Os determinantes do uso da bicicleta como forma de deslocamento na cidade de São Paulo
Determining factors of bicycling as a transportation mode in the city of São Paulo

Publication year: 2024
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Faculdade de Saúde Pública to obtain the academic title of Doutor. Leader: Florindo, Alex Antonio

O objetivo desta tese foi apresentar prospectivamente o uso da bicicleta para deslocamento e a relação com fatores intrapessoais e do ambiente social e construído nos participantes do estudo Inquérito de Saúde (ISA), Atividade Física (AF) e Ambiente.

Três artigos foram propostos:

o primeiro deles verificou fatores individuais associados com pedalar no deslocamento na segunda onda; o segundo artigo buscou compreender o ambiente ao qual os participantes estavam expostos por meio do levantamento de clusters do ambiente construído à luz de ciclovias, walkability, estações, relevo, cruzamentos de vias e o uso da bicicleta; o terceiro artigo descreveu furtos e roubos de bicicletas no entorno dos domicílios dos participantes entre 2015 e 2019, e verificou se houve relação longitudinal com o uso de bicicleta, com percepção de segurança, contexto demográfico, socioeconômico, acesso a ciclovias e transporte público. No estudo longitudinal ISA, AF e Ambiente foram entrevistados moradores da cidade de São Paulo entre 2015 (linha de base 4.042 moradores com ≥ 12 anos) e 2020 (segunda onda 1.434 moradores adultos). O uso da bicicleta para deslocamento foi o desfecho, mensurado pelo Questionário Internacional de Atividade Física. Fatores do ambiente foram obtidos por meio de bases de dados secundários do município de São Paulo. A unidade de área para as análises foram buffers com centroides fixados nos endereços domiciliares. De 1.431 participantes, a maioria (91,0%) não usou a bicicleta para se deslocar em nenhum momento do estudo. Apenas 1,4% usaram a bicicleta para se deslocar em ambas as ondas do estudo. A proporção de participantes que pedalou somente na segunda onda foi 3,3%, e de participantes que pedalou somente na linha de base foi 4,4%. No artigo 1, o uso de bicicleta na segunda onda foi associado ao sexo masculino, ter 30-39 anos, aqueles que na linha de base possuíam bicicleta, se envolveram em ≥ 120 min/semana de caminhada de deslocamento ou AF de lazer. No segundo artigo, três clusters foram identificados. Os atributos do cluster 1 ficaram abaixo da média da amostra demonstrando pior ambiente construído para pedalar e esse cluster associou com pior índice de contexto socioeconômico e maior densidade populacional. O cluster 2 foi caracterizado por maior extensão de novas ciclovias e ciclofaixas ao longo do tempo, maior caminhabilidade e relevo mais plano. O cluster 3, exclusivamente, englobou os participantes que pedalavam para o deslocamento e destacou-se pelo atributo 'número de estações de metrô/trem e de ônibus', que foi o maior entre os clusters. No artigo 3, os furtos e roubos de bicicletas entre 2016 e 2019 aumentaram igualmente para participantes que usaram e não usaram a bicicleta para deslocar na segunda onda. Houve mais ocorrências de furtos/roubos de bicicletas no melhor quartil do contexto socioeconômico, onde havia mais estações/terminais de transporte público e nos locais com maior extensão de ciclovias/ciclofaixas. Esse foi um dos primeiros estudos longitudinais em país de média renda, que incluiu dados objetivos do ambiente construído e violência patrimonial. O uso da bicicleta no deslocamento foi influenciado por fatores sociodemográficos, do ambiente e segurança pública.
The objective of this thesis was to prospectively present the use of bicycles for commuting and its relationship with intrapersonal factors and the social and built environment among participants in the Health Survey (ISA), Physical Activity (PA) and Environment study.

Three articles were presented:

the first one investigated individual factors associated with cycling for commuting in the second wave; the second article sought to understand the environment to which participants were exposed by surveying clusters of the built environment in light of cycle paths, walkability, stations, terrain, road intersections and bicycle use; the third article described bicycle thefts and robberies in the vicinity of the participants' homes between 2015 and 2019 and verified whether there was a longitudinal relationship with the use of bicycles for commuting, perception of safety, demographic and socioeconomic context, access to cycle paths and public transportation. In the longitudinal study ISA, AF and Environment, residents of the city of São Paulo were interviewed between 2015 (baseline 4,042 residents aged ≥ 12 years) and 2020 (second wave 1,434 adult residents). Bicycle use for commuting was the outcome measured by the International Physical Activity Questionnaire. Environmental factors were obtained through secondary databases from the city of São Paulo. The areal unit was buffers with centroids fixed at home addresses. Of the 1,431 participants, the majority (91.0%) did not use a bicycle for commuting at any point during the study. Only 1.4% used a bicycle for commuting in both waves of the study. The proportion of participants who cycled only in the second wave was 3.3%, and of participants who cycled only at baseline was 4.4%. In article 1, bicycle use in the second wave was associated with males, age group 30-39, those who owned a bicycle at baseline, and engaged in ≥ 120 min/week of commuting walking or leisure-time PA. In the second article, three clusters were identified. The attributes of cluster 1 were below the sample average demonstrating a worse built environment for cycling, and this cluster was associated with a worse socioeconomic context index and higher population density. Cluster 2 was a profile characterized by a greater volume of implementation of cycle paths and cycle lanes over time, also greater walkability, and flatter terrain. Cluster 3, exclusively, included participants who used bicycles for commuting and stood out for the attribute 'number of subway/train stations and bus terminals', which was the highest among the clusters. In article 3, bicycle thefts and robberies between 2016 and 2019 increased equally for participants who used and did not use bicycles for commuting in the second wave. There were more occurrences of bicycle thefts/robberies in the best quartile of the socioeconomic context, where there were more public transport stations/terminals and in places with greater extension of cycle paths/cycle lanes. This was one of the first longitudinal studies in a middle-income country to include objective data on the built environment and property-related violence. The use of bicycles for commuting was influenced by sociodemographic, environmental and public safety factors.

More related

No related documents