Publication year: 2023
Theses and dissertations in Portugués presented to the Fundação Oswaldo Cruz. Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas to obtain the academic title of Doutor. Leader: Valete, Cláudia Maria
Objetivo:
Avaliar se os pacientes usuários de Aparelho de Pressão Aérea Positiva Contínua (CPAP) pela Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) podem ter apresentado evolução favorável quando diagnosticados com COVID-19. Como objetivo secundário, avaliar se o(a) parceiro(a) dos usuários de CPAP foram mais infectados pela aerossolização conferida pelo uso da pressão aérea. Métodos Pacientes maiores de 18 anos com apneia do sono, acompanhados pela pesquisadora, foram contactados através de telefone e/ou endereço eletrônico ou de maneira presencial para responder questões referentes à infecção da COVID-19 e relatórios referentes ao uso do CPAP durante o período de pandemia, foram obtidos e avaliados. Foram excluídos os pacientes usuários de modelos de CPAP que não forneciam relatórios e os que os relatórios não foram obtidos. Os pacientes foram divididos em 2 grupos, de acordo com o uso do CPAP: boa adesão ao CPAP (uso> 4 horas) e mau adaptados (uso < 4 horas). Os cônjuges também foram divididos de acordo com o uso de CPAP do paciente. Os grupos foram então comparados em relação à sintomatologia e necessidade de internação. Resultados:
No geral, 57 adultos (68,4% do sexo masculino) foram divididos em dois grupos: 22 pacientes não aderentes e 35 pacientes aderentes à terapia com CPAP. A análise de regressão logística mostrou que nenhum parâmetro foi considerado preditor da presença de infecção sintomática por COVID-19. O índice de massa corporal (IMC) emergiu como parâmetro independente para necessidade de hospitalização: odds ratio ajustado: 1,270 (intervalo de confiança de 95%: 1,001-1,615). A adesão ao tratamento com CPAP não foi um preditor útil em nenhum dos desfechos avaliados. Em relação aos cônjuges, 37 adultos (81,1% do sexo feminino) foram divididos em dois grupos: 20 cônjuges com boa adesão e 17 mau adaptados de CPAPA incidência de infecção por COVID-19 foi quase 20% superior (65%) no grupo aderente em relação ao grupo não aderente (47%), apesar de sem diferença estatisticamente significativa entre eles (p=0,272). Apesar da intensidade da maioria dos cônjuges ser leve a moderada, a intensidade grave (≥ 6 sintomas) foi mais prevalente no grupo não aderente com 3 casos em comparação com 1 caso no grupo aderente. O único desfecho fatal ocorreu no grupo aderente, que também foi o grupo com maior prevalência de comorbidades. Conclusões:
Nossos achados sugerem que a adesão ao CPAP não influencia a presença dos desfechos clínicos associados à infecção por COVID-19 em pacientes com SAOS submetidos à terapia com CPAP. Contudo, o IMC foi um preditor significante da necessidade de hospitalização devido à infecção por COVID-19. Embora a infecção por COVID-19 nos cônjuges dos pacientes não tenha sido associada à adesão ao CPAP, nossos achados mostraram maior frequência de infecção por COVID-19 nos cônjuges dos pacientes aderentes à terapia com pressão positiva. Este achado pode sugerir que a aerossolização causada pelo uso do CPAP seria menos prejudicial se realizada em outro quarto