Dinâmica da infecçäo por ancilostomídeos em regiäo semi-árida do nordeste brasileiro

Publication year: 1992
Theses and dissertations in Portugués presented to the Escola Nacional de Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader:

A infecçao ancilostomótica mantém-se com elevada prevalência e ampla distribuiçäo mundial, independente das campanhas realizadas principalmente ao longo da primeira metade deste século. Apesar disto, é evidente o desinteresse pelo financiamento e desenvolvimento de estratégias de controle, refletindo na escassez de pesquisas aplicadas e literatura especializada nos últimos 20 anos. Os achados de larvas e ovos de ancilostomídeos em coprólitos humanos com dataçäo de 7000 anos em associaçäo com a prevalência atual de 19% em populaçöes isoladas na regiäo do semi-árido nordestino (Sudeste do Estado do Piauí), levantou a questäo acerca de quais seriam as estratégias ecológicas para a perpetuaçäo da espécie sob condiçöes ambientais adversas, para entäo propor estratégias viáveis de controle da endemia na regiäo. Com base nos modelos matemáticos desenvolvidos por Anderson & May (1985) para a dinâmica populacional de ancilostomídeo, realizou-se uma série de simulaçoes por computador com o auxílio do programa SOLVER, desenvolvido para resolver equaçoes diferenciais com retardos no tempo. Os resultados apontaram para a populaçao de larvas infectantes como o principal parâmetro favorável à perpetuaçäo da endemia. A estratégia de hipobiose, apesar de sua demonstraçäo como ecologicamente útil e eficaz teria papel secundário. Os resultados obtidos mostraram-se úteis para o estudo da estratégia de perpetuaç o da endemia no semi-árido nos últimos 7000 anos, pois observou-se que o tempo necessário para a populaçäo parasita atingir o equilíbrio é curto em comparaçäo como tempo de permanência das populaçöes humanas na área, dependendo relativamente pouco da estratégia de desenvolvimento e da densidade demográfica da populaçäo hospedeira. O ambiente externo adverso atuando como limitante na sobrevida das larvas parece ser incapaz de impedir a manutençäo e perpetuaçäo da endemia. A capacidade de estabilidade das populaçöes de ancilostomídeos é tanta que a princípio inviabiliza propostas de tratamento com quimioterapia de massa como estratégia de controle, apontando entäo para alternativa do tratamento seletivo dos indivíduos mais infectados, portadores de sintomatologia clínica

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