Com o objetivo de elucidar a epidemiologia da leishmaniose tegumentar na regiäo do Vale do Ribeira, várias investigaçöes foram realizadas sobre a transmissäo, enfatizando-se o papel vetorial desenvolvido pelos flebotomíneos. Para isso, a análise envolveu duas fases distintas, uma referente a composiçäo da fauna local e sua diversidade nas áreas estudadas, outra sobre observaçöes do comportamento desses insetos, levando-se em conta a antropofilia, endofilia, dominância espacial, dispersäo e variaçäo estacional. Do ponto de vista epidemiológico foi possível a incriminaçäo de Psychodopygus intermedius como espécie vetora principal em ambiente extraflorestal, enquanto que Lutzomyia migonei e P. fischeri foram consideradas secundárias. A ausência de flebotomíneo que pudesse assumir a condiçäo de vetor para o homem em ambiente florestal preservado, ao lado da detecçäo de atividade enzoótica da Leishmania braziliensis braziliensis corroboram com a assertiva de que na atualidade o homem adquire a infecçäo fora das matas. Por outro lado, a taxa de 22,5% de crianças com idade de 0 - 10 anos notificadas como portadoras clínicas da parasitose, a estreita relaçäo da dominância de P. intermedius sucedida paralelamente com a alteraçäo do ambiente pelo homem e o aparecimento da endemia várias décadas após a colonizaçäo da regiäo, säo fatores epidemiológicos que indicam a comprovaçäo do caráter näo ocupacional da doença. Isto significa que a transmissäo deva estar ocorrendo ao nível do ambiente domiciliar