Prevalência de hipovitaminose D em gestantes e fatores de risco associados: revisão sistemática e metanálise
Prevalence of hypovitaminosis D in pregnant women and associated risk factors: systematic review and meta-analysis

Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader: Aldrighi, José Mendes

Introdução:

A vitamina D exibe indispensável ação na mineralização óssea e homeostase do cálcio e fósforo, além de outras ações relacionadas à redução no risco de agravos cardiovasculares, infecciosos, neurológicos, autoimunes e metabólicos. Na mulher a hipovitaminose D assume particularidades, não só pela sua alta prevalência, mas também pelo impacto em todos os estágios de vida, como infância, adolescência, gestação, aleitamento e após a menopausa. No tocante à gestação os estudos mostram uma associação entre a hipovitaminose D e possibilidade de risco de algumas comorbidades, como síndromes hipertensivas gestacionais, diabetes melllitus e parto prematuro. Entretanto, a real prevalência da hipovitaminose, bem como a categorização de fatores de riscos associados na gestação não é consenso na literatura científica, informação de significado relevante em saúde pública.

Objetivos:

Estimar a prevalência de hipovitaminose D em gestantes a cada trimestre e identificar os fatores de risco associados.

Método:

Para estimar a prevalência de hipovitaminose D em gestantes, foi realizada uma revisão sistemática com metanálise, de acordo com as recomendações do PRISMA Statement para avaliação da prevalência de hipovitaminose D. Já para revisão de fatores de risco, foi realizada uma revisão de escopo, de acordo com o Instituto Joanna Briggs. A revisão incluiu artigos disponíveis nas bases de dados Medline/Pubmed, Lilacs e EMBASE, que especificaram a prevalência de hipovitaminose D ou seus fatores de risco, em cada um dos três trimestres de gestação.

Resultados:

Para a revisão sistemática, foram incluídos 116 artigos, abrangendo estudos de coorte, transversais ou caso-controle aninhados e somando 127.290 gestantes submetidas a avaliação sérica de 25-OHvitamina D. À metanálise, a população estudada mostrou uma carência significativa da vitamina D. Sessenta e oito porcento (IC 0,60-0,76) das gestantes no primeiro trimestre apresentavam concentrações séricas de 25OH vitamina D < 30ng/mL, 81% (IC 0,74-0,87) no segundo e 70% (IC 0,64-0,75) no terceiro trimestre. A revisão de escopo incorporou 18 artigos e apontou fatores de risco associados, como a naturalidade africana ou pele negra, o IMC >30kg/m2 - desde o período pré gestacional - e os hábitos de vestimenta com redução da pele exposta a radiação solar.

Conclusões:

A análise criteriosa dos estudos incluídos na presente revisão mostra que a hipovitaminose D na gestação:1.É uma condição universal e altamente prevalente; 2.Cursa nos três trimestres; 3.Está associada a fatores de risco como etnia africana e aos relacionados à síntese de vitamina D e comportamentais. Porém, as recomendações de sociedades médicas avaliados na presente revisão não recomendam, de forma oficial, o rastreamento e o tratamento da hipovitaminose D, nem a suplementação de vitamina D em doses, além daquelas já incluídas em polivitamínicos tradicionais.

Introduction:

Vitamin D plays an essential role in bone mineralization and the homeostasis of calcium and phosphorus. Its deficiency is associated with an increased risk of osteometabolic diseases, particularly osteoporosis. However, recent studies have highlighted other benefits of vitamin D, including a reduced risk of cardiovascular, infectious, neurological, autoimmune, and metabolic conditions. In women, hypovitaminosis D presents particular concerns due not only to its high prevalence but also to its impact across all life stages, including childhood, adolescence, pregnancy, breastfeeding, and post-menopause.Regarding pregnancy, studies suggest a potential association between hypovitaminosis D and the risk of comorbidities such as hypertensive disorders of pregnancy, gestational diabetes, and preterm birth. However, the true prevalence of hypovitaminosis D, as well as the categorization of associated risk factors during pregnancy, remains debated in the scientific literature, a factor of significant public health importance.

Objectives:

To estimate the prevalence of hypovitaminosis D in pregnant women in each trimester and identify associated risk factors.

Methods:

To estimate the prevalence of hypovitaminosis D in pregnant women, a systematic review and meta-analysis were conducted in accordance with PRISMA Statement guidelines for assessing hypovitaminosis D prevalence. Additionally, for the review of risk factors, a scoping review was conducted according to the Joanna Briggs Institute methodology. The review included articles available in the Medline/PubMed, Lilacs, and EMBASE databases that specified the prevalence of hypovitaminosis D or its risk factors in each trimester of pregnancy.

Results:

The systematic review included 116 articles encompassing cohort studies, cross-sectional studies, or nested case-control studies, totaling 127,290 pregnant women who underwent serum 25-OH-vitamin D evaluations. The metaanalysis revealed that the study population had a significant vitamin D deficiency. Sixty-eight percent (CI 0.60-0.76) of pregnant women in the first trimester had serum 25-OH D concentrations < 30ng/mL, 81% (CI 0.74-0.87) in the second trimester, and 70% (CI 0.64-0.75) in the third trimester. The scoping review incorporated 18 articles and identified associated risk factors, such as African ancestry or dark skin, BMI >30kg/m² from the pre-pregnancy period and clothing habits that limit skin exposure to sunlight.

Conclusions:

A thorough analysis of the studies included in this review indicates that hypovitaminosis D during pregnancy: 1. Is a universal and highly prevalent condition; 2. Persists across all three trimesters; 3. Is associated with risk factors such as African ethnicity and those related to vitamin D synthesis and behavioral factors. However, the articles reviewed do not officially recommend the screening and treatment of hypovitaminosis D, nor vitamin D supplementation beyond the doses already included in traditional multivitamins.

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