Investiga o problema da deficiência, buscando confrontar a condiçäo de ser "deficiente" com a de "ser pessoa portadora de deficiência". Parte de uma caracterizaçäo sócio-demográfica de uma populaçäo de portadores de deficiência física, construída com base nas referências desta mesma populaçäo, utilizando como instrumento para a coleta de dados, um questionário aplicado pelo pesquisador em situaçäo de entrevista. Procura identificar, através destas referências, as dificuldades enfrentadas por esta populaçäo. Da discussäo do conceito de "deficiência" e "deficiente" à discussäo da natureza de suas dificuldades, verifica que as pessoas portadoras de deficiência säo, afinal, näo apenas discriminadas, mas privadas do direito de ser pessoa devido à presença de uma diferença que é negativamente traduzida por deficiência. Dado o significado social de "ser fisicamente diferente" acaba-se reduzindo a pessoa que apresenta uma diferença física, ao seu atributo, nomeando-a "deficiente". Contudo, a pesquisa de aspectos da realidade que vivem as pessoas assim nomeadas, mostra dificuldades de acesso ao serviço de saúde, à escola, a um emprego, a um transporte público e às próprias vias públicas, por inadequaçöes socialmente situadas, que apontam para uma concepçäo de deficiência socialmente construída. Conclui pela necessidade de rever as concepçöes e açöes frente às pessoas portadoras de deficiência, acreditando que as soluçöes de suas dificuldades näo podem ser alcançadas fora do próprio contexto social que ajudou a gerá-las