Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader: Sato, Priscila de Morais
Introdução:
Gênero, raça, ambiente e condição socioeconômica são alguns marcadores que podem levar a experiências de opressão no acesso à saúde, alimentação e direitos básicos. No Brasil, a vivência de mulheres negras e periféricas perpassa por violências que restringem direitos básicos. A interseccionalidade, definida como a "conceituação do problema que busca capturar as consequências estruturais e dinâmicas da interação entre dois ou mais eixos de subordinação", pode ser utilizada para compreender como diferentes opressões se manifestam em conjunto. Objetivo:
O objetivo deste estudo é compreender, no campo da saúde pública e a partir de uma perspectiva interseccional as vivências de mulheres negras em condição de vulnerabilidade social O foco do estudo será em gênero, condição socioeconômica, raça, estigma de corpo e ambiente Métodos: O delineamento do estudo é qualitativo, a partir da realização de entrevistas com oito mulheres negras moradoras do Jardim Colombo, aglomerado subnormal da zona sul de São Paulo. O método utilizado foi história de vida. A análise dos dados foi realizada pela análise de conteúdo, seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material, tratamento dos dados e inferência e interpretação. A partir dos códigos obtidos, está sendo realizada sua interpretação, visando relacionar o conteúdo obtido com o objetivo do estudo e referencial teórico inicial, utilizando a interseccionalidade como método analítico dos dados. Resultados:
A insegurança alimentar se mostrou presente na vida das mulheres, e o consumo de ultraprocessados era uma estratégia para evitar a fome. Vivências de trabalho, cuidar da casa e maternidade se mostraram presente desde a infância, o que levava à exaustão e abandono escolar. Dificuldades com saúde mental e o seu tratamento se mostraram presentes. Foram encontrados relatos trabalho infantil e com condições análogas à escravidão. As vivências de racismo e auto-identificação se mostraram presentes nas vidas das mulheres Conclusão: Foi observado que os marcadores sociais de raça/cor, gênero, corpo, condição socioeconômica e território influenciam consideravelmente nas vivências das mulheres ao longo da vida.
Introduction:
Gender, race, environment, and socioeconomic status are among the markers that can lead to experiences of oppression in access to healthcare, food, and basic rights. In Brazil, the experiences of Black women in peripheral areas are marked by violence that restricts basic rights. Intersectionality, defined as the "conceptualization of the problem that seeks to capture the structural and dynamic consequences of the interaction between two or more axes of subordination", can be used to understand how different oppressions manifest together.Objective:
The aim of this study is to understand, within the field of public health and from an intersectional perspective, the experiences of Black women in conditions of social vulnerability. The study will focus on gender, socioeconomic status, race, body stigma, and environment.Methods:
The study design is qualitative, based on interviews with eight Black women living in Jardim Colombo, a substandard settlement in the southern zone of São Paulo. The method used was life history. Data analysis was conducted using content analysis, following the steps of pre-analysis, material exploration, data processing, and inference and interpretation. Based on the obtained codes, their interpretation is being conducted to relate the content obtained with the study's objective and initial theoretical framework, using intersectionality as the analytical method for the data.Results:
Food insecurity was present in the women's lives, and the consumption of ultra-processed foods was a strategy to avoid hunger. Experiences of work, household care, and motherhood were present from childhood, leading to exhaustion and school dropout. Difficulties with mental health and its treatment were reported. Accounts of child labor and conditions analogous to slavery were found. Experiences of racism and self-identification were evident in the women's lives. Conclusion:
was observed that the social markers of race/color, gender, body, socioeconomic status, and territory significantly influence the women's experiences throughout their lives.