Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faculdade de Medicina to obtain the academic title of Doutor. Leader: Cunha, Antônio José Ledo Alves da
Introdução:
A lesão neurológica periférica envolvendo o nervo fibular comum causado
pela Hanseníase pode levar ao pé caído, causando alterações do padrão da marcha. A
correção cirúrgica com a transposição tendinosa pode restabelecer a dorsiflexão e
melhorar a marcha desses pacientes, entretanto nenhum estudo usando análise
tridimensional descreveu os parâmetros espaço-temporais, cinemática e dinâmica no préoperatório e/ou pós-operatório. Objetivo:
Descrever as alterações biomecânicas da
marcha em pacientes portadores de hanseníase e pé caído unilateral, e demonstrar as
modificações após a transposição do tibial posterior para o dorso do pé. Metodologia:
12
pacientes provenientes do ambulatório de cirurgia do pé do HUCFF portadores de
hanseníase e pé caído foram avaliados no laboratório de marcha da COPPE. Um grupo
controle com 15 indivíduos saudáveis pareado por peso e altura foi utilizado. Em uma
segunda etapa, 10 pacientes foram avaliados no pré-operatório e seus resultados
comparados com os dados de 5 pacientes desta amostra submetidos à correção cirúrgica.
Um novo grupo controle com 12 indivíduos saudáveis foi utilizada. Resultados:
Os
pacientes andaram mais devagar que o grupo controle (0,8 ± 0,2 vs. 1,1 ± 0,2 m/s, p=
0,003), com redução do tempo de apoio e aumento do balanço. O membro afetado
demostrou aumento da flexão plantar no contato inicial ( -16.8° ± 8.3), apoio terminal ( -
29.1°± 11.5), e no balanço ( -12.4° ± 6.2) comparado ao membro não-afetado ( -6.6° ±
10.3; -14.6° ± 11.6; 2.4° ± 7.6) e ao grupo controle ( -5.4° ± 2.5; -18.8° ± 5.8; -1.4° ± 3.9)
(p< 0.05). Aumento da variação da inclinação pélvica e abdução/adução joelho, com
redução da adução do quadril no membro não-afetado foram observadas. O segundo pico
de reação do solo ( 98.6 ± 5.2 % peso corporal) , momento do tornozelo (0.99 ± 0.33
Nm/Kg) e trabalho total do tornozelo no apoio ( -0.03 ± 5.4 J/Kg) encontraram-se
reduzidos no membro afetado comparado ao grupo controle ( 104.1 ± 5.5 % peso
corporal;1.24 ± 0.4 Nm/kg; -4.58± 5.19J/kg; p < 0,05). Na segunda parte do estudo
observamos aumento da velocidade da marcha após a correção cirúrgica em relação ao
pré-operatório (0.86 ± 0.2; 0.96 ±0.2; p< 0,001). O membro afetado demonstrou melhora
na posição do tornozelo no contato inicial (-12.8 ± 3.0; -1.5 ± 3.5), redução no pico de flexão plantar durante o apoio (-25.1 ± 7.3; -12.7 ± 5.2) e aumento na média de
dorsiflexão no balanço (-16.4 ± 2.0; -8.7 ± 5.1; p<0,001) Conclusão: Pacientes
portadores de hanseníase e pé caído apresentaram alterações da marcha no membro
afetado e membro não-afetado. Houveram diferenças marcantes na cinética e cinemática
do tornozelo no pré-operatório. Após a correção cirúrgica, notamos melhora dos
parâmetros espaço-temporais e da cinemática do tornozelo, melhorando a marcha e assim
potencialmente prevenindo o aparecimento de complicações secundárias ao pé caído.(AU)
Introduction:
Peripheral nerve injury caused by leprosy can lead to foot drop, resulting
in an altered gait pattern. Surgical correction can restore ankle dorsiflexion potentially
improving gait mechanics, however that has not been previously described using 3D gait
analysis. Methods:
Gait kinematics and dynamics were analyzed in 12 patients with
unilateral foot drop caused by leprosy and in 15 healthy controls. Biomechanical data
from patients' affected and unaffected limbs were compared with controls.
Subsequentially, 10 patients were evaluated pre-operatively and the results compared
with the pos-operative data of 5 patients after tendon transfer. Results:
Patients walked
slower than controls (0.8 ± 0.2 vs. 1.1 ± 0.2 m/s, p = 0.003), with a reduced stance and
increased swing percentage. The affected limb increased (p < 0.05) plantar flexion at the
initial contact (-16.8° ± 8.3), terminal stance (-29.1° ± 11.5), and swing (- 12.4° ± 6.2) in
the affected limb compared to unaffected (- 6.6° ± 10.3; -14.6° ± 11.6; 2.4° ± 7.6) and
controls (-5.4° ± 2.5; -18.8° ± 5.8; - 1.4° ± 3.9). Increased pelvic tilt and knee
adduction/abduction range, with lower hip adduction in the affected limb were observed.
The second peak of ground reaction force (98.6 ± 5.2 %BW), ankle torque (0.99 ± 0.33
Nm/kg), and net ankle work in stance (- 0.03 ± 5.4 J/Kg) decreased in the affected limb
compared to controls (104.1 ± 5.5 %BW; 1.24 ± 0.4 Nm/kg; -4.58 ± 5.19 J/kg; p < 0.05).
In the second part of the study, increased gait speed after surgical correction compared to
pre-operative data (0.86 ± 0.2; 0.96 ±0.2; p< 0,001) was observed. The affected limb
showed improvement in the ankle position at initial contact (-12.8 ± 3.0; -1.5 ± 3.5), peak
plantar flexion reduction in stance (-25.1 ± 7.3; -12.7 ± 5.2) and increased ankle
dorsiflexion during swing (-16.4 ± 2.0; -8.7 ± 5.1; p<0,001). Conclusions:
Leprosy
patients with foot drop presented altered gait patterns in affected and unaffected limbs.
There were remarkable differences in ankle kinematics and dynamics. After surgical
correction, better spatial-temporal and ankle parameters were noted, improving gait
mechanics and potentially preventing secondary complications caused by drop foot.(AU)