Alteraçöes psicopatológicas no lúpus eritematoso sistêmico

Publication year: 1992
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade de Säo Paulo. Faculdade de Medicina to obtain the academic title of Doutor. Leader:

Quarenta e três pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico em fase ativa foram estudados por meio de uma abordagem multidisciplinar, prospectivamente, com o objetivo de se caracterizar sua psicopatologia e verificar a relaçäo desta com a atividade da doença e com seu curso clínico. A avaliaçäo psiquiátrica consistiu na aplicaçäo de uma entrevista semi-estruturada e escalas de avaliaçäo para sintomas cognitivos, depressivos e eventos estressantes da vida cotidiana. A avaliaçäo da atividade sistêmica da doença e da atividade da doença no sistema nervoso central baseou-se em avaliaçäo clínica reumatológica, neurológica, oftalmológica, exames séricos, liquóricos e complementares (tomografia computadorizada de crânio e eletroencefalograma). Os pacientes foram agrupados segundo a presença de alteraçöes psicopatológicas maiores (Delirium, Demência, Síndromes Delirantes Alucinatórias, Síndromes Depressivas Psicóticas - 18 pacientes), menores (Síndromes Depressivas Leves - 9 pacientes) e ausência dessas alteraçöes (16 pacientes). Esses três grupos foram comparados entre si em relaçäo às variáveis estudadas e ao seu curso clínico. Concluiu-se que vários tipos de alteraçäo psicopatológica podem ocorrer como manifestaçäo do lúpus no sistema nervoso central, incluindo desde alteraçöes cognitivas subjetivas e sintomas depressivos leves até Delirium, Demência, Síndromes Depressivas Psicóticas, Síndromes Delirantes Alucinatórias e Síndromes Catatoniformes; sintomas depressivos leves e alteraçöes cognitivas subjetivas podem ser prodrômicos, seqüelares ou mesmo representarem uma forma atenuada dessas manifestaçöes. Os Quadros Psicopatológicos Maiores do lúpus estäo, em geral, associados às alteraçöes cognitivas subjetivas, neurológicas, oftalmológicas e, na tomografia computadorizada de crânio, ao aumento do sistema ventricular e às calcificaçöes cerebrais. A pesquisa de autoanticorpos séricos, inclusive do anti-P ribossomal, näo se associou com a presença de manifestaçöes psicopatológicas nesses pacientes. O mesmo ocorreu em relaçäo ao estudo do líquido cefalorraquidiano. O eletroencefalograma foi pouco sensível como índice de atividade da doença no sistema nervoso central, nos pacientes com alteraçöes psicopatológicas. No curso clínico das manifestaçöes psicopatológicas, observou-se que estas alteraçöes podem ocorrer em qualquer momento, na evoluçäo da doença, costumam ser recorrentes e podem deixar seqüelas (principalmente sintomas depressivos e cognitivos leves). Mais de uma síndrome psicopatológica pode ocorrer, num mesmo episódio ou alternadamente. Entre estas, a associaçäo de Quadros Depressivos (sintomas depressivos leves até Depressäo Psicótica) e Quadros Cognitivos (Delirium, Demência e Transtorno Cognitivo Leve) foi a mais freqüente. A presença de sulcos corticais alargados foi um achado frequente, ocorrendo, inclusive, em mais da metade dos pacientes lúpicos sem manifestaçäo psicopatológica prévia ou atual, sugerindo que pode ocorrer atividade subclínica no sistema nervoso central, nesta doença

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