameloblastoma convencional, o qual apresenta um comportamento mais infiltrativo. Os protocolos terapêuticos para o manejo da lesão disponíveis variam de acordo com os autores dos trabalhos e seu emprego sofre influência de fatores clínicos e imaginológicos (localização e extensão da lesão, envolvimento de dentes adjacentes, idade e escolha do paciente, histórico de recidivas, preferência do cirurgião) e histológicos (subtipo histológico). Por esse motivo o presente estudo visou analisar, de forma retrospectiva, casos de ameloblastoma tratados por um mesmo cirurgião entre os anos de 2002 e 2023. A amostra foi constituída por 12 casos de ameloblastoma unicístico e 24 de ameloblastoma convencional. Os dois grupos foram avaliados separadamente. Houve predileção pelo sexo feminino em ambos, e a média de idade foi de 27,25 e 40,2 anos, respectivamente. As lesões foram predominantemente encontradas em mandíbula posterior nos dois grupos. Radiograficamente, houve predominância do aspecto unilocular, nos casos de ameloblastoma unicístico (91,7%), e do padrão multilocular, para o ameloblastoma convencional (83%). A extensão média das lesões foi de 46,14mm e 41,06mm, respectivamente. Reabsorção radicular, deslocamento dentário e perfuração de corticais foram observados em ambos os grupos. O subtipo histológico mural correspondeu a 75% dos casos de ameloblastoma unicístico, enquanto o subtipo folicular respondeu por 79% dos casos do tipo convencional. A análise microscópica de margens quanto à infiltração tumoral foi realizada nas amostras de ameloblastoma convencional e revelou margens infiltradas em 4 casos (16%) e livres de doença em 20 casos (83%). Quanto à terapia cirúrgica adotada, todos os casos unicísticos (n=12, 100%) foram tratados conservadoramente (enucleação + ostectomia periférica + cauterização com solução de Carnoy), enquanto todos os casos de ameloblastoma convencional (n=24; 100%) foram submetidos à ressecção (marginal ou segmentar). Nenhuma abordagem adicional foi empregada nos casos de ameloblastoma convencional que apresentaram as margens infiltradas. As taxas de recidiva observadas foram de 8,33% em ambos os grupos, correspondentes a uma lesão unicística mural e a dois casos de ameloblastoma convencional do subtipo folicular cujas margens encontravam-se livres de doença, o que não exclui a possibilidade de recidivas. O período médio de follow-up foi de 62 e 79 meses, respectivamente. Nossos achados sugerem que uma abordagem conservadora deve ser a primeira opção para o tratamento do ameloblastoma unicístico, mesmo para aqueles com proliferação mural e que o ameloblastoma convencional deve ser tratado preferencialmente através de ressecçã marginal/segmentar por se considerar seu caráter mais infiltrativo nos tecidos adjacentes.
Ameloblastoma is a benign odontogenic neoplasm originating from remnants of odontogenic epithelium which grows slowly but infiltrating the surrounding tissues.