Mortalidade em migrantes: japoneses residentes no Município de Säo Paulo
Publication year: 1988
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de Säo Paulo. Faculdade de Saúde Pública. Departamento de Epidemiologia to obtain the academic title of Professor Livre Docente. Leader:
O objetivo deste trabalho é apresentar o padräo de mortalidade dos imigrantes japoneses (isseis) e de seus descendentes (nisseis/sanseis), residentes no Município de Säo Paulo, em 1979/1981, e compará-los com os relativos ao da populaçäo do Japäo, local de origem, e ao da populaçäo do Município de Säo Paulo, local de destino destes migrantes, em 1980. Os dados de mortalidade foram obtidos diretamente das declaraçöes de óbito, no caso dos isseis e nisseis/sanseis; para os óbitos do Município de Säo Paulo, foram consultadas fichas microfilmadas pertencentes à Fundaçäo Sistema Estadual de Análises Estatísticas e as informaçöes do Japäo foram retiradas de publicaçöes oficiais. As estimativas de populaçäo foram calculadas baseando-se nas informaçöes dos Censos Gerais do Japäo e do Município de Säo Paulo. Os cinco principais grupos de causas básicas de morte, de acordo com os Capítulos da Classificaçäo Internacional de Doenças, foram basicamente semelhantes para estas populaçöes. Os coeficientes padronizados de mortalidade apresentaram os maiores valores em Säo Paulo, sendo a única exceçäo o risco de morrer por Neoplasmas, que foi maior para a populaçäo do Japäo. Os isseis (em ambos os sexos) apresentaram coeficientes com valores intermediários para as Doenças das Glândulas Endócrinas e do Metabolismo e para as Doenças do Aparelho Respiratório; para as mulheres isseis, o risco de morrer por Doenças do Aparelho Circulatório também apresentou valor intermediário. Para os demais grupos de causa, os isseis apresentaram os menores riscos de morrer. Os coeficientes de mortalidade segundo algumas causas específicas (Câncer do Estômago, Mama, Próstata, Diabetes Mellitus, Doenças Isquêmicas do Coraçäo, Doenças Cerebrovasculares, Homicídios e Suicídios) permitiram concluir que os migrantes isseis estäo paulatinamente afastando-se do padräo de mortalidade do Japäo e tendendo a assemelhar-se ao padräo existente em Säo Paulo, para alguns agravos à saúde. Com isso, surgem hipóteses no sentido de que estejam, possivelmente, ocorrendo mudanças sócio-culturais entre os migrantes e haja predominância de atuaçäo de fatores de risco ambientais (incluindo dieta) relativamente aos fatores genéticos, na incidência e na mortalidade destes agravos à saúde.