Eficácia da soroterapia antiescorpiônica em neutralizar antígenos tóxicos circulantes do veneno em pacientes com manifestaçöes sistêmicas secundárias a acidentes pelo escorpiäo tityus serrulatus (Lutz & Mello, 1922)

Publication year: 1994
Theses and dissertations in Portugués presented to the Faculdade de Medicina da UFMG to obtain the academic title of Doutor. Leader:

Nesta tese foram determinadas inicialmente a sensibilidade e a especificidade da técnica imunoenzimática (ELISA) desenvolvida por CHAVEZ-OLORTEGUI et al (1994) para detectar antíngenos circulantes de veneno em pacientes picados por Tityus serrulatus. A média mais dois desvios padräo da média da absorvância do soro de 100 pacientes controles foi utilizada como limite entre teste positivo e teste negativo ("cutoff"). A especificidade do ELISA foi igual a 97,0 por cento. A sensibilidade do método, quando foram incluídos pacientes classificados como casos leves, moderado e graves de escorpionismo, foi de 39,3 por cento e aumentou para 94,7 por cento quando foram considerados apenas os casos moderados e graves. Estes resultados mostram que o ELISA pode ser utilizado para detecçäo de antígenos tóxicos circulantes em pacientes com manifestaçöes sistêmicas de envenenamento escorpiônico mas näo deve ser empregado no estudo de pacientes que apresentam apenas dor no local da picada (casos leves). A seguir foram quantificados o veneno circulante e anticorpos de cavalo anti-veneno escorpiônico antes e 1 h, 6 h, 12 h e 24 h após a soroterapia específica em 19 pacientes com manifestaçöes sistêmicas de envenenamento por Tityus serrulatus. Níveis elevados do veneno foram observados em 18 destes pacientes, o que justifica a utilizaçäo da soroterapia específica. Constatou-se que o soro antiescorpiônico foi eficaz em neutralizar o veneno circulante nos pacientes com manifestaçöes sistêmicas porque ocasionou o aparecimento de títulos elevados de anticorpos de cavalo antiveneno escorpiônico na primeira hora e pelo menos até 24 horas após sua administraçäo e näo se detectou durante este período a presença de veneno circulante. Os pacientes com manifestaçöes sistêmicas (casos moderados e graves) apresentaram níveis plasmáticos mais elevados de veneno do que os casos leves. Estes resultados sugerem que a gravidade do acidente escorpiônico possa estar relacionada às concentraçöes de veneno circulante. Observou-se o desaparecimento de manifestaçöes clínicas como a dor no local da picada, vômitos e sudorese na primeira hora após a soroterapia específica. A impossibilidade ética de comparar de modo duplo-cego pacientes tratados e näo tratados com SAE näo permitiu o estabelecimento de uma relaçäo entre a neutralizaçäo do veneno circulante e a regressäo destas manifestaçöes. Näo ocorreram óbitos entre os 19 pacientes estudados. As manifestaçöes cardiovasculares persistiram por um período de 6 a 72 horas após a soroterapia específica. Desse modo, apesar da eficácia da soroterapia em neutralizar o veneno circulante, constatou-se que os pacientes podem permanecer sintomáticos após o emprego do SAE e necessitarem de transferência para centros dotados de recursos para observaçäo das funçöes vitais e suporte das mesmas com medidas artificiais ou com o emprego de drogas.

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