Foi objetivo deste trabalho analisar como o sistema de ensino de enfermagem vem trabalhando a humanidade/ humanizaçäo da enfermeira. Para atingí-lo, utilizamos, como informantes, manuais adotados pela disciplina de fundamentos de enfermagem selecionados segundo critérios estabelecidos pela autora e questionário aplicado às docentes dessa disciplina. Na revisäo bibliográfica encontramos três tendências (ético-espiritual intermediária e de reconhecimento) que nortearam a análise de conteúdo dos livros, bem como das respostas das docentes a questionário previamente elaborado com o objetivo de captar a posiçäo delas face ao tema. A análise global dos manuais revelou a manutençäo de postura conservadora, religiosa, autoritária, disciplinadora e estereotipada, envolvendo a enfermeira e sua atividade profissional. Por sua vez, o grupo de docentes que respondeu ao questionário adota, com raras exceçöes, postura täo ou mais rígida e conservadora, em alguns casos, que a dos textos. Verificou-se, nos livros didáticos analisados, que a qualificaçäo exigida para a profissional de enfermagem incorpora as características presentes no estereótipo feminino e no da profisssäo. As docentes, por seu turno, tentam criar um perfil profissional menos esteriotipado, mas emitem, em certos momentos, julgamentos que se igualam aos difundidos ao longo da história da enfermagem. A análise dos manuais e das respostas ao questionário revela, também um discurso pedagógico näo-científico e autoritário, onde o dever ser da enfermeira se apóia em qualidades subjetivas, complexas e questionáveis.