Este estudo foi idealizado com o objetivo de contribuir para o conhecimento de participaçäo e a forma de articulaçäo dos fenômenos sociais na disseminaçäo, no Brasil e mais especificamente na Bahia, da esquistossomose mansônica, endemia que tem sua ocorrência dependente de fatores ecológicos específicos. Teve como ponto de partida a busca de explicaçöes para as diferentes taxas de prevalência encontradas, na atualidade, nas diferentes regiöes, estados ou municípios. Partindo do estudo das várias abordagens concernentes a questäo da casualidade em geral e na epidemiologia, näo foi possível a construçäo de um quadro referencial que possibilitasse o desenvolvimento do estudo proposto. Após assimilar-se, ao conjunto de idéias já desenvolvidas, o conceito de espaço, tal como construído por geógrafos contenporâneos, é que iremos dispor dos elementos conceituais necessários. Na análise dos processos de organizaçäo dos espaços é destacada a importância de cada um desses espaços, em diferentes momentos da sua história, enquanto polo de desenvolvimento capaz de atrair com maior ou menor intensidade força de trabalho. Demonstrando-se as nossas hipóteses, observa-se que esses deslocamentos humanos säo os que mais contribuem para o quadro irregular de distribuiçäo da endemia no Brasil, bem como antecede ao aparecimento de cada novo foco. Demonstra-se que, em sua essência, esta conclusäo é aplicável ao quadro de distribuiçäo da endemia na Regiäo da Bacia do Paranaguçú (Bahia). Nessa regiäo, apesar da existência, em toda a sua extensäo, das condiçöes ecológicas potenciais para a ocorrência da transmissäo, essas, só indiretamente explicam a distribuiçäo apresentada, pois as coleçöes hídricas têm importante papel na conformaçäo historicamente assumida pela populaçäo no espaço. Por fim separam-se dois momentos na dinâmica de circulaçäo dos agentes patógenos, inclusive o Schistosoma mansoni: a circulaçäo focal, responsável pela reproduçäo do agente e a circulaçäo ampliada, responsável pela disseminaçäo...