Aspectos ultraestruturais da parede celular do Paracoccidioides brasiliensis, nas fases micelial e leveduriforme
Publication year: 1986
Theses and dissertations in Portugués presented to the Universidade Federal de Goiás. Instituto de Patologia Tropical e Saúde Pública to obtain the academic title of Mestre. Leader:
A parede celular de uma cêpa de Paracoccidioides brasiliensis, recém isolada de paciente portador de paracoccidioidomicose, foi estudada ultraestruturalmente, empregando-se a microscopia eletrônica de transmissäo e de varredura. Na fase micelial, as observaçöes com o microscópio eletrônico de transmissäo demonstram que a parede celular é composta por duas camadas eletronicamente distintas, sendo que a mais externa é de difícil visualizaçäo e composta possivelmente por delgadas fibrilas de beta-1,3-glucana. Esta camada relaciona-se com outra intermediária, de natureza quitinosa que sobrepoe-se à membrana plasmática. As células quando observadas em microscópio de varredura, apresentam a superfície lisa com anelaçöes septais e formando ocasionalmente clamidoconídeos sub-globosos. A parede celular da fase leveduriforme quando observada em microscopia de transmissäo, apresenta-se recoberta externamente por uma camada nitidamente fibrilar que desaparece quando as células såo tratadas por soluçöes alcalinas. Presume-se que estas fibrilas sejam compostas principalmente por um polisacarídeo, a alfa-1,3-glucana, responsável pela virulência do Paracoccidioides brasiliensis. Esta camada é intensamente corada por um corante monocatiônico, a safranina 0, podendo-se observar que as fibrilas superficiais extendem-se à distância da parede celular. A mesma fase quando preparada para microscopia de varredura pelo método do ponto crítico, apresenta-se recoberta por uma rede microfibrilar de textura grosseira, também álcali-solúvel, apresentando constantemente células de formato esférico ou sub-globoso. Uma outra cêpa do fungo, isolada e mantida em cultivo por 13 anos, apresenta uma rede microfibrilar superficial de textura diversa à da cêpa de isolamento recente e também uma tendência a desenvolver formas alongadas de brotamento, sugerindo uma alteraçäo constitucional da camada de alfa-1,3-glucana e possivelmente uma diminuiçäo da virulência sem a perda da antigenicidade. Säo discutidas as funçoes da alfa-1,3-glucana na patogenia da paracoccidioidomicose, especulando-se sobre a funçäo protetora deste polissacarídeo contra a destruiçäo pelas células do sistema imune