Necessidades e percepção dos idosos diante da pandemia da Covid-19
Needs and Perception of Elderly People in the Face of COVID-19 pandemic

Publication year: 2023
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de São Paulo. Escola de Enfermagem to obtain the academic title of Mestre. Leader: Ciosak, Suely Itsuko

Introdução:

os idosos representam a parte da população mundial mais afetada e prejudicada pela pandemia da COVID-19. Também são eles que, em maior número, foram a óbito pela doença, o que exigiu uma atenção especial quanto à condição de vida e aos cuidados de saúde. Este panorama levou-nos ao seguinte objetivo: verificar quais as necessidades e sentimentos percebidos pelos idosos diante da pandemia da COVID-19.

Metodologia:

foi realizado um estudo transversal, descritivo, quantitativo e qualitativo com idosos que frequentavam a Paróquia de Santo Inácio de Loyola e São Paulo Apóstolo, na Vila Mariana, na cidade de São Paulo.

Foram critérios de inclusão:

ter 60 anos e mais, sem distinção de raça/cor, sexo, escolaridade e classe social. Foi utilizado um instrumento específico elaborado para esta pesquisa, cuja coleta ocorreu através de entrevista, com agendamento prévio. Algumas entrevistas foram realizadas por telefone e videochamada para atender as recomendações de restrições da pandemia e de isolamento social. Atendendo à Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde, o projeto foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem da Universidade de São Paulo (Parecer CAE No.5 0353921.0.0000.5392) e depois disso foi solicitada autorização do responsável pela paróquia. Todos os participantes leram e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados coletados foram armazenados no programa Excel e, depois, apresentados em forma de tabelas com dados de frequência absoluta e relativa para análise. As respostas qualitativas foram analisadas sob a ótica da Teoria das Necessidades Humanas de Maslow.

Resultados:

51 idosos foram entrevistados, com idade média de 72,1 anos, que variou de 60 a 96 anos, sendo 70,6% deles do sexo feminino. Quanto à escolaridade, 64,7% dos idosos possuíam nível superior e a maioria, 72,5% possuía convênio de saúde, sendo que 33,3% não apresentaram nenhuma comorbidade, sendo que das 66,7% relatadas foram mais presentes nas mulheres. Tiveram COVID-19 43,1% dos idosos, ocorrendo em 86,7% dos homens. Quanto aos sentimentos percebidos, o medo foi presente em 49,0% dos idosos, a ansiedade em 45,1%, mais frequente nas mulheres, e a solidão apenas por 19,6% dos participantes. Para as atividades do cotidiano, esta população se mostrou autossuficiente, com apenas 33,3% das mulheres relatando dificuldade para pedir ajuda. Apesar do fechamento das igrejas, 88,3% idosos não se sentiram longe de Deus, pois acessavam as atividades religiosas de forma remota; porém, a falta da missa presencial foi relatada por 84,3% idosos. O hábito alimentar foi mantido em 64,7%, assim como o abastecimento da casa, 66,7%. Mas isso não ocorreu para as atividades físicas de 54,9% dos entrevistados, assim como para a rotina de cuidados pessoais por 84,3%. A depressão esteve presente em 17,6% dos idosos. Os que buscaram por profissional da saúde corresponderam a 21,6% e destes, apenas 9,8%, a maioria mulheres, precisou de medicação. O cenário de pandemia trouxe um impacto que afetou diretamente a qualidade de vida da população idosa. Pela ótica da Teoria das Necessidades Humanas de Maslow, as necessidades sociais foram as mais afetadas, sendo provavelmente o distanciamento social um dos vilões responsáveis pelo aumento de casos de alteração da saúde mental na população em geral; porém, quanto a este aspecto, os idosos, destoando do observado e divulgado, foram pouco afetados. A maioria não teve quadro de depressão nem fez uso de 11 medicamento para tal, apresentando boa capacidade de enfrentamento e resiliência, fatores estes que podem estar relacionados à presença da religiosidade, aspectos importantes a serem observados pela enfermagem no cuidado do idoso.

Introduction:

The elderly represents the part of world´s population most affected and harmed by the COVID-19 pandemic. They´re also the ones who outnumbered progressed to death by the illness, which required a special attention as to living conditions and healthcare.

This overview has led us to que following objective:

verify the needs and feelings perceived by elderly in the face of COVID-19 pandemics.

Methodology:

a cross-sectional, descriptive, quantitative and qualitative study was conducted with elderly people who frequented Paróquia de Santo Inácio de Loyola e São Paulo Apóstolo, in Vila Mariana neighborhood, in the city of São Paulo.

Inclusion criteria were:

men and women aged 60 years and over, irrespective of race/colour, schooling and social class. It was used a specific instrument prepared for this research, for data collection, which was obtained from interviews, with prior scheduling. Some interviews were conducted by phone and by video call, in compliance with restrictions and recommendations by autorithies regarding pandemics and social isolations. Given the Resolution 466/12 from the National Health Council, the project was submitted and approved by the Research Ethics Comittee of Nursery School of São Paulo University (Opinion CAE n.5 0353921.0.0000.5392) and after that it was requested an authorization of the person in charge of the parish. All participants have read and signed the Consent Term Free and Clarified. The colected data were stored in Excel program and after that presented in the form of tables with data of absolute and relative frequency for analysis. The qualitatives reponses were analysed from the perspective of Human Needs Theory of Maslow.

Results:

51 elderly people were interviewed, with medium age of 72,1 years old, varying from 60 to 96 years old, being 70,6% female. As for education, 64,7% of elderly people had completed higher education, whereas most of them, 72,5%, had a health assurance, whereas 33,3% did not present any comorbidity, since 66,7% of reported cases were more present in women. COVID-19 was registered in 43,1% of elderly people, occurring at 86,7% in men. As for feelings reported, the fear was presented in 49,0% of elderly people, anxiety was presented in 45,1%, most frequent in women, and lonelyness was reported in less than 19,1% of participants. Regarding the daily activities, this population turned out to be selfsufficient, with only 33,3% of women reporting difficulty in asking for help. In spite of the closure of churchs, 88,3% of the elderly people did not feel far from God, because they accessed religious activities remotely, but the lack of in-person mass was reported by 84,3% of elderly people. Depression was present in 17,6% of elderly people. The ones who looked for a health professional accounted for 21,6%, and, among these ones, only 9,8% of them, most of them women, needed to take medication. The pandemic scenario brought an impact that directedly affected the quality of life of elderly population. From the perspective of Maslow`s Theory of Human Needs, social needs were the most affected, with social distancing probably being one of the villains responsible for the increase in cases of mental health alteration in the general population, but these elderly people, contrary to what was observed and published, were little affected. The most part of them neither had a picture of depression nor did use of medication for it, presenting good coping skills and resilience, factors which may 13 be related with the presence of religiosity, important aspects to be noticed by nursing in the elderly care.

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