Avaliação do perfil metabólico e da composição corporal por bioimpedância de crianças com displasia septo-óptica
Assessment of the metabolic profile and body composition by bioimpedance of children with septo-optic dysplasia

Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faculdade de Medicina to obtain the academic title of Mestre. Leader: Beserra, Izabel Calland Ricarte

Introdução:

A Displasia septo-óptica (DSO) é uma condição clínica relativamente rara, com uma prevalência de 1:10.000 a 20.000 nascidos vivos. O seu diagnóstico é clínico, sendo realizado quando há pelo menos 2 dos componentes da tríade clássica: hipoplasia de nervo óptico (HNO), malformação de linha média e disfunções hipofisárias. Até 70% dos pacientes com DSO podem apresentar deficiências hormonais. Apesar de relativamente rara, tem-se observado um aumento significativo da sua incidência ao longo dos anos, de maneira que cada vez mais estudos estão sendo elaborados para melhor entendimento de sua fisiopatologia. Estima-se uma maior prevalência de obesidade na síndrome, justificada pelos defeitos hipotalâmicos que podem levar a alterações metabólicas como hiperfagia e alterações de sensibilidade da leptina, favorecendo o ganho ponderal. Além disso, as deficiências hormonais hipofisárias, como a deficiência do hormônio de crescimento (GH), também contribuem para agravar o quadro.

Objetivos:

Avaliar o perfil metabólico, por meio da análise clínica, laboratorial e de bioimpedância elétrica (BIA) dos pacientes com DSO acompanhados no ambulatório de endocrinologia do IPPMG-UFRJ.

Metodologia:

Estudo transversal descritivo de coorte de pacientes com DSO acompanhados no ambulatório de endocrinologia do IPPMG-UFRJ.

Resultados:

Foram encontrados 48 indivíduos com DSO (50% do sexo feminino), sendo 28 com seguimento regular. As idades médias de diagnóstico e de encaminhamento ao ambulatório de endocrinologia foram de 3,90 ± 3,85 anos e 3,15 ± 3,30 anos, respectivamente, e a idade média atual daqueles que mantém acompanhamento foi de 7,46 ± 4,83 anos. A idade materna era ≤ 25 anos no momento do parto em 64% (25/39), sendo 44,44% (n=20/45) delas primigestas. Quanto aos critérios diagnósticos da DSO, em 92,6% (N=38/41) foi identificada HNO (78,9% bilateralmente); 95,3% (N=41/43) apresentaram alterações estruturais de linha média em exame de neuroimagem, 85,7% (N=24/28) alterações estruturais de sela túrcica e 73% apresentaram pelo menos uma deficiência hormonal, dos quais 2/3 apresentaram múltiplas disfunções hipofisárias. A disfunção mais frequente foi do hormônio tireotrófico (TSH), seguida pela de GH e hormônio adrenocorticotrófico (ACTH). Foram encontradas as medianas de valores de glicemia, colesterol total, LDL, HDL e triglicerídeos de 77 mg/dL,187 mg/dL, 112,7 mg/dL, 48 mg/dL e 107 mg/dL, respectivamente. Na avaliação da bioimpedância (BIA), foi encontrada uma mediana de 18,7% para massa gorda e uma mediana de 81,3% para massa magra. Na avaliação da distribuição da massa magra entre massa óssea e massa muscular, foi encontrada uma mediana de 4,3% e uma mediana de 28,4%, respectivamente. Dez participantes apresentaram percentual de massa óssea baixo e 9 participantes apresentaram percentual de massa muscular baixo. Onze participantes apresentaram pelo menos 1 destes percentuais abaixo dos valores de referência.

Conclusão:

Mais de 1/3 dos pacientes apresentava os 3 critérios da tríade clássica de DSO e 2/3 disfunções hipofisárias. Não houve alterações significativas de glicemia, TGO, TGP. A dislipidemia se mostrou presente na maioria dos pacientes, com mais da metade com LDL elevado e quase 2/3 com hipertrigliceridemia. A maioria dos pacientes foi classificada como eutrófica pelo índice de massa corporal (IMC), no entanto ¼ apresentou percentual elevado de massa gorda e quase 80% percentual de massa magra baixo, sendo ¾ com baixo percentual de massa óssea. Recomendase que a BIA não seja substituída pela avaliação do IMC nos pacientes com DSO.(AU)

Background:

Septo-optic dysplasia (SOD) is a rare clinical condition, with a prevalence of 1:10,000 to 20,000 live births. Its diagnosis is clinical, being made when there are at least 2 of the components of the classic triad: optic nerve hypoplasia (ONH), midline malformation and pituitary dysfunction. Up to 70% of patients with SOD may experience hormonal deficiencies. Despite being rare, a significant increase in its incidence has been observed over the years, so that more and more studies are being carried out to better understand its pathophysiology. A higher prevalence of obesity in the syndrome is estimated, justified by hypothalamic defects that can lead to metabolic changes such as hyperphagia and changes in leptin sensitivity, favoring weight gain. Furthermore, pituitary hormonal deficiencies, such as growth hormone (GH) deficiency, also contribute to aggravating the condition.

Objective:

To evaluate the metabolic profile, through clinical, laboratory and bioelectral impedance (BIA) analysis of cohort of patients with SOD followed at the endocrinology outpatient clinic at IPPMG-UFRJ.

Methodology:

Descriptive study of cohort of patients with SOD followed at the endocrinology outpatient clinic at IPPMG-UFRJ.

Results:

48 individuals with SOD were found (50% female), 28 of whom had regular follow-up. The average ages at diagnosis and referral to the endocrinology outpatient clinic were 3.90 ± 3.85 years and 3.15 ± 3.30 years, respectively, and the current average age of those who maintain follow-up was 7.46 ± 4 .83 years. Maternal age was ≤ 25 years at the time of birth in 64% (25/39), with 44.44% (n=20/45) of them being primiparous. Regarding the diagnostic criteria for SOD, ONH was identified in 92.6% (N=38/41), 78.9% bilaterally; 95.3% (N=41/43) had midline structural changes on neuroimaging examination, 85.7% (N=24/28) had structural changes in the sella turcica and 73% had at least one hormonal deficiency, of which 2/3 had multiple pituitary dysfunctions. The most frequent dysfunction was thyrotropic hormone (TSH), followed by GH and adrenocorticotropic hormone (ACTH). A median of blood glucose level, cholesterol, LDL, HDL and triglycerides of 77 mg/dL, 187 mg/dL, 112.7 mg/dL, 48 mg/dL and 107 mg/dL were found, respectively. In the BIA assesment, a median of 18.7% was found for fat mass and a median of 81.3% for lean mass. When evaluating the distribution of lean mass between bone mass and muscle mass, a median of 4.3% and 28.4% were found, respectively. Ten participants had a low bone mass percentage, and 9 participants had a low muscle mass percentage. Eleven participants presented at least one of these percentages below the reference values.

Conclusion:

More than 1/3 of the patients presented the classic triad criteria of SOD and 2/3 had pituitary dysfunction. There were no significant changes in blood glucose, TGO, TGP. Dyslipidemia was present in most patients, with more than half having elevated LDL and almost 2/3 having hypertriglyceridemia. Most patients were classified as eutrophic based on body mass index (BMI), however ¼ had a high percentage of fat mass and almost 80% a low percentage of lean mass, with ¾ having a low percentage of bone mass. We recommended that BIA not be replaced by BMI assessment in patients with SOD.(AU)

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