Estratificação de risco na prevenção primária de morte súbita na cardiomiopatia hipertrófica: desenvolvimento de um escore prognóstico
Risk stratification of sudden death in hypertrophic cardiomyopathy: development of a prognostic score

Publication year: 2018
Theses and dissertations in Inglés presented to the Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Faculdade de Ciências Médicas to obtain the academic title of Doutor. Leader: Rocha, Ricardo Mourilhe

A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é uma doença genética, caracterizada por hipertrofia ventricular na ausência de condições que levem a sobrecarga sobre o coração. É a principal causa de morte súbita (MS) em adultos jovens, com incidência anual = 1%. Entre os marcadores de risco (MR) destacam-se a história familiar de MS; hipertrofia ventricular esquerda (HVE) grave; síncope inexplicada; taquicardia ventricular não sustentada (TVNS) ao Holter; resposta pressórica anormal no teste ergométrico; e gradiente obstrutivo intraventricular. Os MR sugerem a necessidade de cardiodesfibrilador implantável para prevenir MS, entretanto, permanecem controvérsias sobre como fazer esta estratificação. Entre as ferramentas estudadas recentemente para aperfeiçoar esta avaliação, temos a pesquisa de fibrose miocárdica pela ressonância magnética cardíaca como a que mais chama atenção. Estudos sugerem sua correlação com MS, mas isto não é um consenso.

O objetivo do presente estudo foi:

(1)Desenvolver um novo escore prognóstico a partir de meta-análises da literatura, adicionando a pesquisa de fibrose miocárdica aos MR clássicos (2) atualizar o papel dos MR de MS na CMH. Foi realizada revisão sistemática de estudos observacionais com CMH através da busca em 3 bases de dados (Medline, Lilacs e SciELO) no período entre 1980 e 2016, abordando desfechos arrítmicos graves e os seguintes MR: história familiar de MS, HVE grave, síncope inexplicada, TVNS, resposta pressórica anormal ao esforço, presença de gradiente obstrutivo e fibrose miocárdica. Para cada marcador, realizou-se meta-análise pelo método de DerSimonian e Laird, em caso de heterogeneidade, e método de Mantel-Haenszel, em caso de homogeneidade. Usamos como medida de efeito o risco relativo (RR), e modelos randômicos para análise. Partindo das meta-análises, foi derivado o escore prognóstico baseado em estratégia de pontos. Vinte e um estudos foram selecionados (14901 pacientes, 45±16 anos, 62,8% masculino). As meta-análises revelaram que a fibrose miocárdica foi o marcador de maior risco (RR 3,43, IC95% 1,95-6,03). Outros MR também foram preditores, exceto gradiente obstrutivo: História familiar de MS (RR=1,75, IC95% 1,39-2,20), HVE grave (RR=1,86 , IC95% 1,26-2,74), síncope inexplicada (RR=2,27 , IC95% 1,69-3,07), TVNS (RR=2,79 , IC95% 2,29-3,41) e resposta pressórica anormal ao esforço (RR=1,53, IC95% 1,12-2,08). Multiplicando-se o RR pela relevância de publicação e adotando processos de arredondamento chegamos ao peso de cada marcador cujo somatório totalizou 11 pontos (história familiar de MS=2; HVE grave=2; síncope =2; TVNS=3; resposta pressórica anormal =1 e fibrose miocárdica=1) Como proposta de estratificação a ser validada, sugerimos a divisão dos pacientes em baixo (0-2 pontos), médio (3-4 pontos) e alto risco (>5 pontos). Concluindo, foi derivado um escore prognóstico de MS na CMH utilizando fibrose miocárdica. Confirmamos a associação entre fibrose miocárdica e desfechos arrítmicos graves na CMH, juntamente com outros MR. Enfatizamos a necessidade de validação do modelo para futura aplicabilidade clínica
Hypertrophic cardiomyopathy (HCM) is a genetic disease characterized by ventricular hypertrophy in the absence of conditions that lead to heart overload. It is the main cause of sudden death (SD) in young adults, with annual incidence = 1%. Among the risk markers (RM) is highlighted the presence of a family history of SD; severe left ventricular hypertrophy (LVH); unexplained syncope; non-sustained ventricular tachycardia (NSVT); abnormal blood pressure response to exercise (ABPRE) and left ventricular outflow tract obstruction (LVOTO). The RM can define the need for implantable cardioverter defibrillator to prevent SD, however, there is still controversy about how to make this risk stratification. Among the tools recently studied in order to improve this evaluation, the presence of myocardial fibrosis by cardiac magnetic resonance is the one that most call attention. Some studies suggest its correlation with SD, but it is not a consensus.

The objectives of the present study were:

(1) To develop a new prognostic score based on meta-analyzes of the literature, adding myocardial fibrosis to classic RM (2) update the role of RM in HCM. A systematic review of observational studies was performed. We search in 3 databases (Medline, Lilacs and SciELO) for HCM studies addressing severe arrhythmic outcomes and the following RM: family history of SD, severe LVH, unexplained syncope, NSVT, ABPRE, LVOTO and myocardial fibrosis. For each marker, meta-analysis was performed by DerSimonian and Laird method, in case of heterogeneity, and Mantel-Haenszel method, in case of homogeneity. We use relative risk (RR) as a measure of effect, and random models for analysis. From the meta-analysis of each marker, the prognostic score was derived based on scoring system. Twenty-one studies were selected (14901 patients, 45 ± 16 years, 62.8% male). The meta-analysis showed that the myocardial fibrosis is a major risk marker (RR 3.43, 95% CI 1.95-6.03).

Other RM were also predictors LVOTO:

Family history of MS (RR = 1.75, 95% CI 1.39-2.20), severe LVH (RR = 1.86, 95% CI 1.26-2.74 ), unexplained syncope (RR = 2.27, 95% CI 1.69-3.07), NSVT (RR = 2.79, 95% CI 2.29-3.41) and ABPRE (RR = 1 , 53, 95% CI 1.12-2.08). We reached the power for each marker by multiplying the RR by the publication relevance and adopting rounding processes. The sum was 11 points (family history of SD = 2, severe HVE = 2, unexplained syncope = 2, NSVT = 3, ABPRE = 1 and myocardial fibrosis = 1). As an strategy for stratification, we have suggested that patients may be divided into low risk (0-2 points), medium risk (3-4 points) and high risk (> 5 points). In conclusion, The prognostic score of SD in HCM using myocardial fibrosis was derived. We confirmed the association between myocardial fibrosis and severe arrhythmic outcomes in HCM. We emphasize the need for validation of the model for future clinical applicability

More related