Este trabalho buscou, sobretudo, introduzir alguns pontos de reflexäo em relaçäo à prática psicoterapêutica desenvolvida com indivíduos das camadas populares na realidade brasileira e, mais específicamente, baiana. A primeira conclusäo a que se chegou é que, embora a experiência clínica funcione como mediadora de um saber estruturado a partir dos compêndios e a vivência concreta dos indivíduos, ela é malograda por uma terapêutica culturalmente näo sensível e näo instrumentalizada pelo acesso ao universo sócio-cultural do paciente. Como consequência disso, observa-se que säo desconsiderados os sistemas de valores, cosmologias e códigos de interaçäo do contexto desse último, os quais däo aos fenômenos patológicos o significado social de doença. Isso faz com que, na prática clínica, o processo de negociaçäo desempenhe um importante papel na definiçäo do processo terapêutico e mesmo na restituiçäo ao paciente do seu lugar de sujeito na relaçäo terapêutica