O trabalho psicoterápico psicanalitico visa tornar o inconsciente consciente, buscar a verdade do sujeito, e também favorecer a evoluçäo daqueles aspectos da vida psíquica que nunca antes puderam manifestar-se ou se simbolizados. Este trabalho postula a existência de dois movimentos no processo psicoterápico. O primeiro proporcionado pelo trabalho, a cada sessäo, com as angústias, defesas, transferência. As transformaçöes e insights conseguidos somam-se durante longos períodos de trabalho. Chamamos esse movimento de "períodos mutativos". O segundo, quando certa confiança já foi estabelecida no processo, e o paciente busca expor nesta nova relaçäo uma necessidade psíquica que näo pode ser satisfeita ao longo do seu desenvolvimento. Há esperança que o analista exerça funçöes que permitam a satisfaçäo destas necessidades, de modo a favorecer e completar a evoluçäo da personalidade do paciente. Este encontro da necessidade psíquica com a funçäo proporcionada pelo analista produz profunda modificaçäo na maneira como o paciente vê a si e o mundo, também nas suas relaçöes objetivas. Chamamos esse fenômeno de "momentos mutativos", e este é o foco do nosso estudo. Ao longo do trabalho tomamos os conceitos de transferência e contratransferência, regressäo, resistência para mostrar como a maneira como o analista os utiliza pode favorecer ou näo o aparecimento dos momentos mutativos. Parece ser fundamental que o analista leve em conta em seu trabalho a participaçäo do meio ambiente no desenvolvimento psiquico do paciente, a fim de poder discriminar quando sserá necessário interpretar os conflitos com os objetivos internos revividos na situaçäo transferencial e quando será preciso suprir a funçäo que o paciente busca encontrar. No desenvolvimento do trabalho säo apresentados nove casos clínicos com o objetivo de ilustrar os conceitos que estaräo sendo discutidos