Foram analisadas amostras de fragmentos de fígado, conteúdo ruminal, fezes e soro sangüíneo provenientes de 68 casos de bovinos com diagnóstico clínico de botulismo. O objetivo foi a confirmaçäo laboratorial de botulismo, face ao número crescente de casos clínicos suspeitos em nosso meio. Os materiais eram oriundos de bovinos dos Estados de Säo Paulo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Goiás, Minas Gerais, Pará e Bahia e foram coletados através de necrópsia realizada por veterinários de campo e enviados à Seçäo de Bacteriologia Animal do Instituto Biológico de Säo Paulo da Secretaria da Agricultura e Abastecimento. Foi realizada a extraçäo de toxina botulínica e sua classificaçäo sorológica, bem como o isolamento e identificaçäo de bactérias do gênero Clostridium. A toxina botulínica foi detectada em apenas 2 (2,9%) dos casos, sendo 1 (1,5%) no fígado e classificada no tipo C e em outro (1,5%) no soro sangüíneo e conteúdo ruminal, mas näo pertencente aos tipos C e D. Nesses 2 casos näo foram isoladas cepas de Cl. botulinum. Pelo exame bacteriológico, 30 (44,1%) dos casos estudados foram positivos para o isolamento de cepas do gênero Clostridium, dos quais foram isoladas 23 diferentes espécies do gënero. De 19 (63,3%) dos 30 casos positivos foram obtidas cepas de Clostridium, isoladamente ou em associaçäo, identificadas como espécies classicamente consideradas como agentes patogênicos para bovinos, incluindo o isolamento de Cl. botulinum, embora de apenas um caso. Tais fatos demonstram a necessidade de maiores estudos sobre o assunto que possibilitem posiçöes mais conclusivas sobre a real situaçäo desta doença