Análise do sentido ideológico da política de controle da natalidade no período 70 a 80, no Brasil, através dos campos ideológicos: religioso, médico-científico e estatal, na tentativa de identificar um sentido manifesto e latente desta ideologia política. Com base em decodificaçäo de textos sobre a posiçäo ideológica desses três campos, identificam-se os principais elementos dessa política - a educaçäo para a "paternidade responsável" e a distribuiçäo de meios anticonceptivos entre as faixas mais pauperizadas das classes trabalhadoras. Os resultados obtidos da análise feita permitem identificar um sentido mítico nesta formulaçäo política que apela a um pai simbólico, investido de autoridade, dissimulando a intençäo de executar uma açäo social sobre a mäe, vez que a utilizaçäo dos métodos contraceptivos nessas políticas näo se efetivam sem o uso social do corpo da mulher. Comclui-se que a utilizaçäo do planejamento familiar em forma especial de programa de governo parece indicar näo só uma tentativa de acelerar a tendência declinante da fecundidade no Brasil, mas também um instrumento ideológico e de controle social