Motivada pelo desejo de compreender em profundidade a quem as famílias residentes em uma localdiade recorrem em busca de suporte e que tipo de suporte recebem, a autora realizou uma pesquisa exploratória sobre o assunto. Foi utilizada a etnografia, método de pesquisa qualitativo destinado a apreender o significado de um fenômeno do ponto de vista dos sujeitos envolvidos e, como técnica de pesquisa, observaçäo participante. A pesquisadora, residindo seis meses continuados em uma vila, e por doze meses esporadicamente retornando para validaçäo dos resultados, coletou dados de treze famílias moradoras do local, que foram os informantes da pesquisa. Os dados brutos foram organizados em situaçöes nas quais outras pessoas tivessem, de alguma forma, tomado parte. Destas situaçöes, emergiram os temas, palavras que se repetiam freqüentemente e que indicaram o tipo de suporte dado e recebido, e os tipos de relaçöes existentes, o que constitui a rede e o suporte social. Em relaçäo ao suporte social, observou-se uma indefiniçäo de limites entre a família e outras relaçöes que poderiam ser designadas como rede social, levando a ser questionado se, para esta populaçäo, o suporte social näo é fornecido pela própria família. Outras características foram encontradas, como a importância do afeto, e as relaçöes especiais com vizinhos, compadres e colegas.

Foram identificados dois tipos de suporte:

o arrepartir e o valer. O primeiro refere-se a açäo de compartilhar algo, principalmente bens materiais e serviços, incluindo os relacionados com a saúde. O arrepartir é açäo que se desenvolve entre pessoas ligadas por laços afetivos, e é recíproco. O valer refere-se a açäo de prestar uma ajuda de grande importância para quem a recebe. Refere-se ao suporte em situaçöes de emergência ou necessidade extrema, geralmente de transporte, dinheiro ou alimentos...